‘Nunca, mas nunca mesmo, pude imaginar que qualquer mal pudesse acontecer’, escreveu Sarí Corte Real
RIO – Sarí Corte Real escreveu uma carta em que pede perdão à sua empregada, Mirtes Renata de Souza, mãe de Miguel Otávio, de 5 anos. O menino morreu enquanto estava aos cuidados de Sarí, quando Mirtes havia saído para passear com o cachorro da patroa, em Recife.
“Nunca, mas nunca mesmo, pude imaginar que qualquer mal pudesse acontecer a Miguel , muito menos a tragédia que se sucedeu. Te peço perdão. Não tenho o direito de falar em dor, mas esse pesar, ainda que de forma incomparável, me acompanhará também pelo resto da vida”, diz Sarí na carta .
Sarí é primeira-dama de Tamandaré. Mirtes constava como servidora pública do município. O Ministério Público instaurou um inquérito na última sexta-feira para investigar a irregularidade .
O garoto de 5 anos tinha acompanhado a mãe, Mirtes Renata de Souza, ao trabalho no apartamento dos patrões, já que as creches em Recife estão fechadas por causa da pandemia de covid-19. Mirtes teve de descer para passear com o cachorro da patroa, e deixou o filho aos cuidados desta. O menino começou a chorar enquanto a patroa fazia as unhas com uma manicure e entrou no elevador do prédio, no 5º andar, para buscar a mãe.
Imagens do circuito de câmeras de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram o momento em que a patroa fala com o menino no elevador e parece apertar um dos botões. De acordo com a investigação, o menino desceu no 9º andar, escalou uma grade na área dos aparelhos de ar-condicionado e caiu. Mirtes disse que ligou para patroa após enterro do filho e Sarí só dizia que provaria que não apertou o botão.
De acordo com a polícia, a patroa foi presa em flagrante, pagou uma fiança de R$ 20 mil e deve responder em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
“Como mãe, sou absolutamente solidária ao seu sofrimento. Miguel é e sempre será um anjo na sua vida e na sua família. Não há palavras para descrever o sofrimento dessa perda irreparável. Nunca, mas nunca mesmo, pude imaginar que qualquer mal pudesse acontecer a Miguel, muito menos a tragédia que se sucedeu. Te peço perdão. Não tenho o direito de falar em dor, mas esse pesar, ainda que de forma incomparável, me acompanhará também pelo resto da vida. Estou sendo condenada pela opinião pública como historicamente outros foram. As redes sociais potencializam o ódio das pessoas. Tenho certeza que a Justiça esclarecerá a verdade. Na nossa casa sempre sobrou carinho e amor por você, Miguel e Martinha. E assim permanecerá eternamente. Rezo muito para que Deus possa amenizar o seu sofrimento e confortar seu coração”.
Sarí Gaspar