Terça-feira, 01 de Outubro de 2024

Rangel rebate críticas sobre protocolo com ivermectina: “Fui chamado até de irresponsável”

2020-07-10 às 08:49

Na manhã desta sexta-feira (10), o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel rebateu críticas ao novo protocolo de prevenção à Covid-19 no município. O prefeito autorizou a aquisição e distribuição gratuita do medicamento ivermectina para a população e outras ações.

O prefeito reforça que a medida é baseada na avaliação médica e no monitoramento desses pacientes. “É o médico quem vai receitar o medicamente e só depois da consulta o cidadão poderá receber gratuitamente a ivermectina. Se o médico falou que não faz mal, se ele deu a receita e assinou embaixo, eu como até alho puro”, garante.

Rangel lembra que a ivermectina não tem contraindicação e não causa efeitos colaterais preocupantes. “A ivermectina é um medicamento ministrado normalmente em crianças. As crianças tomam ivermectina porque é um remédio para derrubar lombriga e matar piolho”, conta. 

Embora seja um medicamento considerado seguro, Rangel defende a necessidade de acompanhamento médico. “Não é o prefeito que vai dar o medicamento para todo mundo em saquinhos como aconteceu lá em Itajaí, em Santa Catarina. Isso, na minha opinião, é irresponsabilidade mesmo. Todo medicamento, não importa se é infantil, tem que ter acompanhamento médico”, alerta. 

O prefeito destaca ainda que, de acordo com os estudos científicos, o papel da ivermectina é impedir o agravamento da doença. “Ninguém está falando que o remédio vai matar o vírus. Ninguém está falando que vai curar. Esse medicamento, se administrado de forma correta, já demonstrou que os pacientes não tiveram uma evolução para a UTI em muitos lugares”, detalha.

A possibilidade de usar um medicamento já conhecido para curar outras doenças é prevista no protocolo médico e enfatizada por Rangel. “Muitos médicos, não foi um não, vieram para mim e me falaram que esperança se chama off label. Os médicos, quando eles não sabem como tratar uma doença, eles utilizam um medicamento sem efeitos colaterais para ter efeitos positivos em pacientes que têm outro tipo de doença”, salienta.

Não é a primeira vez que Rangel precisa lidar com críticas

“A pressão é grande. Fui chamado até de irresponsável”, desabafa Rangel. Entretanto, ele garante que não se abala com as críticas. “Eu não ligo para essas coisas. Eu sempre falo que nós [Prefeitura Municipal] somos pró-ativos. Eu não gosto de ficar esperando, aguardando as coisas acontecerem”, frisa.

Ele acredita que foi essa pró-atividade a responsável pelos bons resultados de Ponta Grossa no combate ao coronavírus. “É por isso que a nossa cidade tem bons números, porque nós fomos adiante, fomos abrindo a picada no meio do mato. As críticas que fizeram no começo do nosso trabalho caíram por terra”, ressalta. 

“Eu não sou médico, eu não sou farmacêutico, eu não entendo muito disso, mas a minha equipe entende e a minha equipe é a melhor do Brasil”, diz Rangel. Para o prefeito, isso não se trata de prepotência. “Os nossos índices de resolutividade são os melhores do país. As ações que nós fizemos em Ponta Grossa são as melhores do Brasil, neste momento. Eu não sei como é que vai ser o futuro, mas neste momento eu posso falar que Ponta Grossa tem os melhores números do país”, afirma. 

Prefeito também irá se submeter ao tratamento com ivermectina

“É importante as pessoas entenderem que o que você quer para você, o que você pensa para si mesmo e para a sua família, você também tem que desejar para os outros”, enfatiza. Rangel revela que ele mesmo irá se submeter ao tratamento. “O médico da minha família, que nos acompanha há muitos e muitos anos, me receitou isso. Eu vou tomar ivermectina. Ele receitou para mim e para a minha família, para os meus filhos, para a minha esposa, para os meus pais”, comenta.

“Se eu tenho direito, por que a população não pode ter esse direito também? Eu acho que direito é para todo mundo. Se eu posso ir lá na farmácia, com receita médica, comprar um medicamento e ministrar, toda a população também tem que ter”, afirma. De acordo com o prefeito, a medida irá beneficiar quem não tem essa oportunidade ou não tem como comprar o medicamento. “Se eu tenho esse direito, eu quero esse mesmo direito para toda a cidade”, frisa.

Veja em detalhes como será o novo protocolo de prevenção à Covid-19

O médico Rodrigo Manjabosco, secretário-adjunto da Fundação de Saúde de Ponta Grossa, deu mais detalhes sobre como irá funcionar o novo protocolo de prevenção ao coronavírus no município. Ele classificou a medida como responsável e enfatizou que o medicamento não será distribuído livremente para toda a população. “Na verdade, o município vai adotar o protocolo para a população que possui comorbidades ou que tenha maior risco de vir a sofrer a doença na forma grave”, esclarece.

Ele destaca ainda que a prescrição do medicamento só será realizada com avaliação do médico. “Ou seja, os pacientes que receberão o tratamento serão avaliados pelos nossos profissionais das unidades de saúde. Aquele que o médico achar que tem vantagem usar a medicação e, com isso, assegura um melhor tratamento para o paciente, evitando uma complicação da doença, receberá o tratamento”, detalha.

Rodrigo conta ainda que o paciente deverá assinar um termo de responsabilidade para poder receber a medicação e também será acompanhado posteriormente para monitorar o seu estado de saúde e evitar possíveis complicações. 

As declarações foram dadas durante o ‘Programa Nilson de Oliveira’, transmitido pela Rádio Mundi FM.