há 2 horas
Amanda Martins

Pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, desenvolveram um composto químico com potencial para se tornar uma nova terapia de baixo custo contra o Alzheimer. O estudo, publicado em agosto na revista ACS Chemical Neuroscience, mostrou resultados promissores em simulações por computador, testes em células e experimentos em animais.
Segundo informações do portal Metrópoles, a substância foi capaz de degradar placas de beta-amiloide, depósitos tóxicos que se acumulam entre neurônios, provocando inflamação e prejudicando a comunicação entre as células. A inovação do grupo brasileiro está em criar um composto que funciona como quelante de cobre, ligando-se ao metal em excesso nas placas e ajudando na sua eliminação.
Das dez moléculas inicialmente sintetizadas, três foram testadas em camundongos com Alzheimer induzido, e uma delas se destacou pela eficácia e segurança. Nos testes, o composto reduziu a perda de memória, melhorou a orientação espacial e diminuiu déficits de aprendizagem. Também reduziu marcadores de neuroinflamação e estresse oxidativo no hipocampo, região do cérebro responsável pela memória, além de restaurar o equilíbrio de cobre nessa área.
Outro ponto importante é que a substância conseguiu atravessar a barreira hematoencefálica, estrutura que protege o cérebro e costuma dificultar a chegada de medicamentos. Os pesquisadores também não observaram toxicidade em células ou nos animais testados.
A coordenadora do estudo, Giselle Cerchiaro, destaca o potencial da descoberta. “É uma molécula extremamente simples, segura e eficaz, com custo baixíssimo em comparação com os medicamentos disponíveis”, afirma. Ela ressalta que, mesmo que a terapia funcione apenas em parte da população, já que o Alzheimer tem múltiplas causas, o impacto já seria significativo.
O grupo agora solicita patente do composto e busca parcerias com a indústria farmacêutica para iniciar os testes clínicos em humanos, etapa crucial para avaliar segurança, eficácia em idosos e efeitos na progressão da doença.
O Alzheimer é o tipo mais comum de demência entre idosos, responsável por mais da metade dos casos no Brasil. A doença provoca perda de memória recente, confusão, dificuldades de comunicação e mudanças comportamentais. Apesar das pesquisas, ainda não existe cura, o que torna descobertas como a da UFABC especialmente relevantes no combate a um dos maiores desafios da medicina moderna.