O Brasil registrou, pela primeira vez, a identificação do subclado K do vírus influenza A (H3N2), conhecido popularmente como gripe K. A detecção foi realizada por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a partir de uma amostra coletada no estado do Pará, dentro das ações de vigilância genômica de vírus respiratórios no país.

Segundo o Metrópoles, para as autoridades de saúde e especialistas, a identificação não indica o surgimento de um novo vírus nem o início de uma pandemia, mas acende um alerta para o monitoramento da circulação do influenza nas próximas sazonalidades. O caso foi classificado como importado, uma vez que a amostra analisada pertence a um viajante que apresentou sintomas gripais e procurou atendimento médico.

A gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus influenza, que circula anualmente e passa por mudanças genéticas frequentes. O influenza A, especialmente os subtipos H1N1 e H3N2, é o mais monitorado por estar associado às maiores epidemias sazonais. Dentro desses subtipos, surgem linhagens e subclados, resultado de mutações naturais do vírus.

De acordo com a infectologista Nancy Balley, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o termo “gripe K” não é científico, mas uma forma de se referir a essa nova ramificação genética do H3N2. Segundo ela, o surgimento de novos clados é comum e faz parte da evolução natural do vírus influenza.

Até o momento, não há confirmação de transmissão comunitária sustentada do subclado K no Brasil. Do ponto de vista clínico, especialistas afirmam que não há diferença nos sintomas em relação à gripe comum, sendo impossível distinguir o clado apenas pela avaliação do paciente, sem exames laboratoriais.

A infectologista Rosana Richtmann, coordenadora do Comitê de Imunizações da SBI, alerta que a principal preocupação permanece com os grupos mais vulneráveis, como idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas. Para esses pacientes, a recomendação é buscar atendimento médico diante de sinais como febre alta, cansaço intenso ou agravamento dos sintomas.

Em relação à vacinação, a vacina contra a gripe de 2026 ainda não está disponível no Brasil, mas o vírus H3N2 faz parte da composição vacinal. Especialistas explicam que, por se tratar de uma variação genética, pode haver algum grau de escape imunológico, embora dados do Hemisfério Norte indiquem boa proteção contra hospitalizações em crianças e proteção moderada em adultos.

O tratamento da gripe causada pelo subclado K segue o mesmo protocolo adotado para outros vírus influenza. Dados internacionais mostram que o antiviral oseltamivir apresentou boa resposta quando iniciado nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas, sempre com orientação médica.

Especialistas reforçam que não há evidências de que o subclado K seja mais transmissível ou mais grave do que outras variantes do H3N2. A identificação, por ora, não altera a rotina da população, mas reforça a importância da vigilância epidemiológica, da vacinação anual e de medidas preventivas, como o uso de máscara por pessoas sintomáticas, a higienização das mãos e a manutenção de ambientes ventilados.