há 5 anos
Redação

Reabilitação pós-Covid
O trabalho desempenhado no ambulatório também possibilitará a recuperação de pacientes com sequelas da Covid-19 em um ambiente fora do Hospital, já que até o momento o serviço acontece apenas no âmbito hospitalar, enquanto os pacientes ainda estão internados. De acordo com Juliana Schleder, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Reabilitação, o município não possui um centro de reabilitação para um acompanhamento adequado, o que aumenta o tempo de recuperação dos pacientes. “A doença em si e os efeitos do longo período de internamento acarretam sequelas, que podem acometer todos os órgãos e sistemas, como no cardiorrespiratório, neuromuscular, digestivo e fonatório, além do comprometimento psicossocial”, explica.
Com o objetivo de garantir a manutenção da assistência à saúde de forma gratuita e de qualidade, o HU entrou em contato com a Setor de Ciências Biológicas e da Saúde, do Departamento de Educação Física da UEPG, que disponibilizou, temporariamente, um espaço para que os pacientes da alta hospitalar sejam reabilitados e retornem às atividades de vida diária o mais breve possível. Segundo o coordenador do curso de Licenciatura em Educação Física, Gonçalo Cassins Moreira do Carmo, o espaço garante segurança no atendimento. “O paciente que se recuperou da Covid acabava precisando voltar ao Hospital para reabilitação, o que nesse momento é bastante inseguro”.
O curso de Educação Física desenvolve atividades por meio do Programa de Residência do HU, em parceria com o setor de fisioterapia, na parte da reabilitação motora. “Com a vinda desse espaço de reabilitação, a ideia é poder incluir também os alunos de graduação e os egressos, com a possibilidade de estágio. Associado a isso, abrem as possibilidades de projetos de pesquisa e extensão e trabalho conjunto diversos com cursos”, explica Gonçalo.
Para o coordenador do curso de Bacharelado em Educação Física, Nilo Massaru Okuno, após a alta hospitalar, a independência funcional do indivíduo ainda está debilitada. O paciente pode apresentar dificuldades de ficar em pé, caminhar, manusear objetos de peso um pouco maior, além de precisar usar cadeira de rodas. “O trabalho inicial acontece por meio do fortalecimento neuromuscular, alongamentos e trabalhos de equilíbrio, para depois iniciarmos as atividades que exigem mais da independência funcional, como caminhar em uma esteira ergométrica”, informa.
Nilo ainda explica que o acompanhamento do profissional de Educação Física minimiza o risco para a saúde do paciente, evitando uma prática de exercícios físicos inadequados. “A reabilitação feita pelo profissional de Educação Física diminui o tempo necessário para o retorno às atividades do cotidiano e minimiza o comprometimento cardiorrespiratório agravado pela doença”, completa.
A fisioterapeuta e coordenadora do Programa de Residência em Reabilitação, Thaiza Acosta Rebonato, relembra que o serviço de fisioterapia do HU-UEPG realizava atendimentos em vários ambulatórios antes do início da pandemia, mas com as restrições das medidas de segurança, os atendimentos foram cessados e a reabilitação se voltou aos pacientes internados. “Avaliando o grau de funcionalidade que muitos pacientes apresentavam no momento da alta hospitalar, ficou nítida a necessidade da continuidade dos atendimentos na reabilitação dos pacientes pós-Covid, tanto no quadro respiratório, quanto na função motora, o que juntos comprometem significativamente a qualidade de vida”. Com a infraestrutura disponibilizada no Ambulatório, Thaiza conta que a intenção é retomar as atividades em todos os ambulatórios que já funcionavam antes da pandemia, como pulmonar, cardiovascular, dor crônica, neurologia e ortopedia.
Residentes no atendimento pós-Covid
A equipe multiprofissional do Programa de Residência em Reabilitação do HU-UEPG inicia o trabalho de recuperação de pacientes Covid ainda no ambiente hospitalar. Durante o atendimento, os pacientes passam por uma avaliação e caso se enquadrem nos critérios, a equipe inicia o processo de reabilitação. Para a admissão no tratamento, são levados em conta critérios, como: internamentos prolongados ou que necessitaram de terapia intensiva; quem apresenta comorbidades associadas, como diabetes mellitus, asma e cardiopatas; e quem demonstra alterações significativas nos testes físicos. O protocolo de atendimento tem duração de até 12 semanas, com realização de 2 a 3 sessões semanais.
Rafael Sochodolak, parte da equipe de residência, conta os profissionais da educação física iniciam a sessão com exercícios de aquecimento. Após a primeira etapa, os pacientes fazem exercícios de fortalecimento global para os principais grupos musculares, com duração média de 20 minutos, e exercícios aeróbios de baixa/moderada intensidade de 10 minutos. Ao final, a equipe passa exercícios de alongamento geral, de 5 minutos. “Desse modo, os pacientes terão maior segurança, visto que nosso hospital é referência para casos de Covid-19”, explica.
A fisioterapia também promove a melhora da condição física dos pacientes, com exercícios que são realizados de maneira individual. De acordo com Elaine Becher Santos, residente fisioterapeuta, o principal objetivo do trabalho é restaurar a funcionalidade do paciente. Os exercícios são voltados para atividades diárias, como sentar, ficar em pé e caminhar. “Temos à nossa disposição laser de baixa potência e aparelho de eletroestimulação. Os recursos como luz e corrente elétrica auxiliam durante o processo de reabilitação”, explica.
Além da parte física, a equipe também busca reabilitação na área de fonoaudiologia. Pacientes com disfagia – que é uma alteração no processo de engolir alimentos – passam pela reabilitação com exercícios miofuncionais, vocais e manobras de deglutição. “Ainda não temos dados das sequelas após a alta hospitalar, porém acreditamos que a demanda para atendimento desses pacientes é grande, já que muitos têm sequelas de deglutição, como também na voz e memória”, explica a residente e fonoaudióloga Cintia Conceição Costa. A equipe de fonoaudiologia também reabilita o olfato e paladar dos pacientes, por meio de diferentes recursos terapêuticos.