O Conselho Municipal de Saúde de Ponta Grossa realizou uma fiscalização no Hospital do Coração Bom Jesus, nesta quinta-feira (4), após receber um documento em que a instituição afirma que não está recebendo novos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) para a especialidade de cardiologia clínica e cirúrgica desde às 7h e que teria R$ 4.750.333,40 para receber do órgão estadual.
Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (5), o segundo-secretário do Conselho Municipal de Saúde, Luis Pereira dos Santos, explicou que a ação tinha o objetivo de averiguar as condições atuais da instituição A equipe encontrou a sala de hemodinâmica fechada, falta de diversos insumos e até de alimentos.
Segundo o membro do Conselho, durante a fiscalização, a equipe constatou que o ‘Bom Jesus’ contava com apenas mil mililitros de contraste, quatro unidades de fio guia, falta de cateter, de gaze, seringa e micropore e na área de órtese e prótese havia apenas três unidades de enxerto de cardio. “O que eles tem de alimentação hoje dura até terça-feira. Se não vir nada até terça-feira eles não tem o que comer dentro do hospital. O hospital está na UTI”, declara Luis Pereira dos Santos.
Embora diversas promessas tenham sido feitas ao hospital, por parte de políticos, a situação ainda não foi resolvida, conforme explica Santos. “A prefeita, Marcelo Rangel, pessoal da Sesa, o Robson estava junto, eles estão envolvidos nisso aí. Eles tem que resolver e eu não entendi até agora por que essas pessoas não sentaram em uma mesa e não resolveram o problema. Hoje para dar uma amenizada na situação do hospital precisaria cair na conta R$ 1,5 milhão. Por que essas pessoas que estão envolvidas politicamente, em relação a essa dívida, por que não sentaram em uma mesa e decidiram isso?”, questiona.
“O que está acontecendo? Se lá não tem nada de medicamento, aparelhos, está tudo sucateado o que tem lá hoje, necessidade de alimentação, aí vemos toda essa conversa política, obscura e sem resultado. O que estamos tratando hoje, há alguns meses já teve uma matéria nos jornais falando sobre a dívida de R$ 6 milhões. Se lá quando saiu essa notícia tivesse acontecido alguma coisa, talvez não estaria nessa situação”, completa.
Sesa reitera que pagamentos estão em dia
Em resposta à nota divulgada pelo HCor Bom Jesus, nesta quinta-feira (4), a Secretaria Estadual de Saúde afirma que todos os pagamentos relacionados ao contrato de prestação de serviços foram realizados. “Há ainda, alguns repasses relacionados a incentivos financeiros que estão em processo de pagamento. Esse processo inclui diversos protocolos que precisam ser cumpridos, desde a documentação ou encaminhamento por parte de outros órgãos, como o Ministério da Saúde. Estes incentivos são recursos adicionais disponibilizados pelo Governo Estadual e federal, e não devem, em nenhuma hipótese, impactar ou inviabilizar o atendimento ofertado pela unidade”, afirma a Sesa.
Ainda conforme o documento da pasta estadual, “nenhum paciente está desassistido e que as demandas continuam sendo reguladas pela Central de Leitos Estadual, que poderá, se necessário, encaminhar os pacientes para outra unidade da Região”. Além disso, a Sesa aponta que, por contrato, o hospital deveria comunicar o Estado sobre qualquer interrupção de serviço com pelo menos 60 dias de antecedência, o que não foi realizado. “A equipe de auditoria e direção da 3ª Regional já estão realizando uma verificação in loco das questões apontadas pelo hospital. A secretaria se mantém à disposição do hospital, para apoiar e dialogar sobre quaisquer problemas que possam prejudicar o atendimento ofertado à população”, pontua o documento.