O ator, jornalista e escritor David José Lessa Mattos Silva faleceu nesta segunda-feira (6), aos 83 anos, em decorrência de complicações causadas por uma doença pulmonar. Ele enfrentava a enfermidade desde 2017.

Reconhecido como um dos pioneiros da televisão brasileira, David José ficou nacionalmente conhecido por interpretar Pedrinho na primeira adaptação televisiva de O Sítio do Picapau Amarelo, exibida ao vivo pela TV Tupi entre 1955 e 1959.

O velório foi realizado nesta terça-feira (7), em São Paulo, conforme nota divulgada à imprensa.

Nascido em 21 de fevereiro de 1942, em São Paulo, David iniciou a carreira artística ainda criança, aos 12 anos, no Teatro Escola de São Paulo (TESP). Sua estreia na televisão ocorreu em 1954, no seriado As Aventuras de Tom Sawyer. No entanto, foi o papel de Pedrinho que consolidou sua imagem junto ao público, ao lado de colegas como Edy Cerri (Narizinho) e Lúcia Lambertini (Emília). O programa marcou a infância da primeira geração que teve acesso à televisão no Brasil, e David relatava, com frequência, o carinho que recebia de pessoas que o reconheciam por esse personagem mesmo décadas depois.

Com uma carreira artística que se estendeu por cerca de 30 anos, ele também atuou em novelas da TV Excelsior e participou do Teatro de Arena de São Paulo entre 1964 e 1967. No Arena — importante núcleo da dramaturgia engajada brasileira — trabalhou com nomes como Lélia Abramo e Gianfrancesco Guarnieri. Participou ainda do especial Minha Doce Turma, produzido pela TV Globo no formato de teleteatro.

Além da trajetória nas artes, David José construiu uma sólida carreira acadêmica. Formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e continuou seus estudos na França, nas universidades Paris VIII e Paris X. Com bolsa do governo francês, concluiu licenciatura em Sociologia e posteriormente um mestrado em Sociologia da Cultura. Após retornar ao Brasil, dedicou-se à docência e obteve o título de doutor em História Social pela USP.

Sua produção acadêmica, conforme o iG, focou na cultura brasileira, com destaque para a influência do teatro e da televisão no cotidiano paulistano durante as décadas de 1940 e 1950.