Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024

Lei dos Agrotóxicos: “É polêmica porque na política você lida com interesses”, reflete Guilherme Mazer

2024-01-16 às 17:12
Foto: Moisés Kuhn/D’Ponta News

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta terça-feira (16), o engenheiro agrônomo Guilherme Mazer, idealizador da Lei dos Agrotóxicos, falou sobre a lei que foi sancionada em dezembro pelo Poder Executivo.

Idealizada enquanto Mazer era co-vereador do Mandato Coletivo do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em 2021, a lei proíbe uso e aplicação de agrotóxicos nas proximidades de escolas, colégios, CMEIs, Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da Família e núcleos residenciais. O produto não pode ser usado em uma faixa de 50 metros destes locais. “A polêmica é porque na política você lida com interesses. Tem interesse público, coletivo e tem interesse de grupos. Um grupo que ficou ‘mordido’ em relação a isso é o grupo de alguns fazendeiros”, pontua.

Mazer diz que “é de consenso da sociedade” que o uso de agrotóxicos está associado com uma série de doenças, como câncer, doenças hepáticas, renais, hormonais e até no aparelho reprodutivo. Somado a isso, “Ponta Grossa tem uma característica muito peculiar, é uma cidade que se expandiu demais no perímetro urbano, e tem muitas áreas agrícolas dentro do perímetro urbano, fazendo divisa com conjunto habitacional, como no Manacás, Colônia Dona Luiza, Costa Rica, Lagoa Dourada, Los Angeles. Perto do Los Angeles é onde tem um bom exemplo. Fomos in loco lá e vimos que o fazendeiro já deixa mais de 50 metros sem aplicar agrotóxíco porque ele entende esta situação”, acrescenta.

Segundo Mazer, a lei não vai afetar pequenos agricultores do município. “Ponta Grossa quase não tem produção em pequena escala em seu arredor. A característica são grandes fazendas. Uma grande fazenda, para deixar uma faixa de 50 metros sem aplicar agrotóxico é quase nada dentro do orçamento. Mas ainda sim, que fosse um problema, eu tenho minha área e não posso plantar, a pessoa pode continuar fazendo agricultura, só não pode fazer pulverização de veneno. Pode plantar eucalipto, frutífera, verdura, só não pode aplicar o veneno”, diz.

A situação é uma questão de “saúde pública”, para o engenheiro agrônomo. “Os fazendeiros que dizem que não tem contaminação registrada. Existe um sistema de registro e existe subnotificação. O Ministério da Saúde estima que para cada notificação feita existe 50 não feitas”, afirma.

Denúncias podem ser feitas pela população pelos canais de denúncia do governo estadual. Já no município, apesar do Poder Executivo ter sancionado a lei, ainda não regulamentou qual o canal da denúncia. “A Prefeitura ainda tem que criar um programa, tem lei que ‘pega’ e que ‘não pega’. A lei que ‘pega’ é a que a sociedade vai se incomodar, falar sobre, também é papel do poder público, principalmente Executivo, fazer uma campanha de conscientização, a gente não quer punir as pessoas, queremos chegar em um acordo”, completa.

Confira a entrevista completa: