Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2024

Ponto de Vista: PT adota como estratégia o apoio a candidaturas de partidos aliados para derrotar bolsonarismo, aponta Arilson Chiorato, presidente estadual do partido

2024-11-02 às 19:40
Foto: Orlando Kissner/Alep

Durante bate-papo exclusivo ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (2), o deputado estadual Arilson Chiorato, presidente do PT Paraná, fez uma análise de qual sinal as urnas deram ao Governo Federal a partir do resultado das Eleições Municipais 2024. No 1º turno, em todo o Brasil, o PT elegeu 248 prefeitos e levou 13 candidatos ao 2º turno, incluindo quatro capitais – Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Porto Alegre (RS). Dos 13 que disputaram o 2º turno, quatro foram eleitos: em Fortaleza, Mauá (SP), Pelotas (RS) e Camaçari (BA).

Chiorato acredita que essa análise deve ser separada de duas formas: uma do PT enquanto partido e outra enquanto governo. “Enquanto governo, o resultado é positivo. O presidente Lula aumentou o número de prefeitos aliados no Brasil. Tivemos uma tática eleitoral, que o governo colocou para nós, do partido, que era importante ampliarmos forças para o ano de 2026. O partido se recolheu em alguns municípios para não lançar candidaturas, apoiar outros candidatos, de outros partidos, visando a eleição em 2026”, diz.

No cenário nacional, no 2º turno, o PT apoiou o candidato do MDB em Belém (PA), Igor Normando, que derrotou o candidato do PL, Delegado Eder Mauro, apoiado por Bolsonaro. Em Belo Horizonte, o PT apoiou o candidato do PSD, Fuad Noman, que derrotou Bruno Engler (PL). Em João Pessoa (PB), apoio o candidato do PP, Cícero Luna, que venceu Marcelo Queiroga (PL). No Recife (PE), apoiou o candidato do PSB, João Campos, reeleito em 1º turno com 78,12% dos votos. Na capital pernambucana, o candidato do PL, Gilson Machado, teve 13,9%.

“Todas foram campanhas vitoriosas, capitais em que ganhamos, o governo ganhou. No mesmo cenário, o partido disputou menos capitais. O partido lançou apenas 13 candidatos em capitais nessa eleição e conseguiu fazer uma. Antes não tínhamos nenhuma, agora, temos a cidade de Fortaleza”, diz. Em Fortaleza, o PT ganhou de virada, pois no 1º turno o candidato Evandro Leitão (PT) tinha ficado com 34,33%, contra 40,2% de André Fernandes (PL). Numa acirrada disputa, Leitão venceu o 2º turno por uma diferença de menos de 11 mil votos e de menos de 1% de diferença: ele teve 716.133 (50,38%), enquanto Fernandes recebeu 705.295 (49,62%). “Tivemos uma tática, uma estratégia política de apoiar partidos de centro e até de centro-direita, para derrotar a extrema-direita e o bolsonarismo. E essa tática deu certo. Ganhamos deles. Em alguns lugares, vamos ter de compartilhar o governo com outras pessoas que, até então, puderam ter sido adversárias políticas nossas no passado”, diz. Na visão de Chiorato, o governo Lula sai fortalecido das eleições municipais de 2024, com mais prefeitos aliados para as eleições gerais de 2026, o que ele considera um processo positivo.

No entanto, enquanto sigla partidária, o presidente estadual da legenda considera que o PT teve um desempenho “bom”. “Não é o que queríamos, mas foi melhor do que as outras vezes”, diz. O número de Prefeituras comandadas pelo PT vinha crescendo vertiginosamente desde 2000, quando eram 189 em todo o Brasil e subiu para 409 já em 2004, primeira eleição municipal após Lula se tornar presidente. Atingiu o ápice com 637 Prefeituras em 2012, até mesmo em redutos eleitorais com forte rejeição ao partido, como é o caso de Irati, que naquele ano elegeu Odilon Burgath, que desbancou Jorge Derbli (então no PSDB), que era líder das pesquisas e era apoiado pelo então governador, Beto Richa. A partir de 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff, o PT perde espaço nas Prefeituras brasileiras e, de 637, cai para 254. Em 2020, com Bolsonaro na Presidência, o PT fica com ainda menos Prefeituras: 182. Em 2024, volta a se recuperar e quase alcança o patamar de 2016, com 252 prefeitos eleitos.

O número de vereadores aumentou para 3,6 mil, 500 a mais do que o partido tinha. “Esse número é positivo, mas poderíamos ter feito mais. Mas por conta desta aliança e de estar numa Federação – foi a primeira eleição que disputamos com federação – tivemos que abrir mão [de candidaturas próprias]. É o caso de Ponta Grossa, onde o PT não lançou candidato próprio, mas apoiou a candidatura de Aliel Machado (PV), com a Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) integrando a coligação.

No Paraná, o PT elegeu um prefeito – Mario Cezar, em São João do Triunfo – e reelegeu dois: Oscar Delgado, em Santa Maria do Oeste e Beto Vizzotti, em Paraíso do Norte. O PT deixou de lançar candidatura própria em Curitiba para apoiar Luciano Ducci (PSB); em Foz, apoiou Airton José (PSB); em Francisco Beltrão, Dra. Rose (PV). “Abrimos mão de candidaturas pensando em 2026”, reitera.

Chiorato atribui essa queda no número de prefeitos do PT, desconsiderando a redução nas candidaturas próprias, também aos “turbilhões” que a sigla enfrentou nos últimos oito anos: “O golpe contra a presidente Dilma, a prisão do presidente Lula e, depois, o bolsonarismo, com o radicalismo sobre o PT. Vimos de um tempo muito tênue, não ia ter uma recuperação de triplicar o número de prefeituras, dobrar o número de prefeituras. Era impossível e sabíamos disso”, admite.

O presidente do PT Paraná avalia que o partido poderia até dobrar de tamanho, mas teria que abrir mão de alianças políticas e ficaria isolado. “Seríamos irresponsáveis e comprometeríamos a eleição de Lula no ano de 2026, a reeleição”, diz.

Nas Câmaras Municipais, o PT elegeu o mesmo número de vereadores de quatro anos atrás: eram 122 e, agora, são 121, com mais dois que aguardam resultados judiciais. Em 2020, foram 239 mil votos para vereadores do PT no Paraná. Em 2024, foram 314 mil votos, 75 mil a mais. “Mas estamos numa Federação. Então, esses 75 mil votos a mais ajudaram outros partidos. Por exemplo, o PV, que é um partido federado, tinha no Paraná 21 vereadores, passou para 32. Esses 75 mil votos a mais nossos puxaram o PV aqui no estado do Paraná, ajudaram o PV a crescer. Também elegemos vereador do PCdoB”, exemplifica.

Para prefeito, em 2020, foram 173 mil votos nos candidatos do PT em todo o Paraná. Agora, foram 210 mil, 37 mil a mais. “Mas, na eleição passada, tínhamos candidato em Curitiba [Paulo Opuszka]; em Ponta Grossa [Professor Edson]; em Foz do Iguaçu [Luiz Henrique Dias da Silva] e nessa eleição não tivemos candidatos em cidades grandes, algumas, mas aumentamos o número de votos para candidatos a prefeito. Infelizmente, nós disputávamos sete reeleições aqui no Paraná e conseguimos fazer três prefeituras, caímos quatro cidades. Perdemos a cidade de Guarapuava por uma lástima de apenas 61 votos”, diz. Em Guarapuava, o candidato do PT, Dr. Antenor, teve 37.119 votos (37,31%) e foi derrotado pelo candidato do PL, Denilson Baitala, com 37.180 votos (37,37%). Uma diferença de apenas 0,06%. “O PT no Paraná não encolheu, mas também não cresceu. Tivemos mais votos, mas não foram suficientes”, analisa.

Eleições 2026

Para o Governo do Paraná, nas eleições em 2026, o presidente do PT estadual aposta em alguns nomes, como Enio Verri, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional; a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT – que, no entanto, ele acredita que tenha disposição maior de concorrer ao Senado. “Temos também outros deputados federais e estaduais com disponibilidade para discutir isso e temos deputados e lideranças de outros partidos”, adianta. “É uma vaga de governador, uma de vice e duas de senador. São quatro posições estratégicas que podemos mesclar com outros partidos, não necessariamente tem que ser todo mundo do PT. Muito pelo contrário, tem que pegar um de cada partido e formar uma boa chapa”, avalia.

Congresso

Para suceder Rodrigo Pacheco (PSD) no Senado e Artur Lira (PP) na Câmara dos Deputados, Chiorato explica que é Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, quem articula os apoios da sigla. O PT já declarou apoio público a Hugo Motta (Republicanos – PB) para a Câmara. “Creio que ele vá ser o presidente do Congresso e isso já significa um melhor alinhamento com o Congresso, com o presidente da Câmara, uma melhor relação com a Câmara. A Câmara foi um grande impedimento de fazermos mais coisas pelo Brasil. Como entramos na eleição com um número menor de deputados que apoiam o presidente Lula, agora, nesse processo da Câmara Federal, do Congresso, esperamos ampliar nosso poder político de aprovarmos as coisas que tanto queremos para o Brasil”, opina.

Confira a entrevista na íntegra

Ponto de Vista 

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.