Com exclusividade ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (18), a deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR), manifestou sua posição sobre o monitoramento do Pix, que seria ampliado para transações acima de R$ 5 mil, para pessoas físicas, e R$ 15 mil para as jurídicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás e revogou a medida, fazendo valer o que já vigorava: R$ 2 mil para PF e R$ 6 mil para PJ.
“Teve uma resolução da Receita [Federal do Brasil – RFB] que tinha o objetivo que era realmente atrás de quem faz tráfico de drogas, organizações criminosas, lavagem de dinheiro. Mas acho que faltou uma comunicação mais efetiva, mais clara, por parte da Receita, quando lançou a medida e a oposição, a extrema-direita, aproveitou para utilizar dessa portaria e espalhar mentiras, dizendo que o Pix seria taxado”, afirma Gleisi. Ela se refere à Instrução Normativa RFB 2.219/2024 , publicada em setembro do ano passado, e que previa que as instituições financeiras, bem como as operadoras de cartão de crédito, notificassem à RFB operações que somassem mais de R$ 5 mil mensais, no caso de pessoas físicas, e R$ 15 mil, para pessoas jurídicas.
Conforme a presidente nacional do PT, depois que o Governo Federal esclareceu que o Pix não seria taxado, a oposição radical teria elaborado uma “nova mentira”. “Eles inventaram uma mentira de que o Governo estava querendo ver as movimentações do Pix para tributar. E isso se espalhou como um rastilho de pólvora, porque eles começaram a explorar o medo das pessoas. As pessoas ficaram com medo: ‘vou fazer Pix e o Governo vai saber o que estou movimentando’. Deixaram aquela fake news mais grotesca da falsa taxa e exploraram esse medo”, critica.
Gleisi nega que tenha havido qualquer falha de comunicação do Governo a esse respeito e considera que Lula fez bem em revogar o monitoramento do Pix. “Se ficasse com a medida vigorando, ia ser um problema na vida das pessoas e da economia popular, porque muita gente já estava desistindo de fazer Pix, de utilizar Pix. Tinha comerciante querendo cobrar taxa para receber por Pix e um monte de golpes utilizando o nome da Receita Federal para cobrar taxas”, alega.
Essas cobranças suspeitas chegavam por links encaminhados por e-mail e WhatsApp, por exemplo. “O que ia acontecer é que teria um impacto real na vida das pessoas. Não é um problema só de disputa de narrativa política. O governo agiu de maneira correta, com muita seriedade e responsabilidade, como tem que agir, para não deixar isso acontecer. Por isso que se decidiu revogar a medida. Se não conseguimos, na comunicação, explicar, vamos revogar, para deixar isso a limpo, para não ter esses ataques e especulações”, defende a presidente do PT.
Segundo Gleisi, quem orquestrou a disseminação de fake news e especulações sobre o monitoramento do Pix “é o pessoal que mente sempre, que faz política mentindo”. “Eles foram competentes o bastante, agora, para fazer isso. Mas você deve lembrar, no passado, que essa gente já fez: na campanha do presidente Lula, diziam que fecharíamos igrejas, que criaríamos banheiros unissex nas escolas, que íamos perseguir pastores, acabar com o Bolsa Família, que quem tomava vacina virava jacaré. Sempre foi a prática. Para não ter problema concreto na vida das pessoas, o governo decidiu revogar a medida”, diz.
Gleisi observa que Lula também editou, na quinta (15), uma Medida Provisória com quatro pontos importantes. O primeiro é que ninguém está autorizado a cobrar taxa para aceitar pagamento via Pix. O segundo ponto é que o Pix foi equiparado às transações em dinheiro vivo. O terceiro é que não há cobrança de taxas, impostos ou encargos. Por fim, é preservado o sigilo de dados de transações de todos que utilizam o Pix.
Apesar de reconhecer que houve uma campanha de disseminação de fake news acerca do monitoramento do Pix, Gleisi não reconhece que o governo tenha se rendido à politicagem ao retroceder nessa decisão, quando revogou a medida. “Não estávamos conseguindo fazer o embate com eles, porque foi muito forte o que eles fizeram, e isso pegou na população. Nós fizemos de outro jeito. Não foi uma questão de ceder, não. Não cedemos à fake news nem aos bolsonaristas dizendo ‘admitiram que era verdade o que falávamos’. O governo tem responsabilidade com a população. Às vezes, tem que recuar”, contesta.
“[Lula] editou essa Medida Provisória e, agora, vamos fazer o debate, sim, vamos para cima, vamos mostrar que foi uma armação e que eles [a oposição] fez isso por uma disputa política”, acrescenta.
Gleisi reitera sua crítica à má utilização das redes sociais para a propagação de informações falsas que geram pânico na população. “Utilizaram esse desserviço para fazer uma luta política”, lamenta.
A presidente nacional do PT elogiou o discurso do deputado federal e economista Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), da autoproclamada “oposição moderada”, no Plenário da Câmara dos Deputados, em que ele condena as posições do mercado financeiro a respeito das especulações em torno do governo. Gleisi chegou a reproduzir o vídeo com o discurso do parlamentar em suas redes sociais. “Ele defendeu os pressupostos da macroeconomia brasileira, mostrando que a economia brasileira tem estruturação, é uma economia forte. Vamos para a oitava economia agora [no ranking global]”, diz.
“Temos todos os indicadores da economia muito bons, ainda que a sensação, para o povo, é de que esses indicadores não sejam os melhores. Porque acho que estamos com um problema, que é o preço da comida, que tem subido muito. A carne subiu muito, subiu 20%. A carne subiu muito, primeiro, porque aumentou a exportação. Com a valorização do dólar, o produtor tem preferido exportar, então você tem menos carne no mercado interno. E, também, porque vai ter agora, já começou a ter, uma redução no tamanho da criação, do número de bois para abate, que é um manejo que o pessoal do agro faz. Isso deu problema. Claro que também teve problema de seca, que atingiu pasto. Uma série de coisas. As outras comidas também, temos enfrentado problemas ou de muita seca ou de muita chuva, então isso afeta a [produção de] comida. Acho que o governo tem que se preocupar com isso, muito. Ter um olhar. Sei que não tem como tabelar, mas acho que temos que ter um estoque regulador, se estiver faltando produto aqui, tem que trazer de outro lugar, para o produto não encarecer. Eu diria que esse, hoje, é um dos principais focos que o governo tem que ter”, analisa.
Conforme Gleisi, a renda e o número de empregos já sofreram melhora, mesmo que a renda ainda não tenha alcançado novamente o mesmo patamar de antes da pandemia. “Estamos com a renda média da população menor do que a de antes da pandemia. E olha quanta coisa aconteceu de lá para cá, com relação ao preço das coisas, e a renda não subiu, até porque ficamos, em todo o governo Bolsonaro, que eles falavam tanto em proteger o povo e os mais pobres, sem reajuste real do salário-mínimo, sem a desoneração da tabela do Imposto de Renda. Então, isso tudo teve impacto na renda das pessoas, que ficou praticamente congelada. Caiu muito e ficou congelada. Esse é um problema que temos que acelerar para recuperar”, avalia.
A presidente nacional do PT considera que o cenário político já articula, desde já, as conjunturas para as eleições gerais de 2026. “A oposição já começou e, principalmente agora, com essa movimentação toda de fake news em relação ao Pix, começou a corrida eleitoral. Eles vão para cima e, claro, estão fazendo disso – e vão continuar – uma disputa política. O objetivo deles é desestabilizar o governo, fazer com que o Lula se sinta enfraquecido. Eles querem ganhar as eleições de 2026, seja para presidente da República, para governador em diversos estados, para deputados. Esse é o objetivo. Temos que ficar firmes e fortes para fazer o enfrentamento. Não podemos baixar a cabeça, pois já vivemos períodos mais difíceis. Vamos superar esse período e mostrar para a população o que é a verdade, porque a verdade prevalece, sempre”, opina Gleisi.
Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná. A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM:
Cidade | Frequência (MHz) |
---|---|
Curitiba | 104,9 |
Maringá | 93,9 |
Ponta Grossa | 99,9 |
Cascavel | 93,1 |
Foz do Iguaçu | 88,1 |
Guarapuava | 100,9 |
Campo Mourão | 98,5 |
Paranavaí | 99,1 |
Telêmaco Borba | 104,7 |
Irati | 107,9 |
Jacarezinho | 96,5 |
Imbituva | 95,3 |
Ubiratã | 88,9 |
Andirá | 97,5 |
Santo Antônio do Sudoeste | 91,5 |
Wenceslau Braz | 95,7 |
Capanema | 90,1 |
Faxinal | 107,7 |
Cantagalo | 88,9 |
Mamborê | 107,5 |
Paranacity | 88,3 |
Brasilândia do Sul | 105,3 |
Ibaiti | 91,1 |
Palotina | 97,7 |
Dois Vizinhos | 89,3 |
Londrina | 97,7 |