Um dos principais nomes conservadores do município, o vereador Ricardo Zampieri fala sobre o crescimento da direita no Brasil, aponta os prós e contras do governo Bolsonaro, e critica: “A esquerda não assume os próprios erros”
Por Michelle de Geus | Foto: Divulgação
Jovem, de direita, conservador. O vereador Ricardo Zampieri (PSL) é a cara dos tempos atuais. Ele conquistou uma vaga na Câmara Municipal de Ponta Grossa em 2016, aos 21 anos de idade, e se tornou o mais jovem vereador eleito no município. “Eu tenho consciência de que sirvo de inspiração para muitos jovens e que a população confia no meu trabalho. É meu dever fazer isso se refletir em trabalho sério”, afirma. Na entrevista a seguir, ele fala sobre o crescimento da direita no Brasil, aponta os prós e contras do governo Bolsonaro, e faz uma crítica à esquerda que, na opinião dele, é a própria esquerda que deveria fazer.
Na visão do senhor, qual é o papel do jovem na política?
Eu acredito no jovem na política. A juventude está cada vez mais politizada e preocupada em saber quem vai ser o seu representante. É um voto muito crítico e de muita análise. Isso só foi possível porque a tecnologia tornou o acesso à informação muito mais fácil.
Ao mesmo tempo, nós vemos muitas notícias falsas circulando nas redes sociais…
É preciso ter senso crítico. As fake news não começaram ontem e, com certeza, não vão parar amanhã. Cada vez mais as pessoas estão se conscientizando e procurando saber de onde vem a informação que consome.
O senhor é abertamente de direita. O que exatamente isso significa?
A principal característica da direita é ser conservadora nos costumes e liberal na economia. Esse é um dos princípios que elevam o meu trabalho parlamentar. A minha atuação política é pautada na preservação da família e nos valores cristãos.
“Quando você anda pelos bairros, percebe que a população ponta-grossense é conservadora”
O senhor acredita que Ponta Grossa é uma cidade mais inclinada à direita?
Sem dúvida. Ponta Grossa é uma cidade conservadora e que se afasta cada vez mais da esquerda. Uma prova disso é que, no segundo turno da última eleição presidencial, mais 70% dos eleitores ponta-grossenses optaram pelo candidato de direita. Embora seja uma da cidade que respira progresso e que esteja entre os municípios que mais crescem no Brasil, quando você anda pelos bairros percebe que a população se mostra e se mantém conservadora.
O que motivou o crescimento da direita no Brasil?
A sociedade brasileira estava cansada da corrupção e da bagunça com o dinheiro público. Ao mesmo tempo, a direita surgiu com propostas diferentes que conquistaram uma parcela da população. O presidente Bolsonaro é o grande norte dessa mudança. Antes o Brasil não conhecia a direita, e ele conseguiu mostrar o que essa vertente política prega, tanto para quem aceita quanto para quem não aceita.
Por que a população em geral não conhecia a direita?
É muito difícil apontar um responsável. Também é preciso cuidado para não generalizar. Pode ter contribuído o fato de nós termos passado por um governo de esquerda durante 13 anos. Além disso, nós também sabemos de universidades que têm um viés mais de esquerda, de cursos acadêmicos em que você precisa ser muito forte para não mudar de opinião lá dentro. O fato é que, por causa desse forte pensamento de esquerda que existia no país, o Brasil teve que experimentar o outro lado. Agora cabe a esse governo mostrar que é diferente ou ser igual aos outros.
“Bolsonaro vem fazendo uma gestão extremamente técnica e sem amararas políticas”
Há quem diga que o presidente Bolsonaro é “mais do mesmo”. Como o senhor encara essa crítica?
Quem fala isso está equivocado. É claro que as coisas não vão mudar de um ano para o outro, e, naturalmente, esse governo também comete erros. O presidente Bolsonaro vem fazendo uma gestão extremamente técnica e sem amararas políticas. Nós temos um governo sério, honesto, que tem respeito com a verba pública e não negocia emendas parlamentares. Sei de deputado do Paraná que tentou e saiu bravo, porque não conseguiu.
Quais seriam os erros do presidente Bolsonaro, na sua visão?
Um dos grandes problemas são as polêmicas envolvendo os filhos. Eu sou amigo do Eduardo [Bolsonaro, deputado federal pelo PSL], ele é uma pessoa sensacional, mas pisou feio em algumas declarações. O Paulo Guedes [Ministro da Economia] também. Falta articulação política e jogo de cintura para conversar com deputados e senadores. A Reforma da Previdência, por exemplo, demorou para ser aprovada no Congresso Nacional, e a mesma coisa está acontecendo com a Reforma Tributária.
E os acertos?
O presidente Bolsonaro não se conforma com o aparelhamento da máquina pública e tem respeito pelo dinheiro do povo. Nós estamos há um ano sem nenhum caso de corrupção, e a gente sabe como esse governo é cobrado. É nítido o empenho em aplicar as propostas de campanha e o comprometimento em cumprir o plano de governo que foi proposto.
“Sei de deputado do Paraná que tentou negociar emendas com o governo Bolsonaro e ficou bravo, porque não conseguiu”
Na visão do senhor, é possível aprender algo com a esquerda?
Primeiramente, a esquerda precisa assumir os seus próprios erros, e ela não faz isso. O PT, que é a referência da esquerda no Brasil, ainda tem como um de seus líderes o ex-presidente Lula, que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em uma sentença de quase 300 páginas. Quando assumiu o poder [em 2003], o PT pregava ser diferente, mas acabou se vendendo. Existe também o problema do apego à ideologia comunista, que em nenhum país do mundo deu certo. É claro que tudo isso acaba servindo de lição.