A Prefeitura de Curitiba e instituições da sociedade civil formalizaram, nesta quarta-feira (22/10), um protocolo de intenções para uma campanha educativa sobre como ajudar, de forma efetiva e segura, pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social, entre elas as que estão em situação de rua. A assinatura do documento aconteceu em uma reunião na sede da Associação Comercial do Paraná (ACP).

“Pra a ajuda durar, mude o jeito de ajudar.” Esse é o slogan da nova campanha, que convida os curitibanos a refletirem sobre o impacto real das doações e a adotarem práticas de solidariedade mais estruturadas e transparentes. A proposta é clara: ajudar, sim — mas do jeito certo.

O prefeito Eduardo Pimentel ressaltou que a iniciativa tem o propósito de conscientizar a população e promover uma transformação efetiva na cidade. “Cada doação contribui para fortalecer os atendimentos já realizados pelo município, desde a abordagem social e o acolhimento até o acesso à alimentação e, quando necessário, ao tratamento de saúde e à desintoxicação da dependência química”, explicou.

Eduardo também destacou a importância das ações voltadas à capacitação profissional e ao encaminhamento para o mercado de trabalho, que representam oportunidades reais de geração de renda e superação da vulnerabilidade.

Doação via PIX

Com a campanha, que será desenvolvida em várias fases, qualquer pessoa pode contribuir via PIX, com valores fixos de R$ 5, R$ 10 ou R$ 50, ou com qualquer outra quantia que quiser. Todos os recursos serão direcionados ao Fundo da Fundação de Ação Social (FAS), por meio do Disque Solidariedade. Previsto em lei, o Disque Solidariedade recebe doações de produtos e, agora, também de recursos financeiros, destinados a pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas nas unidades da fundação.

Para participar, basta acessar o site Curitiba Solidária e clicar no card “Doações FAS via PIX”. Em seguida, escolher o valor que quer doar, fazer o pagamento, enviar o comprovante e informar se a doação é de pessoa física ou jurídica.

A campanha será divulgada principalmente nas redes socais e por meio de cartazes que serão afixados no comércio. Em breve, além do site Curitiba Solidária, placas com QR Code estarão espalhadas por pontos estratégicos da cidade, como ruas, parques e pontos de ônibus, para facilitar o acesso ao canal de doações.

Demanda da sociedade

O presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, destacou que a campanha atende a uma demanda da sociedade e busca sensibilizar a população sobre como exercer a solidariedade de forma efetiva. “Quando alguém doa, está querendo fazer o bem, e isso é bonito. Mas é importante lembrar que, ao entregar uma doação diretamente à pessoa que pede, muitas vezes a ajuda não chega da forma mais segura e nem mais efetiva, podendo até reforçar situações de vulnerabilidade”, disse.

Renan destacou que, na FAS, cada doação é cuidadosamente organizada, registrada e entregue com acompanhamento social. “Quando alguém faz uma doação para a FAS, tem a garantia de que, além de contribuir com bens materiais, está ajudando uma pessoa a receber o suporte técnico necessário para superar a situação de vulnerabilidade”, explicou Renan.

Apoio do setor empresarial

A campanha conta, neste momento, com o apoio de nove entidades empresariais e de classe, além de empresas que assinaram o protocolo de intenções. São elas: Associação Comercial do Paraná (ACP), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio–Sesc/Senac), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rede Empresarial Centro Histórico e Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel – Seccional Paraná).

Também apoiam a iniciativa a Associação dos Permissionários do Mercado Municipal de Curitiba, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIHPR), o Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação (SEHA) e o Curitiba Convention & Visitors Bureau.

O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Gilberto Deggerone, destacou a importância da campanha como uma ação educativa e humanitária. “É uma iniciativa salutar, educativa e também muito cristã. Que todos nós possamos colocar essa ideia em prática, porque ela representa uma forma consciente e efetiva de ajudar o próximo”, disse. Para ele, a campanha também contribuirá para reduzir situações que levam à vulnerabilidade e até a criminalidade.

O diretor e coordenador do Conselho de Responsabilidade Social da Fiep, Fernando Mizote, ressaltou que a iniciativa fortalece a destinação correta dos recursos e potencializa o impacto social das doações. “Ao canalizar as doações para os serviços desenvolvidos pela FAS, a campanha potencializa o alcance das ações e garante que a ajuda chegue a quem realmente precisa. Além disso, ajuda a combater os fraudadores que se aproveitam da boa-fé das pessoas”, comentou. Mizote colocou o Sistema Fiep à disposição para ampliar parcerias e contribuir com a qualificação profissional da população em situação de vulnerabilidade.

A presidente da Rede Empresarial Centro Histórico, Maria Lopes Bonamigo, destacou a união de esforços em torno de um objetivo comum, que é o de promover oportunidades. “É muito bom ver tantas entidades unidas em prol da sociedade, com respeito e cuidado com quem mais precisa. Essa campanha é um gesto de apoio, que ajuda as pessoas a encontrarem oportunidades. Todos são cidadãos e merecem ser acolhidos.”

Trabalho intersetorial

Curitiba conta com uma ampla rede de serviços voltados à superação de situações de vulnerabilidade e risco social. A porta de entrada é normalmente pela assistência social, por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e dos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP), mas há serviços e ações de várias secretarias, com um trabalho intersetorial.

Entre elas a de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN), com o programa Mesa Solidária, que oferece refeições diárias e gratuitas em três pontos da cidade; a Saúde, que tem o Consultório na Rua, que realiza atendimentos em diversos pontos da cidade, além das unidades de saúde e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).

Há ainda a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humanos (SMDH), com o projeto Nova Morada Vida Nova, que oferece 100 vagas de acolhimento para homens e mulheres, além de atender pessoas com dependência química e fazer o encaminhamento para comunidades terapêuticas especializadas em desintoxicação.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI) oferece cursos gratuitos pelo programa Liceu de Ofícios e Inovação e promove regularmente feiras e mutirões de emprego. A Fundação Cultural de Curitiba (FCC), oferece atividades culturais, música, visita a museus; a Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), atividades de lazer e esportivas; e a Educação realiza exames de equivalência em algumas unidades da FAS e matrícula nas escolas.

Presenças

Participaram também da reunião os presidentes do SEHA, Jonel Chede Filho; da Abrasel, Luís Fernando Menuci; da Associação dos Comerciantes Estabelecidos no Mercado Municipal, Cleverson Augusto Schilipacke; da ABIHPR, Paulo Peretti Iglesias; do Curitiba Convention & Visistors Bureau, Gislane Queiroz; além dos vice-presidentes da Fecomércio, Paulo Nauiack, e da ACP, Paulo Mourão.

A Prefeitura de Curitiba foi representada ainda pelos secretários da Comunicação Social, Marc Sousa, e da Segurança Alimentar e Nutricional, Lerverci Silveira Filho, pela assessora de gabinete do prefeito, Tatiana Turra, e pela administradora da Regional Matriz, Ariane Assis.