Produto tradicional da época mais gelada (outono/inverno), principalmente na Região Sul do País, o pinhão não será encontrado em grande quantidade no Paraná este ano e, consequentemente, os preços serão superiores aos praticados em 2019. A colheita, venda, transporte e armazenamento estão permitidos no Paraná desde 1.º de abril pelo Instituto Água e Terra (IAT).
“Está liberado desde o início do mês, mas até pouco tempo não se encontrava quase nada de pinhão novo”, disse Dirlei Antonio Manfio, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, lotado em Guarapuava. Muito diferente do que observou no ano passado. “Portanto, a tendência é confirmar a redução da produção nesta safra”.
O pinhão normalmente é coletado nos campos depois que as pinhas debulham naturalmente em decorrência da maturação. Esse processo possibilita a alimentação da fauna, além da difusão da espécie, pois as sementes são carregadas e espalhadas por animais. Mas há também extrativistas que derrubam as pinhas com auxílio de instrumentos.
VOLUME – Muitas sementes são vendidas diretamente aos consumidores, até mesmo nas beiras de estrada. Por isso, é difícil ter controle total sobre o volume da produção. No ano passado, a estimativa é que o Paraná produziu 4,28 mil toneladas de pinhão. A safra começa em abril e normalmente se estende até junho.
O Centro-Sul do Paraná é a principal região onde estão as araucárias no Estado. O Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura de Guarapuava, composto por dez municípios, concentra aproximadamente 37% da produção estadual, o que, no ano passado, representou 1.566 toneladas.
Manfio estimou que, na atual safra, haverá redução entre 15% a 20% na produção de pinhão. Desta forma, na região de Guarapuava, o volume deve chegar a aproximadamente 1.330 toneladas. Segundo ele, o inverno não rigoroso no ano passado, a seca deste ano e a sazonalidade da produção contribuíram para a queda.
Em contrapartida, há elevação no preço do produto. No Centro-Sul, o quilo é vendido por cerca de R$ 4,20 no campo e chega ao consumidor final no mercado varejista, com preço oscilando entre R$ 7,50 a R$ 8,50.
QUALIDADE – Se a produção está baixa, o mesmo não se pode afirmar com relação à qualidade da semente nova recolhida no campo. “Está excelente”, atestou Manfio, um dia depois de ter comprado e experimentado. “O aspecto é muito bom, a semente está saudável e o sabor é dos melhores”.
No entanto, o técnico relatou que, nos supermercados do Centro-Sul, nem sempre é possível encontrar produto com a mesma qualidade. O “atravessador” prefere fazer uma carga fechada e levar para grandes centros comerciais. Em consequência, na região ficam pinhões de qualidade inferior, cujo transporte não é viável economicamente.
As normas estabelecidas pelo órgão ambiental, sobretudo com relação ao início da colheita, têm como objetivo proteger a reprodução da araucária, árvore símbolo do Paraná e sob ameaça de extinção. Além disso, possibilita que as famílias tenham uma renda melhor e a saúde dos consumidores seja preservada com acesso a produto mais maturado.
Informações e imagens: Agência Estadual de Notícias