Nossa gratidão aos pesquisadores do mundo inteiro que vem passando noites em claro, trabalhando sem parar, na busca pela vacina contra a Covid-19 – enquanto a gente aguarda ansiosamente.
Um deles, da Universidade de Oxford, revelou que chegou a trabalhar 19 horas seguidas para tentar encontrar o imunizante e conter a disseminação do novo coronavírus.
“Trabalhamos praticamente de segunda a domingo, com algumas jornadas em que começamos às 9h e voltamos para casa às quatro da madrugada”, disse ao El País o biólogo espanhol David Pulido (foto abaixo).
A exemplo de tantos outros pesquisadores, David trabalha na Universidade de Oxford em uma possível solução para a pandemia que já matou mais de 639 mil pessoas no mundo, sendo 85 mil só aqui no Brasil.
Ele não vê os pais desde fevereiro, quando tudo começou. “Mergulhamos de cabeça na busca pela vacina”, recorda.
O biólogo, criado em Manresa, na Espanha, é filho de um guarda civil e uma dona de casa que faz trabalhos esporádicos num supermercado.
David pertence à primeira geração da família que chegou à universidade. Ele fez Doutorado em bioquímica pela Universidade Autônoma de Barcelona, pós-doutorado na Imperial College de Londres e, em 2017, ingressou no Instituto Jenner de Oxford.
Esforço concentrado
Ele revela que em fevereiro, quando se dedicava ao desenvolvimento de uma vacina contra a malária, os chefes pediram que ele deixasse tudo de lado e se unisse ao exército de 250 cientistas para produzir uma vacina contra o novo coronavírus.
E eles conseguiram produzir em tempo recorde a promissora vacina experimental contra o vírus mortal, no mesmo dia em que nasceu a filha de David.
Natural de Barcelona, o pesquisador lembra que quando não estava no laboratório, fazia teletrabalho, às vezes com a pequena Gala numa mão e o computador na outra.
E o esforço tem dado frutos. A vacina experimental de Oxford, baseada num vírus atenuado de resfriado comum de chimpanzés, gera defesas nos voluntários – como mostraram os resultados do primeiro ensaio com mais de 1.000 pessoas anunciados na última segunda-feira.
Agora os cientistas têm que demonstrar que a vacina funciona no mundo real.
A Universidade de Oxford iniciou estudos com mais de 20.000 voluntários no Reino Unido, Brasil e África do Sul.
A estratégia é vacinar metade deles e esperar durante meses, para ver os vacinados se infectam menos do que os que não receberam a substância.
David Pulido está otimista. “As respostas imunes geradas após a vacinação são exatamente do tipo que acreditamos que poderia estar associado com a proteção”, afirma.
A produção
A empresa farmacêutica britânica AstraZeneca se comprometeu a fabricar mais de 2 bilhões de doses já a partir deste ano.
A estratégia é primeiro imunizar profissionais da saúde e as populações de risco, incluindo os idosos, mas ainda resta saber se a vacina funcionará entre elas.
“Observamos uma resposta imune inclusive maior nos participantes que receberam duas doses da vacina, o que indica que esta poderia ser uma boa estratégia para a vacinação”, afirma Pulido.
Se forem necessárias duas doses, será preciso duplicar a produção.
Com informações do El País/Só Notícia Boa/Foto: Laboratório da Universidade de Oxford – John Cairns/AP