há 8 horas
Amanda Martins

A série Tremembé trouxe à tona uma das histórias mais comentadas da trama: o romance entre Daniel Cravinhos e Celina, personagem inspirada em Alyne Bento, ex-esposa do condenado pelo assassinato de Suzane von Richthofen. Filha de uma agente penitenciária, Alyne conheceu Cravinhos durante uma visita ao irmão e assumiu publicamente o relacionamento, que também ganhou destaque no audiovisual.
Segundo Alyne, o envolvimento foi marcado por intensidade emocional. “O Daniel é a pessoa mais afetuosa do mundo. Fui muito feliz ao seu lado. Às vezes, acordava no meio da noite com ele me cobrindo de beijos”, disse na época. Ela relembrou episódios da relação, como a expulsão de um restaurante durante a lua de mel. “Eu sabia que pagaria esse preço. É difícil concorrer com o mundo aqui fora. O Daniel tem fome de liberdade e é muito assediado por mulheres”, afirmou.
O caso reacende a discussão sobre um tipo específico de fetiche: a hibristofilia, termo que descreve a atração por pessoas que cometeram crimes ou estão encarceradas. De acordo informações do portal Metrópoles, para o sexólogo Vitor Mello, trata-se de uma forma de parafilia marcada por forte carga emocional e projeções idealizadas. “A pessoa tende a enxergar no parceiro alguém que precisa ser salvo ou redimido. É uma atração construída muito mais sobre fantasias do que sobre a realidade”, explica.
Mello aponta que a idealização é reforçada por narrativas e conteúdos que circulam nas redes sociais, alimentando o imaginário coletivo. A projeção pode transformar o criminoso em símbolo de poder, vulnerabilidade ou redenção, dependendo das emoções envolvidas.
O fenômeno, no entanto, não é isento de riscos. Quando a fantasia ultrapassa a esfera simbólica e se torna um envolvimento real, podem surgir prejuízos psicológicos e até riscos físicos. “A hibristofilia tende a gerar vínculos emocionais desequilibrados. A idealização é profunda, e muitas vezes a pessoa acredita ter a missão de salvar o outro”, afirma o especialista.
Em alguns casos, o perigo funciona como elemento de excitação, mantendo o ciclo emocional ativo. Segundo Mello, a atração costuma estar ligada a fatores como baixa autoestima, histórico de relacionamentos abusivos ou busca por emoções intensas. “O que move esse tipo de envolvimento não é apenas o desejo físico, mas a necessidade emocional de validação ou da adrenalina que o risco proporciona”, conclui.