A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) vem transformando resíduos de alimentos e lodo proveniente do tratamento de esgoto em energia limpa na US Bioenergia, usina instalada em São José dos Pinhais. No local, o biogás gerado nos biodigestores rende atualmente 28 megawatts por hora em energia elétrica — volume suficiente para suprir o consumo diário de aproximadamente 5,6 mil residências.

A usina opera integrada à Estação de Tratamento de Esgoto Belém. Ali, 900 toneladas diárias de lodo e outras 150 toneladas de resíduos alimentares são decompostas em ambiente anaeróbico, liberando o biogás rico em metano. Empresas como Ceasa, Ares do Paraná e Risotolândia destinam seus resíduos orgânicos para o processo.

Com produção diária entre 11 mil e 14 mil Nm³ de biogás, a energia gerada é injetada na rede da Copel, abatendo o consumo de 40 unidades operacionais da própria Sanepar, entre estações de água, esgoto e elevatórias.

A iniciativa é parte de uma estratégia para enfrentar dois dos maiores desafios da companhia: reduzir emissões e custos com energia elétrica, que estão entre os principais gastos do setor de saneamento. Hoje, mais de 200 estações da Sanepar no Estado contam com reatores anaeróbicos, formando um dos maiores parques mundiais de produção de biogás dentro do saneamento.

A empresa foi pioneira na geração de energia a partir do esgoto no Brasil. Em 2009, a estação Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, tornou-se a primeira a integrar o sistema de compensação energética da Aneel. Mais recentemente, a Atuba Sul, em Curitiba, recebeu um sistema de secagem de lodo capaz de processar 5 toneladas por hora, reduzindo significativamente o envio de resíduos para aterros sanitários. Com a tecnologia, cerca de 3.800 toneladas mensais deixarão de ser descartadas dessa forma.

A estratégia de sustentabilidade integra o plano de longo prazo da Sanepar, que prevê investimentos de R$ 11,8 bilhões até 2029 para ampliar o acesso à água tratada, reduzir perdas e expandir a coleta e o tratamento de esgoto no Paraná.

O avanço tecnológico e operacional reflete-se também nos indicadores nacionais. Cinco municípios atendidos pela Sanepar — Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Maringá, Curitiba e Londrina — estão entre os 20 melhores do país no Ranking do Saneamento 2025 do Instituto Trata Brasil. Em contraste, o Estado do Pará, sede da COP-30, apresenta índices críticos: apenas 51,6% da população possui água potável e só 17,3% tem coleta de esgoto.

Curitiba, por sua vez, foi a primeira capital a cumprir as metas do novo marco legal do saneamento, alcançando 100% de abastecimento de água tratada e 99% de tratamento do esgoto. No ranking nacional, ocupa o 18º lugar e está entre as três capitais com melhor desempenho do Brasil.

A Sanepar projeta alcançar o acesso universal à água e ao saneamento até 2030 nas áreas em que atua, alinhada ao seu Plano Estratégico de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas e às metas globais de sustentabilidade.