O chocolate é uma paixão mundial e segundo historiadores, antes de ser sensação global, ele teria tido origem no continente americano, mais especificamente nas antigas civilizações pré-colombianas. Em meados dos séculos XVII e XVIII, os colonizadores teriam exportado o chocolate à Europa, onde o produto ganhou popularidade e passou a ser produzido em massa, mesmo com as dificuldades climáticas.
Com a massificação da produção, o chocolate se tornou praticamente onipresente na sociedade, objeto de desejo das crianças, ideia de presente para os namorados e até inspiração para filmes como A Fantástica Fábrica de Chocolate, Julie e Julia, Simplesmente Complicado, Românticos Anônimos e muito mais.
Entretanto, até hoje existe uma grande confusão sobre as reais propriedades, efeitos e benefícios do chocolate ao corpo humano. Para sanar essas e outras dúvidas, Vogue conversou com Cláudia Nascimento Montemor, médica endocrinologista e professora do curso de medicina da PUC-PR de Londrina.
Chocolate é afrodisíaco?
Não é de hoje que os “chocólatras” falam sobre as propriedades afrodisíacas do alimento e para sua surpresa (ou não), a alegação é verdadeira. Segundo a acadêmica da PUC, por conta do efeito das matilxantinas — substância com efeito estimulante — presentes no chocolate, assim como ocorre no vinho, o produto pode ter um efeito afrodisíaco. “Ele é capaz de liberar a produção de serotonina no nosso corpo, que traz a sensação de bem-estar, fazendo com que o apetite sexual seja estimulado, tanto em homens como em mulheres”, afirma Cláudia.
Quais são os reais benefícios do chocolate?
“Sensação de bem-estar, melhora no fluxo sanguíneo, redução no colesterol e diminuição do estresse”. São estes os benefícios que podem ser alcançados com o consumo chocolete, chega a parecer milagroso, não? Entretanto, a doutora Cláudia faz um apontamento. “É importante salientar que o chocolate só trará benefícios dentro de uma alimentação balanceada com controle de gorduras, açúcares e associada a prática de atividades físicas regulares”.
E se você é do tipo que acredita que quanto mais amargo for o chocolate, mais benéfico ele será, bom, você está certa. “O chocolate pode ser considerado um alimento nutritivo e funcional, pois é rico em vitaminas, esteróis, fosfolipídios, alcaloides, polifenóis e os famosos antioxidantes. E isso vale para todos os tipos de chocolate, mas principalmente o amargo, que é rico em flavonoides, substância antioxidante encontrada naturalmente no cacau”, explica a doutora.
E o chocolate branco?
Com fama de vilão, há quem nem o considere como verdadeiro chocolate, pois é produzido a partir da manteiga do cacau e não possui a semente em sua composição. Por mais que seja uma delícia, sim, ele acaba por ser mais prejudicial que os demais. “Além da manteiga, ele contém leite, açúcar e lecitina, o que confere maior quantidade de calorias e gorduras que os demais”, aponta Cláudia Montemor, que por sua vez, ressalta também um benefício do mesmo. “Por ter tanto açúcar, ele acaba por gerar uma carga energética no corpo”.
Chocolate aumenta ou diminui o colesterol?
Essa questão já deve ter pairado pela sua cabeça, principalmente, enquanto você seguia aquela dieta rígida. Para sorte de todos, não é mito, é um fato que o chocolate ajuda na redução do colesterol, mas cuidado, não são todos que contemplam esse benefício. “Alguns estudos já demonstraram que a manteiga de cacau não é tão ruim quanto imaginávamos, pois não eleva os níveis de colesterol. O maior problema é a adição de gordura hidrogenada nos produtos comercializados aqui no Brasil, essa sim pode elevar o colesterol”, orienta ela.
Chocolate causa acne?
A acne é um problema que pode acompanhar mulheres por anos, às vezes na adolescência, às vezes na fase adulta. São inúmeras as questão que giram em torno deste problema dermatológico e, naturalmente, o chocolate acaba levando a culpa quando uma espinha nasce aqui ou ali. Sobre isso, Cláudia Montemor alerta: “Não há estudo que comprove essa associação [de comer chocolate com o surgimento de acne], mas a quantidade de gorduras pode provocar problemas cutâneos e dentro de um contexto de uma alimentação cheia de produtos ultraprocessados, esses sim maléficos à saúde, obviamente não podemos culpar somente o chocolate”.
Quais são os malefícios do consumo excessivo do chocolate?
Já fiz o ditado popular: “tudo em exagero é ruim”, e o chocolate não foge desta regra. “Seu consumo em excesso pode estar associado a aumento de peso e de taxas de glicose no sangue mais elevadas o que futuramente pode levar a aparecimento de diabetes em indivíduos predisposto”, comenta Cláudia.
Quantia correta de chocolate para se comer ao dia, existe?
Sem essa de “serve quatro pessoas, comi sozinha”, apesar de divertido, este famoso meme na internet pode ser nociso à saúde. Questionada sobre a quantidade ideal para se manter os benefícios do chocolate, Cláudia é sucinta. “O consumo ideal segundo o Ministério da Saúde é de apenas 30 gramas por dia”.
Chocolate amargo não engorda?
Não corra para o chocolate amargo achando que vai fugir dos riscos, hein! Segundo a doutora, se consumido em excesso, acrescido numa alimentação ruim de um indivíduo sedentário, o chocolate amargo vai auxiliar no aumento do peso sim. “Sim, influe neste quesito. Afinal, não podemos atribuir os erros de uma vida não saudável a apenas um produto/alimento”, explica a acadêmica.
Chocolate diet ou light, quem deve consumir e por quê?
Logo de antemão sabemos que o chocolate diet não contempla açúcar na sua composição, sendo o mesmo substituído por compostos adoçantes. Mas, afinal, quem deve realmente comer este tipo de alimento? “Seu consumo é mais indicado para diabéticos e indivíduos em dietas restritas em calorias para emagrecer, mas é sempre melhor consumir chocolates com maior teor de cacau que um chocolate ao leite diet, pois além de ser menos calórico, com menor teor de gordura, ele tem maior quantidade de flavonoides, poderosos antioxidantes”, pontua Cláudia Montemor.