A deputada federal Gleisi Hoffmann, durante pronunciamento nesta quarta-feira (03), teceu duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de operação Venire, da Polícia Federal, que investiga possíveis fraudes no seu cartão de vacinação e de sua filha. A ação ainda desencadeou a prisão do coronel Mauro Cid, ajudante de Bolsonaro. De acordo com Hoffmann, o ex-presidente “vai ter muitas explicações a dar”
“A investigação que está sendo feita é sobre suposta associação criminosa para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Essa suposta associação criminosa teria realizado inserções falsas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 para que beneficiados pudessem emitir o certificado de vacinação para viajar aos Estados Unidos. Ou seja, quem era negacionista, que falava que era contra a vacina, que não tomou vacina, mas que quis viajar, conseguiu fazer isso porque os dados dos sistemas do Ministério da Saúde que registravam as pessoas que tomaram a vacina foram alterados para beneficiar essas pessoas, entre elas assessores de Bolsonaro e a própria filha dele”, disse a parlamentar.
A Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores também relembrou que o Governo Federal, durante os anos da pandemia, adotou uma postura de negação contra a doença que vitimou mais de 700 mil pessoas no território nacional. “Como presidente ele propagou um discurso negacionista, negando a crise e a pandemia. ‘Palavras de histeria e fantasia’, dizia ele para a população ou para pessoas que oposição faziam. Também Bolsonaro distribui remédios falsos e ineficazes contra a doença. Vocês lembram dele dando cloroquina para as emas lá no Palácio da Alvorada, mas também dizendo que as pessoas deviam tomar. Incentivou aglomerações, atuou contra a compra de vacinas e também espalhou informações falsas sobre a Covid-19, fez campanha contra medidas de proteção”, destacou.
“O fato é que nós estamos vendo uma sequência de depoimentos do ex-presidente para a Polícia Federal por vários inquéritos que foram abertos, mostrando que ele vai ter muita resposta a esses inquéritos e à Justiça. O que a gente viu hoje nessa operação é lamentável do ponto de vista do comportamento do ex-presidente e também da sua assessoria. É uma operação que visa esclarecer tudo isso. Se houve busca e apreensão é porque tem elementos muito sólidos do que se está fazendo. A gente espera que isso esclareça”, ponderou Gleisi.
A pena para falsificação de dados de vacinação para entrar nos EUA pode chegar a até 10 anos de prisão. De acordo com protocolos adotados pela Casa Branca, “viajantes aéreos não-cidadãos e não-imigrantes para os Estados Unidos deverão estar totalmente vacinados e devem fornecer prova de status de vacinação antes de embarcar em um avião para voar para os EUA”, sem fazer diferenciação entre cidadãos e chefes de Estado. A comprovação de imunização para entrar em solo norte-americano deve ficar vigente até o dia 12 de maio. Bolsonaro esteve nos Estados Unidos desde o fim de dezembro, quando optou por não participar da cerimônia de posse de Lula, e ficou no país por 89 dias.
O vídeo com o pronunciamento completo da deputada pode ser conferido abaixo:
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