Domingo, 28 de Abril de 2024

Dom Sergio fala sobre marca deixada por padre Wilton

2024-03-05 às 15:49
Foto: AssCom Diocese de Ponta Grossa e Mateus Javorski

Padre Wilton Moraes Lopes, de 67 anos, fundador da Copiosa Redenção, seria sepultado hoje (5), às 18 horas, na chácara da congregação no distrito de Uvaia, em Ponta Grossa. O corpo seria colocado na Estação Ressurreição, a última da Via Sacra construída anos atrás por ele junto dos dependentes acolhidos. Ontem à noite, o bispo Dom Sergio Arthur Braschi celebrou uma das missas de corpo presente, na Catedral Sant’Ana, quando fez questão de enaltecer o legado de padre Wilton. “Não somente a pessoa do padre deixa essa marca que nós queremos hoje, como Igreja de Ponta Grossa, reconhecer e agradecer a Deus por essa presença, mas essas obras que deixou como fundações”, dizia o bispo em sua homilia.

Nas palavras de Dom Sergio, padre Wilton certamente continuará a interceder no céu para que a Copiosa – a congregação feminina e masculina – continue com inúmeras vocações e com serviço aprimorado, “não somente aqui, mas em tantos lugares do Brasil, em outras dioceses e também na Itália. Obrigada, Senhor! Nós estamos aqui num momento que é de dor, de saudade, de lágrima, mas também de confiança. Queremos fazer nossa ação de graças como Igreja Diocesana pela presença, pela ação e por esse legado que deixa”, ressaltou.

Dom Sergio lembrou que, diante do mistério da morte, quando nos encontramos diante do corpo de uma pessoa querida devemos renovar a nossa fé na ressurreição. “Sabemos que a condição humana passa por um declínio normal e, um dia, encontraremos o túnel escuro da morte. Uns antes, outros depois, porém, sabemos que esse não é o ponto final da existência e da história humana porque o nosso Deus é o Deus da vida e não da morte. E Ele deseja que nós possamos viver para sempre na sua família como filhos e filhas queridos e irmãos e irmãs, como diz a Campanha da Fraternidade. Uma só grande família. Família que Jesus veio constituir através do seu mistério pascal e isso Ele anunciou na pregação do Reino definitivo do Pai”, destacou.

Ao citar a passagem do Evangelho proclamada, o bispo afirmou que o que Jesus realizou em Lázaro foi uma ressuscitação e não uma ressurreição. “Sabemos e padre Wilton testemunha isso para nós, neste dia de sua partida, a ressurreição da carne é para nunca mais morrer. É algo que Jesus, filho unigênito, experimentou em seu mistério pascal, depois de dar a vida pela Humanidade sob a cruz, sendo sepultado e, ao terceiro dia, saiu triunfante do sepulcro. É bom renovarmos a nossa fé neste tempo especial de Quaresma. E isso foi o que padre Wilton viveu. Ouvimos em sua biografia essa pessoa que desde a mais tenra idade já sentia o chamado para servir a Deus na Igreja, como sacerdote. Como um outro Cristo, como alguém que haveria de erguer a mão tantas vezes para abençoar e para perdoar na santa confissão. Se nós estamos aqui agora é porque recebemos dele, tantas vezes, palavras de conforto, de encorajamento, em momentos os mais variados. E pessoas das mais variadas classes sociais, desde os mais pobres, das periferias, até gente da mais alta classe social. Todos sabiam encontrar no padre Wilton, nos momentos de dor, de perplexidade, de sofrimento, encontravam nesse sacerdote o conforto, a consolação”, destacou o bispo.

“Como diz a Sagrada Escritura: ‘o falecido ainda fala’ e vai falar durante muito e muito tempo. Falar com a sua pessoa, que, nós cremos, intercederá por nós junto a Deus pessoalmente e também como Diocese de Ponta Grossa. Tivemos esse privilégio de ter contado com a sua presença, sua ação evangelizadora e também a fundação da Congregação da Copiosa Redenção. 1987 começava, com um pequeno grupo de pessoas consagradas, ainda instituto secular, em um primeiro momento, na casa do bispo, na casa de Dom Geraldo Pellanda, a primeira obra feminina e, dez anos depois, o ramo masculino. Uma característica do padre Wilton: essa proximidade, esse espírito de profunda comunhão com a pessoa do bispo, com a Igreja diocesana, e, por isso, ali brota com a benção e apoio de dom Geraldo. E o serviço ao dependente químico. Desejo que tinha surgido em seu coração como uma necessidade premente: consagrados que pudessem servir aos dependentes químicos e dentro do carisma a adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, que é fonte de vocações”, relembrou Dom Sergio.

Sepultamento escolhido

Padre Luís César de Oliveira, superior geral dos Irmãos da Copiosa Redenção, contou que o local de seu sepultamento foi definido por ele. “A última estação da Via Sacra ele não terminou, pois disse que queria ser sepultado ali, na certeza de que seu Redentor vive. Depois do sepultamento, nós a terminaremos”, afirmou, ressaltando que padre Wilton passou todo o sofrimento da doença com muita serenidade. “Este ano, passou mais tempo no hospital do que em casa. Sem reclamar, com uma acolhida do sofrimento, realmente, abraçando a cruz de Jesus Cristo. Sempre teve uma saúde muito limitada. Mas, mesmo assim, nunca foi motivo de limitações em seu ministério. Parecia que quanto mais se sentia limitado na sua saúde, mais o ministério dele produzia frutos. Vi isso muito presente nos últimos dias de sua vida”, complementou.

Quanto à continuidade dos serviços da congregação, padre Luís César informou que, nestes últimos tempos, o fundador passou todos os trabalhos para os integrantes da Copiosa, para os leigos consagrados, que já tem uma organização própria, e aos irmãos e irmãs. “Para que tudo seguisse caminhando sem a presença do padre, só com a sua intercessão. Agora, é dar continuidade a esse legado. A responsabilidade aumenta porque ele não está mais presente aqui neste mundo. Nós recebemos essa missão e temos que continuar”, garantiu. Atualmente, são aproximadamente 500 integrantes entre irmãos, irmãs e leigos consagrados nas casas do Brasil e no sul da Itália.

Padre Luís César falou de gratidão à Diocese, a Dom Sergio e ao povo. “Dom Sergio foi um pai para padre Wilton. Especialmente no momento mais difícil da fundação da congregação foi Dom Sergio quem o sustentou. Até este último momento, Dom Sergio esteve sempre presente. Gratidão, depois, aos padres, ao clero, mas principalmente, ao povo, que soube amar o padre Wilton, soube acolher. Ficávamos muito felizes quando celebrava ‘na Santa Rita’ e ficava aquela multidão de pessoas, que iam porque viam no padre esse pastor, que nós da congregação conseguíamos ver. Alegria grande ver que o povo o acolheu como pai, como sacerdote, como testemunha e agradecer também a Prefeitura que sempre esteve presente. Em todos esses anos, nenhum governo virou as costas para a Copiosa Redenção. Indistintamente. Amaram, ajudaram a nossa comunidade. A atual prefeita acolhe e ajuda. Decretou três dias de luto. Coração muito agradecido por isso também”, dizia muito emocionado o superior geral.

Padre Wilton Moraes Lopes faleceu na segunda-feira (4), às 4h20, no Hospital da Unimed em Ponta Grossa, em decorrência de uma infecção generalizada causada por uma sepse pulmonar. Padre Wilton completaria 41 anos de sacerdócio em julho de 2024.

da assessoria