Uma parceria entre o Governo do Paraná e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) vai garantir R$ 18 milhões para auxiliar a pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no desenvolvimento de um novo imunizante contra a Covid-19. Com o recurso, a universidade poderá dar continuidade aos testes pré-clínicos da vacina, com a estruturação dos laboratórios onde serão feitas as próximas fases do estudo.
O repasse foi acordado nesta segunda-feira (12), em reunião entre o governador Carlos Massa Ratinho Junior; o presidente do TCE, Fabio Camargo; e o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca. O valor é fruto de economias nas despesas do TCE no atual exercício. O órgão vai antecipar a devolução do recurso superavitário ao Tesouro Estadual, o que seria feito no final do ano, para que o Governo do Estado faça o repasse imediato à UFPR. A previsão é que o pagamento já ocorra na semana que vem.
O Governo do Estado já tinha destinado, em abril, R$ 700 mil para apoiar o desenvolvimento da vacina da UFPR. O recurso, da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF), vinculada à Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), ajudou nos estudos pré-clínicos do imunizante, com o pagamento das bolsas e aquisição de insumos.
“Provavelmente, a vacinação contra a Covid-19 será semelhante à da gripe, com o trabalho de imunização feito todos os anos. E a UFPR, uma universidade centenária que é grande parceira do Estado, tem avançado na pesquisa de uma vacina paranaense”, disse o governador. “O Governo do Estado, junto com o Tribunal de Contas e a Universidade Federal, traz novos investimentos para auxiliar essa pesquisa dos professores e cientistas”.
Ratinho Junior também lembrou que o trabalho de fiscalização do TCE atestam a seriedade do Estado no combate à pandemia. “Além de sua função de fiscalização e auditagem, que contribui para dar mais transparência ao Estado no enfrentamento à pandemia, o Tribunal de Contas também mantém essa parceria solidária para combater a pandemia e buscar a solução através das vacinas”, ressaltou.
O presidente do TCE disse que houve um esforço dentro do órgão para reduzir os gastos, o que já tinha permitido um repasse de R$ 20 milhões ao Governo do Estado em abril, para ampliar as ações de enfrentamento à Covid-19. No ano passado, o TCE também chegou a destinar recursos para a área, juntando-se aos repasses feitos pela Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Ministério Público e por outros órgãos e empresas paranaenses.
“Nossa orientação, desde o início da pandemia, é maximizar o uso dos recursos financeiros, para economizar e contingenciar o máximo possível as despesas”, disse Camargo. “Fizemos um compromisso com a vida. Sabemos desse trabalho sério da UFPR e resolvemos utilizar o valor economizado para apoiar a pesquisa da vacina paranaense. É um compromisso que já tem data para acontecer, não precisamos esperar o ano acabar”, afirmou.
IMUNIZANTE – Os pesquisadores da UFPR usaram um polímero bacteriano chamado polidroxibutirato (PHB), que utiliza a proteína spike da Covid-19, responsável por ligar o coronavírus às células humanas e de outros mamíferos. As partículas do PHB são recobertas com a proteína do Sars-CoV-2, induzindo o organismo a uma forte resposta imune. Esse fato já foi demonstrado em camundongos.
A universidade precisa agora dar continuidade à pesquisa, que está na fase pré-clínica, com testes em animais. O valor de R$ 18 milhões vai permitir a criação de uma infraestrutura laboratorial com base nas certificações exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o desenvolvimento do imunizante. “A vacina é promissora e, além de paranaense, vai ter baixo custo e usará insumos nacionais”, afirmou Fonseca.
“Esse recurso vai viabilizar, dentro da universidade, a estipulação de alguns laboratórios que tenham capacidade técnica de desenvolver os imunizantes. É uma etapa fundamental desse processo, que é tão sensível e regrado, e também muito custoso”, explicou o reitor. “A vacina tem potencial para imunizar contra a Covid, que é a grande emergência atual, mas também há a possibilidade de a tecnologia ser usada no combate a outras doenças a médio e longo prazo”, disse.
A tecnologia que está sendo aplicada no desenvolvimento do imunizante, destacou ele, já é estudada há bastante tempo pelo setor de Ciências Biológicas da UFPR. “Isso mostra que o investimento consistente e contínuo em ciência e tecnologia sempre capacita melhor as sociedades enfrentarem emergências sanitárias como a que vivemos agora”, acrescentou.
Para o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, todo investimento em ciência é bem-vindo, porque a pesquisa atual pode contribuir com a erradicação de outras doenças transmissíveis no futuro. “Precisaremos ter mais conhecimento para, quem sabe, também, iniciar a produção de vacinas no Estado com mais força”, disse o secretário.
“Somando todo o conhecimento acumulado pela UFPR, com seus pesquisadores, cientistas e professores, juntamente com os recursos do TCE, podemos dar um pontapé inicial para ter uma vacina paranaense contra a Covid-19, além de fortalecer o sistema de pesquisa do Estado, inclusive com a participação do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar)”, ressaltou.
PRESENÇAS – Participaram da solenidade o vice-governador Darci Piana; a vice-reitora da UFPR, Graciela Bolzon de Muniz; o professor Helton José Alves; e os conselheiros Ivan Bonilha, vice-presidente do TCE; e Fernando Guimarães.
da AEN