Quinta-feira, 09 de Maio de 2024

“Existe diferença entre Marketing e Comunicação?”, por Lúcio Olivo Rosas

2023-07-17 às 13:09

Acredito que todos saibam a diferença de Marketing e Comunicação, certo?

Está errado, podem acreditar, ainda há dúvidas de conceitos e aplicação dessas ferramentas de relacionamento entre pessoas. Após anos de experiência na gestão da comunicação em diferentes ambientes organizacionais, é possível notar que é comum haver dúvidas quanto ao momento e à forma de usar o marketing e a comunicação para construir valor e reputação de uma marca.

Para muitos, marketing é venda e comunicação é propaganda. Outros afirmam, ainda, que é o mesmo. De fato, elas estão em conexão, caminham juntas, mas possuem táticas e conceitos distintos numa relação de TROCA. Não se trata de uma receita pronta, mas sim de ingredientes para uma receita específica, sendo, portanto, crucial a criatividade estratégica na sua elaboração e execução.

O cenário a ser aplicado deve-se tornar mais direto, uma vez que o ambiente em questão é caracterizado pela produção de CONEXÃO entre pessoas, sejam elas físicas, jurídicas ou até governamentais. Sim, o marketing é quando uma marca e as pessoas se relacionam, seja entre marcas e pessoas, ou entre marcas e o governo, ou ainda entre governo e pessoas.

Isso acontece quando uma marca quer vender um produto, um governo atender os cidadãos com políticas públicas, ou alguém que queira se aproximar de outra pessoa, nessas e outras situações, haverá uma premissa de INTERESSE entre aquele que quer ser visto e aquele que ainda não o conhece.

Sim, partimos do princípio de que, numa relação, sempre haverá alguém que toma uma atitude. Entretanto, é nesse ponto que surgem dúvidas, como, por exemplo::

 Qual o caminho (estratégia) tomar para que o “produto” tenha significado para as pessoas?

 Como ser relevante, ao ponto de se estabelecer uma relação de valor?

Bem, é aí que começa o marketing, analisando uma oferta (produto ou serviço) como uma solução para a vida das pessoas. Se, de fato, o produto oferecido atende às expectativas apresentadas, temos um cenário propício para o surgimento de um relacionamento.

Nesse momento, os especialistas costumam achar que é só aplicar a comunicação que as pessoas “comprarão” o que se oferece, ledo engano.

É preciso ter cautela neste momento, pois o marketing se concentra na criação de processos que tornem um produto, marca ou ideia relevante para a vida das pessoas. Ou seja, aquilo que as marcas estão propondo entregar, de fato, deve ser entregue e percebido como relevante por esse público-alvo.

A comunicação tem como objetivo aproximar essa oferta do público desejado, criando uma atmosfera positiva entre o que se promete e o que se deseja. Ela estabelece um sentimento de aproximação, fundamentado na verdade do que divulga, ou seja, a entrega deve estar de acordo com a comunicação empregada.

Não basta ter comunicação, se não há entrega verdadeira. Se isso ocorrer, as pessoas compreenderão como se estivessem sendo enganadas, e o resultado poderá ser devastador.

Assim sendo, é importante lembrar que, se uma marca, organização ou quem assumir a iniciativa numa relação não estiver de fato comprometido com o que será oferecido, pode haver um sentimento de FRUSTRAÇÃO no outro, o que resultará em uma comunicação que não trará resultados e não estabelecerá conexões duradouras com essa marca.

 Na realidade, se uma marca promete qualidade, ela precisa entregar qualidade. Se o serviço público promete saúde para a população, elas devem ser atendidas de forma digna quando precisarem, pois estamos lidando com os sentimentos das pessoas. Se algo não der certo, não há marketing e comunicação que resolva isso.

O problema talvez seja a “miopia de marketing” dos gestores, que trata da falta de dados no processo de marketing, ou ainda, a negação dos cenários apresentados acima, que é quando as marcas e organizações concentram-se em si mesmas, ao invés de se aterem ao mercado e às necessidades das pessoas, mas isso é um assunto para a semana que vem.

Coluna Connecting

por Lucio Olivo Rosas

Lucio Olivo Rosas é mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), especialista em Direito dos Empreendimentos Econômicos, pela UNIPAR/PR (Universidade Paranaense), graduado em Direito pela UEM (Universidade Estadual de Maringá) e Administração pela UNICESUMAR/PR (Centro Universitário de Maringá). Com vasta experiência profissional na área do Marketing e Comunicação, sendo professor universitário por mais de 20 anos, foi Coordenador de Mídias Institucionais e Marketing Estratégico na Unipar e, recentemente, exerceu a função de Secretário de Comunicação do Município de Maringá, além de consultor empresarial e conferencista nas áreas de Marketing Digital, Legislação do Consumidor, Comunicação e Negócios.