há 7 horas
Amanda Martins

O Tribunal do Júri de Ortigueira, nos Campos Gerais, condenou quatro pessoas envolvidas no assassinato brutal da adolescente Emilly Tauany de Veiga Silva, de 15 anos. As penas somadas ultrapassam 100 anos de prisão. O crime, ocorrido em 17 de fevereiro de 2024, foi praticado em um “tribunal do crime” ligado a uma organização criminosa local. Emilly, que era mãe de um bebê de sete meses, foi executada após ser acusada pelos criminosos de delatar um integrante da facção.
Segundo informações do Atento a Rede. o julgamento aconteceu nos dias 27 e 28 de novembro e contou com a atuação da Promotoria de Justiça da Comarca e de uma representante do Grupo de Atuação Especial de Competência Originária Criminal e Tribunal do Júri (Gajuri), grupo criado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) para casos de grande impacto social.
Ao todo, seis pessoas foram denunciadas pelo homicídio, mas apenas quatro foram julgadas nesta etapa. O executor do crime, considerado braço direito da liderança do tráfico na região, recebeu pena de 29 anos e 4 meses. A mulher que identificou e reteve a vítima no local da abordagem foi condenada a 26 anos e 8 meses. A irmã do traficante que ordenou a execução recebeu 25 anos e 8 meses, enquanto outra participante, que segurou a vítima durante o ataque, foi condenada a 20 anos e 5 meses.
Execução cruel e motivação ligada ao tráfico
De acordo com a investigação, Emilly foi atraída para as margens do Rio Arroio Grande (Rio Tibagi) e forçada a ingerir uma mistura de cocaína para ser enfraquecida. Em seguida, foi morta com golpes de faca no tórax e pescoço. O Conselho de Sentença reconheceu integralmente as teses do MPPR, incluindo as qualificadoras de motivo torpe — relacionado a retaliação por suposta delação — e recurso que dificultou a defesa da vítima, já que Emilly foi levada a um local ermo, desarmada e cercada.
Conexão com a Operação Sicários
O caso integra uma ampla investigação sobre uma organização criminosa atuante na região, no âmbito da Operação Sicários. A ação expôs uma estrutura consolidada dedicada ao tráfico e homicídios. Só na primeira fase, 44 pessoas foram denunciadas. Na segunda fase, outras 35 foram incluídas no processo, com prisões preventivas decretadas.
As lideranças da facção já foram condenadas em primeira instância em um processo desmembrado. As apurações seguem em andamento.
Localização do corpo
O corpo de Emilly foi encontrado na manhã de 17 de fevereiro por um pescador na região da Mineropar, entre Telêmaco Borba e Ortigueira, às margens do alagado da PR-340. Ela apresentava sinais de violência extrema, incluindo degolamento e ferimentos no tórax por arma branca. A jovem também tinha marcada no corpo a inscrição “1533”, símbolo usado por uma facção criminosa.
A Polícia Militar isolou o local e acionou a Polícia Civil, a Criminalística e o IML. Após perícia, o corpo foi encaminhado para necropsia em Londrina.
O caso, marcado pela brutalidade e pela atuação de uma facção organizada, segue como um dos crimes de maior impacto na região dos Campos Gerais.