há 6 horas
Heryvelton Martins

O cenário do patrimônio cultural de Ponta Grossa passou por mudanças significativas na noite de 6 de outubro de 2025. Em sessão pública realizada no Centro de Cultura, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC) deliberou sobre o tombamento de nove processos, resultando na proteção oficial de cinco imóveis e estruturas industriais que ajudam a contar a trajetória centenária da "Princesa dos Campos".
Entre os destaques da sessão, a Chácara Vista Alegre, no bairro Olarias, teve seu tombamento deferido por unanimidade no Grau de Proteção 2. Construída na década de 1930 pelo imigrante português Ivo Mendes Barreto, a edificação é considerada um marco da ocupação rural da região e mantém características originais, como janelas tipo guilhotina e porão em tijolos.
No distrito de Itaiacoca, a história do ciclo industrial do calcário foi preservada com o tombamento dos Fornos de Cal Passo do Pupo (construído em 1971) e dos Fornos de Cal Três Barras (cuja construção remonta ao final do século XIX). Ambas as estruturas foram reconhecidas como patrimônio industrial e social, simbolizando o esforço coletivo de trabalhadores da região.
A Avenida General Carlos Cavalcanti também garantiu a preservação de um de seus ícones: o imóvel da "Multinoivas". Edificado em 1927, o prédio é um exemplar da arquitetura urbana da época e foi residência de Bortolo Nadal, figura relevante no desenvolvimento de Uvaranas. O tombamento foi aprovado com 16 votos favoráveis.
Já no Centro, o "Estacionamento Art Déco", na Rua Coronel Dulcídio, foi tombado no Grau 2. O prédio, que funcionava como oficina da Ford em 1939, é um dos mais antigos exemplares desse estilo na cidade, assemelhando-se à vanguarda arquitetônica de grandes metrópoles daquele período.
Nem todos os processos resultaram em tombamento. Os pedidos para a Igreja Presbiteriana, o sobrado da Família Voigt (Sobrado com Varanda), a residência da Família Ribas e a casa da Família Espiridião foram indeferidos após votações acirradas. Nestes casos, argumentos sobre a falta de características modernistas puras, necessidade de reformas para uso atual e questões de nulidade jurídica pesaram na decisão final dos conselheiros.