há 15 dias
Patrícia Ecave

A Quintela + Penalva | Knight Frank, através do seu associado Knight Frank em Londres, acaba de divulgar os resultados do European Lifestyle Report, que mostra como os indivíduos com elevado património líquido (HNWIs) estão considerando investir em propriedades produtoras de vinho e de olivais. A procura por propriedades rurais com vinhas e olivais em destinos europeus de excelência, onde a paixão pelo vinho e azeite se cruza com o investimento estratégico e o legado familiar, está crescendo.
De acordo com o relatório, cada vez mais compradores estão trocando os escritórios corporativos por quintas vinícolas e olivais mediterrânicos, transformando a ideia romântica de “viver da terra” numa realidade tangível e financeiramente sólida.
Alexander Hall, diretor do departamento dedicado a propriedades vinícolas Internacionais da Knight Frank, resume esta mudança: “Já não se trata apenas do charme rústico. Trata-se de uma fusão entre paixão, negócio e património tangível que valoriza ao longo do tempo”.
Mercados em crescimento: do Douro à Toscana
A Europa continua a dominar o setor, concentrando mais de 65% da produção mundial de azeite e 60% da produção de vinho, com destaque para Espanha, Itália, França, Portugal e Grécia. Segundo o relatório, cada país apresenta vantagens distintas.
Na Itália, especificamente na Toscana e Piemonte, a paisagem de colinas onduladas e uvas de prestígio, como Sangiovese e Nebbiolo, ou os olivais de Frantoio e Leccino, são símbolo de tradição e excelência.
Em Portugal, a Knight Frank destaca o Alentejo e o Douro, não só pela excelente relação qualidade/preço dos vinhos e do azeite, como pelo clima seco e ensolarado e, ainda, no caso do vinho, das castas emblemáticas como Touriga Nacional e Aragonez.
“O Alentejo e o Douro são hoje polos de interesse estratégico para investidores nacionais e internacionais. A combinação entre produtos de excelência — como o vinho e o azeite —, um clima privilegiado e preços ainda competitivos, reforça o seu potencial de valorização, tanto no setor imobiliário como no desenvolvimento de projetos ligados ao turismo e à agricultura sustentável”, explica Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela + Penalva | Knight Frank.
Na França é referida a região de Bordeaux e Provença, com os seus territórios icónicos, clima com influência do Atlântico e Mediterrâneo, e o cosmopolitismo de cidades e vilas com as suas lojas de moda e marcas internacionais de referência.
Por sua vez, a Espanha (Andaluzia e Baleares) é destacada a produção em larga escala de azeite, com destaque para as variedades Picual e Arbequina, mas com espaço crescente para marcas artesanais e para o enoturismo.
Já a Grécia merece destaque, a ilha de Corfu pelas propriedades com produção biológica em expansão, com as variedades Koroneiki e Kalamata, no caso do azeite; no que o vinho diz respeito, destaca-se o terroir distinto.
Mesmo a Suíça, tradicionalmente fora do mapa agrícola, surge como referência, destacando-se pequenos produtores experimentais ao longo do Lago Genebra e em Ticino, onde microclimas alpinos permitem colheitas limitadas, mas de elevada qualidade.
Economia do sabor: relatório destaca o potencial económico destas propriedades
No que se refere ao potencial econômico, o European Lifestyle Report destaca, no caso do azeite, o potencial produtivo e a rentabilidade: os olivais produzem entre 15 e 50kg de azeitonas por ano, com um rendimento entre os 15% e os 25%, com um potencial por hectare entre os 300 e os 700 litros de azeite; a primeira colheita ocorre entre o 5.º e o 7.º ano após a plantação. Já as produções biológicas têm menor rendimento, mas maior valor de mercado, podendo atingir €30 por litro quando associadas a origens certificadas e experiências turísticas.
No que se refere ao setor do vinho, o European Lifestyle Report refere que uma vinha no seu máximo de potencial produtivo gera 2 a 10kg de uvas por videira, convertendo-se em 5.000 a 12.000 litros por hectare. O tempo até à primeira vindima rentável varia entre 3 e 5 anos. Já os vinhos de produção limitada e identidade regional atingem €30 a €150 por garrafa, especialmente quando associados a práticas orgânicas e à hospitalidade e ao enoturismo.
Apesar do potencial econômico e de rentabilidade, Alexander Hall acrescenta que “investir numa propriedade vinícola europeia é menos sobre margens industriais e mais sobre criar um ativo tangível com retorno emocional e patrimonial”, e ainda: “É um investimento onde a valorização inclui tanto o rendimento líquido como a vista da varanda.”
O que torna uma propriedade excepcional?
A qualidade do vinho e do azeite depende de uma combinação de fatores naturais e técnicos: solos bem drenados e ricos em minerais; declives orientados para o sol, que favorecem maturação equilibrada; climas quentes e secos com noites frescas, que preservam acidez e aroma; microclimas únicos que conferem identidade e distinção. Mas os melhores resultados surgem precisamente onde a natureza impõe desafios: é nas condições adversas que se criam os produtos mais autênticos.
O relatório sublinha que o investimento agrícola em zonas vinícolas e olivícolas europeias é também apoiado por políticas fiscais e incentivos comunitários. Em alguns países, como França, as propriedades agrícolas estão isentas de imposto sobre mais-valias e de imposto sobre o patrimônio. A certificação biológica exige um período de transição de 2 a 3 anos.
Já os preços dos terrenos agrícolas, variam segundo a região: entre os €5.000 por hectare em zonas rurais da Andaluzia e mais de €100.000 por hectare na Toscana (Itália) ou na Provença (França).
Mercados em valorização desde 2024
As variações anuais nos valores de vinhas ilustram a resiliência e maturidade do setor: Em Itália, as regiões de Barolo e Brunello di Montalcino lideram o crescimento e valorizou 5%. Já na França, são as regiões do Loire (+5%) e de Champagne (+2%) a crescerem mais, enquanto Bordeaux (-4%) e Rhône (-10%) estão recebendo um reajuste, após anos em alta. Na Espanha, a Rioja estabiliza (0%), refletindo equilíbrio entre oferta e procura.
“Em Portugal, a procura por propriedades no Douro, no Alentejo ou na região dos vinhos Verdes, continua em alta e a atrair investidores estrangeiros”, destaca Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela + Penalva | Knight Frank.
Os dados analisados resultam de uma pesquisa feito pela equipe da Knight Frank a mais 700 HNWI (sigla para “High Net Worth Individuals”, que remete para indivíduos com um património líquido superior a 1 milhão de dólares) de 11 países e territórios, isto é, Reino Unido, Estados Unidos da América, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Irlanda, Países Baixos, Portugal, Espanha e Suíça. Em conjunto, os pesquisados representam mais de 30 nacionalidades, sendo que 56% correspondem a homens; os millennials formam o maior grupo geracional (45%), seguido daqueles que compõem a Geração X (29%).
Sobre Quintela + Penalva| Knight Frank
A Quintela + Penalva | Knight Frank é uma consultora imobiliária especializada no segmento luxo, com uma posição consolidada no mercado nacional. Fundada em 2004, por Francisco Quintela e Carlos Penalva, detém atualmente 5 escritórios, em Lisboa, Cascais e Porto, uma equipe com mais de 70 comerciais, departamentos especializados, e um portfólio de imóveis com os melhores empreendimentos e propriedades únicas, de norte a sul do país. Através da associação à Knight Frank, a Quintela + Penalva I Knight Frank passa integrar uma rede de local experts, globally connected, com mais de 700 escritórios, presente em mais de 50 países e cinco continentes. A Knight Frank LLP é uma empresa independente, sediada em Londres e líder no sector imobiliário, onde opera há 125 anos com reconhecido know-how no aconselhamento a clientes individuais e institucionais, promotores e investidores.