O clima esquentou na sessão ordinária da Câmara Municipal de Ponta Grossa desta quarta-feira, 26. O motivo seria a retirada do nome do vereador Geraldo Stocco (PSB) como relator da ‘CPI do Transporte Coletivo’.
Segundo Stocco relatou durante a sessão, nesta terça-feira, 25, os vereadores que irão compor a comissão haviam deliberado sobre o assunto e definido Stocco como relator e Leandro Bianco (Republicanos) como presidente. O vereador, que chegou a divulgar seu nome como relator nas redes sociais, contou, inclusive, ter assinado um documento que seria protocolado na Câmara com o nome dele. Porém, sem ter sido comunicado oficialmente, o vereador foi retirado da posição e, na leitura da ata durante a sessão, constou o nome de Léo Farmacêutico (PV), como relator. Além dos três mencionados, também compõe a comissão a vereadora Missionária Adriana (SD) e o vereador Divo (PSD).
O D’Ponta News separou os trechos da sessão.
“Hoje eles protocolaram outra ata sem minha assinatura, me tirando a relatoria. Não foi feita nenhuma convocação sobre essa votação e eu acredito que nós temos que ter o mínimo de respeito neste parlamento“, disse Stocco logo no início da sessão. O presidente Daniel Milla (PSD) confirmou que não havia assinatura do vereador mas que a ata estava dentro da legalidade.
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Durante a comunicação parlamentar, Stocco voltou a falar sobre a situação. “É muito chato nós iniciarmos uma Comissão Parlamentar de Inquérito desse jeito”, disse. “Eu não gosto de pensar que o presidente já foi coagido, foi acuado, pra querer tirar nosso mandato da relatoria“, falou o vereador causando mal estar entre os demais.
“E aí hoje, não sei que conversa vossa excelência teve com alguém, não sei qual foi o pensamento que passou dentro da comissão, mas estou profundamente chateado“, revelou. “Mas fazer assim, sem avisar… todo mundo é adulto, aqui! Daí é falta de respeito e falta de caráter“, reclamou.
Em sua fala, e antes mesmo do início das investigações da CPI, Geraldo Stocco afirmou que há corrupção na empresa. “Pedi a abertura dessa comissão porque eu sei que a Viação é corrupta e se foi por isso, por essa declaração, que vossa excelência tá me tirando da relatoria, continuo afirmando que a Viação é corrupta em Ponta Grossa e vamos provar nessa comissão se vossa excelência, como presidente, quiser trabalhar de verdade”, disse.
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Na sequência a vereadora Josi do Coletivo (PSOL) contestou as planilhas apresentadas pela empresa, a fiscalização do contrato por parte da Prefeitura de Ponta Grossa e criticou o índice de IPK (índice de quilômetro rodado).
Ao final do discurso, a vereadora nominou os integrantes da CPI e “Se ao final dessa CPI que se inicia essas questões não forem respondidas, o que está se preparando aqui é uma grande e suculenta pizza“, disse.
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O presidente da ‘CPI do Transporte Coletivo’, Leandro Bianco (Republicanos), subiu à tribuna para contestar Josi do Coletivo e Geraldo Stocco. “Quero dar só apenas algumas respostas, inclusive pra vereadora que me antecedeu”, iniciou.
“Eu entendo, em partes, a razão da sua revolta. A senhora não faz parte da CPI porque não foi eleita! Simples assim“, disse. “Então não adianta a senhora ficar nervosa, ficar brava, falando de pizza… quer comer pizza? Conheço, inclusive, ótimas pizzarias, posso lhe passar”, respondeu. “Pode ter certeza que o trabalho da CPI será muito bem feito!”, reforçou Bianco.
“E com relação ao vereador Geraldo Stocco, também quero dizer que tanto o presidente quanto a relatoria são escolhidas por voto. E os quatro vereadores (…) me escolheram como presidente e o vereador Léo como relator. O choro é livre, pode chorar, mas pode ter certeza que os trabalhos serão apresentados ao final“, concluiu.
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O presidente do Legislativo, Daniel Milla, interviu e falou sobre os questionamentos da vereadora Josi do Coletivo sobre a CPI. “Quando a senhora fala em terminar em pizza, nós precisamos voltar um pouquinho lá atrás e estudar o que é uma CPI”, disse. “Muitas vezes o vereador é eleito e não sabe, ao menos, o que se faz aqui dentro, não tem ideia de como é um procedimento, de como funciona“.
“CPI vem justamente para investigar fatos que o vereador acha é de forma incorreta. Destas inconsistências, o relatório final ele é apresentado para o município, para que tome providências para corrigir ou sanar esses erros. Nós enviamos ao Tribunal de Contas do Estado para que tome ciência dos erros que nós acreditamos que é (sic) evidenciado, e ao Ministério Público que dentro da possibilidade que abra uma ação civil pública, denuncie e processe o prefeito atual da gestão”, disse, Milla.
“A CPI criada por vossas excelências, que teve minha assinatura, meu apoio, eu acredito que todos os membros, sem distensão de nenhum, irá fazer um bom trabalho. E se dentro deste trabalho não encontrarem inconsistências é porque houve, dentro da administração, uma administração de forma correta”, seguiu. “Se houve inconsistências, devem ser apurados os fatos e denunciados”, afirmou
“Agora, tem que parar dentro desta Casa de Leis a politicagem! De subir numa tribuna e apontar e talvez pré-julgar as pessoas sem ao menos deixar que as pessoas trabalhem! Isso não pode mais acontecer! Muitas vezes a CPI se torna política! Não é por este caminho que esta casa tem que fazer. Nós temos que ser responsáveis, sim! Mas também diante das falas e amadurecer porque uma CPI não é uma brincadeira“, concluiu Milla.
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O vereador Filipe Chociai (PV) também foi à tribuna e criticou Stocco dizendo que ele estaria querendo se promover com a situação. “Aqui não é uma casa política para se fazer demagogia. Vereador Geraldo, me desculpe, mas vossa excelência usa da palavra para sugestionar e dar entender que houve conchavos, que o vereador Leandro foi escolhido, que o vereador Léo foi escolhido por causa daquilo? Um tema sério como esse, é irresponsabilidade querer fazer demagogia para ter ganhos políticos, pensando em eleição, pensando em se promover“, argumentou.
“Nós não podemos fazer esse debate de baixo nível“, criticou Chociai. “Vou fazer um apelo, para que tenhamos respeito. É necessário ter um pouco de paciência, deixar que os vereadores trabalhem, porque todos aqui somos iguais”, disse Chociai.
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Geraldo Stocco rebateu Chociai. “Vereador Filipe, não é demagogia. É respeito! Eu pedi que essa CPI fosse aberta e a CPI foi protocolada sem minha assinatura. Me tiraram da relatoria de madrugada, da noite pro dia, por quê? A mando de quem?“, questionou Stocco.
“Por que o senhor pediu o senhor é obrigado a participar?“, perguntou um vereador que não aparece no vídeo (possivelmente Leandro Bianco). Neste momento Stocco diz “vossa excelência tem que ter vergonha na cara (inaudível)” em direção a outro parlamentar.
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O vereador Julio Kuller (MDB) também subiu à tribuna e defendeu os membros da CPI. “Quero confiar nos novos integrantes”, disse.
Durante o discurso, a vereadora Missonária Adriana (SD) agradeceu ao colega. “Quero agradecer seu voto de confiança, é isso que colegas de trabalho devem fazer“, criticou. “Daremos o nosso melhor porque estamos aqui pela população”, disse.
O vereador Doutor Erick (PSDB) também se posicionou. “Quero parabenizar o vereador Leandro Bianco pela força em assumir esse compromisso. Tenho certeza que vossa excelência sendo um homem sério, inteligente, vai conduzir essa CPI. Então tenha nossa confiança!”, disse.
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Já durante o pequeno expediente, Geraldo Stocco voltou a tratar do assunto e novamente criticou os colegas de CPI sugestionando que há algo errado. “Não é demagogia, como o vereador Filipe falou. Não tiveram o mínimo de decência, de respeito. A CPI perde porque já estão trabalhando na calada da noite, escondido, tomando decisão sem conversar com todos os membros” falou.
“Podem dar risada, podem achar o que quiser. Nós vamos trabalhar nessa comissão, um relatório será feito e muita coisa será trazida à tona”, disse. Seja na imprensa, seja nas redes sociais, as pessoas vão saber o que acontece dentro dessa Casa de Leis”, disse.
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Leandro Bianco voltou a se pronunciar sobre o caso e afirmou que Stocco ‘vive tramando contra outros colegas’. “O vereador que nos ataca ele não tem moral para falar de caráter, para falar de ética. Ele vive atacando e tramando contra os outros vereadores dessa casa. Tivemos varias situação já em que esse vereador foi leviano com muitos colegas de trabalho“, afirmou Bianco.
“Não estaremos usando essa CPI como palanque político. Não vamos fazer um circo, como alguns gostariam de fazer, mas iremos apurar (…) e levar os fatos até o fim”, concluiu Bianco.
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Daniel Milla, presidente da Câmara, falou sobre os processos da CPI.
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O relator vereador Léo Farmacêutico (PV) também se pronunciou sobre os trabalhos da CPI. “Eu prezo muito pela honestidade e pela transparência”, disse.
Filipe Chociai também amenizou a situação com Stocco. “Todos aqui querem mostrar um bom resultado pela cidade. Vereador Geraldo, em nenhum momento fiquei bravo, irritado com vossa excelência. Apenas discordo. Nós temos que ter responsabilidade em fazer afirmações aqui. A afirmação de vossa excelência ao dizer que poderia ter coisa errada, que seria de interesse de alguém não deixar vossa excelência, me desculpe, mas acredito que seja leviano dar a entender esse tipo de coisa“, falou.
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foto: Câmara Municipal