Sábado, 12 de Outubro de 2024

“É importante ressaltar que o bebê nasce sabendo sugar, porém não sabe mamar no seio da mãe”, destaca a Dra. Francine Marson Costa

2024-02-01 às 15:02

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (1º), a fonoaudióloga, Dra. Francine Marson Costa, falou sobre disfunções orais e dificuldades de amamentação para os bebês.

Motricidade orofacial e disfagia

A fonoaudióloga explica que a fonoaudiologia é uma área bastante ampla e que a sua especialidade é nas áreas de motricidade orofacial e disfagia. A primeira é a área que estuda a musculatura dos lábios, língua, bochechas e face e as suas funções, enquanto a segunda é a dificuldade de engolir alimentos e líquidos, trazendo a percepção de que a comida ou bebida ficam presas na passagem da garganta.

“A motricidade orofacial estuda como esses órgãos se comportam nas funções básicas como a respiração, sucção, mastigação, deglutição [e fala]. Dentro desse universo da especialização, eu atendo bebês com dificuldade de amamentação, crianças com dificuldade de alimentação e também adultos e idosos com questões neurológicas ou de outras naturezas que podem estar atrapalhando a ingestão de alimentos”, pontua a especialista.

Ela acrescenta que nos casos em que os pacientes possuem essa dificuldade na ingestão de alimentos, entra a área de disfagia. “Essa é a área que atua quando o paciente possui dificuldade para deglutir a alimentação”, complementa.

Disfunções orais e frenotomia

A Dra. Francine afirma que o tema sobre as disfunções orais está em alta no cenário nacional e também afirma que é uma demanda que vem aumentando muito no seu consultório. As disfunções orais são caracterizadas por movimentos orais atípicos que interferem na sucção. “São realizados alguns ajustes na boca, língua e bochechas que causam uma disfunção quando eles são prejudiciais à função”, explica.

A frenotomia é um procedimento cirúrgico que vem aumentando muito, segundo a fonoaudióloga. Este procedimento possui o objetivo de auxiliar na correção de problemas como a dificuldade de amamentação em bebês. Ele também pode ajudar na dificuldade da fala em adultos e crianças. “Geralmente esse procedimento é realizado em bebês que possuem a língua muito presa e isso os prejudica durante a amamentação. Em muitos casos é uma projeção, ou seja, pode ser que acarrete em problemas futuros”, assegura.

A especialista também pondera que a literatura científica não comprova essa relação direta. “Algumas pessoas com a língua presa desenvolverão problemas na alimentação e na fala, porém outras se desenvolvem bem. Essas cirurgias aumentaram muito no mundo inteiro, porém se discute atualmente sobre a real necessidade de realizá-las em bebês que estão começando o processo de amamentação”, ressalta.

Fatores que podem influenciar na dificuldade da amamentação

Ela explica que existem inúmeros fatores que podem influenciar na dificuldade da amamentação. “O meu trabalho é avaliar a mãe e o bebê para conseguir identificar por que essa amamentação não está acontecendo e o que está errado nesse processo para eu poder ajudá-los. Às vezes é a questão da língua, mas diversos outros fatores também podem estar acontecendo”, destaca.

A sucção é o que garante a alimentação do bebê após o nascimento, por meio do aleitamento materno ou amamentação. “É importante ressaltar que o bebê nasce sabendo sugar, porém não sabe mamar no seio da mãe”, pondera. “Esse é o primeiro aprendizado da vida dele, então para ele mamar no seio da mãe são necessários alguns ajustes para ele se adaptar a ele. A partir disso esse bebê terá esse aprendizado motor”, pontua.

Mastigação e alimentação moderna

A especialista aponta que a mastigação varia de acordo com o alimento consumido. “Se você está consumindo um alimento mais duro e mais seco ele exige mais golpes mastigatórios, enquanto um alimento mais mole você precisará mastigar por menos tempo”, explica.

Ela também ressalta que a sociedade atual mastiga pouco e o consumo de alimentos mais duros diminuiu. “Os Homo sapiens foram preparados para mastigar carne crua, porém hoje em dia nota-se que a maioria das pessoas não gosta de alimentos duros e faz a opção por alimentos adaptados”, afirma.

A Dra. Francine também aponta que os dentes molares são os que realizam a melhor trituração dos alimentos durante a mastigação. “Nós temos articulações chamadas temporomandibulares e a partir do momento que a mastigação não é realizada da forma correta, existe uma grande possibilidade de você desenvolver um problema nessas articulações”, assegura. “A partir disso você pode ter uma cefaleia tensional. Outro aspecto que é importante ressaltar é que quando estamos em repouso não deveríamos encostar os dentes molares um no outro, e eu costumo fazer uma analogia que deveria existir um ‘colchão de ar’ entre as arcadas dentárias inferior e superior para não deixar com que eles se toquem”, pondera.

Ela também finaliza que quando você passa o tempo todo com os dentes encostados, você está o tempo todo ativando a musculatura da mastigação sem precisar.

Serviço

A Dra. Francine Marson Costa atende na R. Tiradentes, 976 – Centro; e o telefone para contato é: (41) 9 9658-9956.

Você também pode conferir os conteúdos da fonoaudióloga através do instagram.

Confira a entrevista completa: