há 4 horas
Redação
O que era para ser um fim de semana de lazer na praia transformou-se em tragédia no litoral do Paraná. Zoe de Souza Fonseca, de somente 1 ano e 4 meses, faleceu na madrugada de domingo (5) em Matinhos, com suspeita de meningite, horas após ser liberada da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. A família da bebê, moradora de Curitiba, denuncia que houve negligência no primeiro atendimento médico na unidade.
Segunda a P97, a mãe, Maria Vitória Gomes de Souza, relatou que levou a filha à UPA por volta das 20h de sábado (4), após a menina apresentar febre alta (40 graus) e vômitos. Segundo a família, a médica plantonista somente prescreveu medicamentos para febre e enjoo, sem solicitar exames mais detalhados. "A médica nem levantou da cadeira. Perguntou os sintomas, aplicou uma injeção em cada perninha e disse ser um vírus, que era para irmos para casa e manter a hidratação", desabafou a mãe.
Durante a madrugada, o estado de saúde de Zoe piorou drasticamente. A febre alta retornou, e a criança começou a apresentar manchas escuras pelo corpo e a delirar. Após tentativas de acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sem sucesso por falta de ambulância disponível, a família levou a criança de volta à UPA por meio de um automóvel de aplicativo. No segundo atendimento, os profissionais de saúde constataram a gravidade da situação: a saturação da bebê estava em torno de 33% e o coração batia muito fraco. Zoe recebeu oxigênio sendo encaminhada ao Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá.
No trajeto e já no hospital, a bebê sofreu duas paradas respiratórias, falecendo apesar das tentativas de reanimação. Médicos do HRL teriam informado à família que o quadro era compatível com meningite e que a criança poderia ter sido entubada ainda na UPA, o que, segundo eles, aumentaria as chances de sobrevivência. "Me disseram que era só um vírus, e eu saí com minha filha morta, enrolada num pano branco", lamentou a mãe.
A Administração Municipal de Matinhos se manifestou por meio de nota assinada pelo médico Diogo de França Souza Camargo, responsável técnico pela UPA. No documento, ele afirma que "todas as condutas foram adotadas conforme os protocolos vigentes de atendimento em urgência e emergência pediátrica".
Segundo o médico, no primeiro atendimento, Zoe foi tratada de forma sintomática e liberada após a estabilização da temperatura, pois apresentava "quadro compatível com condições clínicas leves" e "não havia indícios clínicos de gravidade". O responsável técnico reforçou que a família foi orientada a retornar em caso de piora. No retorno, a criança já apresentava rebaixamento do nível de consciência e lesões cutâneas compatíveis com púrpura, configurando um quadro sugestivo de agravamento infeccioso agudo.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ainda deve se manifestar para confirmar oficialmente a causa do óbito e o posicionamento do Hospital Regional do Litoral sobre o caso. O enterro de Zoe ocorreu na segunda-feira (6), em Curitiba.