Conheça a obra de R$ 2 bilhões que envolve linhas de transmissão onde Ponta Grossa será subestação
Na última segunda-feira (8), em entrevista ao programa JB Urgente no D’Ponta News, o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, deu uma notícia exclusiva sobre uma obra que será realizada na cidade no valor de aproximadamente R$ 2 bilhões de reais envolvendo torres de transmissão.
Esta obra estaria sendo feita e idealizada pela Engie, empresa francesa com subsidiária no Brasil. A empresa mineira Tabocas, que atua no estado do Paraná, é a responsável pela efetiva construção do projeto, na qualidade de contratada para a implantação do Sistema de Transmissão Gralha Azul, a mesma é detentora da concessão para implantação e operação do Sistema de Transmissão em referência, denominação alusiva ao Lote 01 do Leilão de Transmissão ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) 02/2017.
A obra não possui ligação com a Copel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica no Paraná.
Empresa responsável
De acordo com a empresa, a Engie é a maior produtora privada de energia elétrica do Brasil, com capacidade instalada própria de 10.211MW em 61 usinas, o que representa cerca de 6% da capacidade do país. A empresa possui quase 90% de sua capacidade instalada no país proveniente de fontes renováveis e com baixas emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa), como usinas hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa.
Procurada pelo D’Ponta News, a Engie respondeu a alguns questionamentos sobre a realização das obras.
A obra
A obra é intitulada de projeto ‘Sistema de Transmissão Gralha Azul’, um empreendimento, considerado de Utilidade Pública para a região, conforme demonstram os estudos realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que apontou defasagens para atendimento à demanda de energia a partir de 2018.
O projeto todo tem o valor de investimento, da Engie, de R$ 2 bilhões. As obras começaram há pouco tempo, ano passado [2019] foi realizado uma parte de terraplanagem em Ponta Grossa, onde será a subestação. Lembrando que, uma subestação é uma instalação elétrica de alta potência, contendo equipamentos para transmissão e distribuição de energia elétrica, além de equipamentos de proteção e controle.
Mas as obras pelas cidades que integram o projeto começaram neste ano e ainda estão em andamento. Para toda a obra serão gerados cerca de 5 mil empregos, diretos e indiretos, a prioridade é a contratação de mão de obra local, sempre que possível.
Projeto é legal, garante empresa
Conforme previsto na Resolução Conama nº 237 [órgão do Ministério do Meio Ambiente], o licenciamento ambiental do Sistema de Transmissão Gralha Azul foi conduzido em âmbito estadual pelo Instituto de Água e Terra – IAT. O projeto teve sua viabilidade ambiental atestada pelo órgão ambiental competente, e cumpre todos os ritos legais de licenciamento ambiental, tendo sido obtidas as Licenças Prévia e de Instalação, bem como as Autorizações para Supressão da Vegetação Como resultado de uma ampla análise das alternativas locacionais, o projeto tomou o cuidado de desviar as linhas de transmissão de Unidades de Conservação de Proteção Integral, Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), núcleos comunitários e turísticos consolidados, territórios indígenas e comunidades tradicionais, resultando, assim, em um traçado que prioriza a passagem em áreas já antropizadas, ou seja, áreas que já sofreram a ocupação humana em sua maior extensão.
Monitoramento constante
Sobre o Sistema de Transmissão Gralha Azul, a empresa informa que diversos programas ambientais estão sendo implantados, como o monitoramento de flora, fauna e resgate de germoplasma, resgate e monitoramento arqueológico, gestão ambiental, educação ambiental, programas ambientais que supervisionam a construção, programas de recuperação de áreas degradadas, entre outros, de forma a minimizar, mitigar ou compensar os impactos do projeto. O acompanhamento dos trabalhos de recuperação é contínuo, tanto nas áreas a serem recuperadas, quanto nas áreas já em processo de recuperação.
Impactos positivos
Entre os impactos positivos do Sistema de Transmissão Gralha Azul, estão a identificação, proteção e conservação de patrimônio arqueológico na área do empreendimento e a contribuição à pesquisa científica da região por meio dos resultados obtidos com a execução dos programas ambientais. Outro benefício gerado à população são as oportunidades de emprego nas áreas de construção civil, saúde e segurança do trabalho, ambiental e do terceiro setor, com priorização para a contratação de mão de obra local.
Transparência
Conforme a Engie, empreendimento está sendo realizado com total transparência, principalmente, junto às comunidades adjacentes por onde as linhas passam, que desde a fase de estudos puderam esclarecer dúvidas e vêm sendo informadas sobre as etapas de construção, por meio do desenvolvimento dos programas de sensibilização ambiental de comunicação social.
Escarpa Devoniana
Um dos pontos polêmicos do projeto é em relação à travessia das linhas de transmissão sobre a unidade de conservação APA da Escarpa Devoniana. Segundo a Engie, ao longo do processo de licenciamento ambiental os órgãos competentes realizaram diversas vistorias terrestres e aéreas na região, que culminaram com a emissão das Licenças Prévia e de Instalação do Empreendimento sem impedimentos para a passagem das linhas pela APA. O projeto também foi analisado e aprovado pela Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) do Estado do Paraná, por conta da travessia sobre a área em processo de tombamento na região da Escarpa Devoniana.
Polêmica com funcionários que viriam de outros estados
Na mesma entrevista realizada na segunda-feira (8), ao programa JB Urgente no D’Ponta News, o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, disse que para esta obra a empresa responsável teria supostamente trazido 400 trabalhadores da cidade de Manaus, no estado do Amazonas, uma das mais atingidas pela Covid-19 no Brasil.
Sobre este fato, a empresa responsável pela obra, a ENGIE afirma que não é verídico essas informações com relação aos trabalhadores vindos de Manaus e que não há nenhum colaborador da empresa internado com Covid-19 na cidade de Ponta Grossa.
Confira abaixo na íntegra a nota enviada pela empresa com exclusividade ao D’Ponta News:
NOTA DE ESCLARECIMENTO – colaboradores/Covid-19
A ENGIE vem esclarecer que não é verídica a informação de que 400 trabalhadores do Sistema de Transmissão Gralha Azul seriam provenientes de Manaus (AM). A empresa responsável pela contratação dos profissionais é a Tabocas, a qual tem priorizado a contratação de profissionais locais, sempre que possível. Cabe informar, ainda, que nenhum profissional do Projeto está internado em qualquer hospital do município com sintomas de COVID-19.
Ressalta-se que o Empreendimento é uma Concessão Federal, classificado como de Utilidade Pública, conforme previsto pela Resolução Conama nº 369/2006, e tem por finalidade promover o reforço à matriz energética nacional.
O Sistema Gralha Azul atravessará 27 municípios paranaenses, sendo composto por 15 linhas de transmissão de energia, que percorrem uma extensão de aproximadamente 1000 km, e 10 subestações, das quais: 5 subestações novas e 5 ampliações de subestações. Assim, o empreendimento é considerado um serviço essencial, necessário à ampliação da disponibilidade e da qualidade da energia elétrica na região, assegurando o fortalecimento do sistema, e contribuindo para o desenvolvimento econômico local.
Aproveitamos para informar que todos os colaboradores envolvidos nas obras são diariamente monitorados e orientados sobre as formas de contágio, sintomas e medidas de prevenção ao COVID-19. A fim de monitorar a evolução do vírus e reduzir sua velocidade de contágio, o projeto vem adotando as recomendações estabelecidas pelo Ministério da Saúde e implantando diversas medidas preventivas, como a intensificação dos cuidados de higiene nas frentes de trabalho. Os profissionais têm à sua disposição álcool em gel e são instruídos a realizarem a higiene nas mãos antes frequentemente. Outras ações que vem sendo adotadas são: o estabelecimento de trabalho remoto para os profissionais cujas presenças nas frentes de trabalho não são essenciais, isolamento dos profissionais que estejam nos grupos de risco, adoção de medidas visando evitar a aglomeração de colaboradores nos meios de transporte, canteiros de obra e frentes de trabalho, aumento dos cuidados e medidas de limpeza e desinfecção dos locais de trabalho e áreas de convivência, entre outras indicadas pelas autoridades em saúde.
Também foi determinado, em março, a suspensão temporária das viagens de folga dos trabalhadores do Sistema de Transmissão Gralha Azul e das empresas contratadas, até novas orientações, seguindo as normativas nacionais da Anvisa e do Ministério da Saúde. Para os casos em que as viagens sejam comprovadamente necessárias, os viajantes, ao retornar, mesmo sem apresentar sintomas, devem ficar em regime de quarentena e observação por pelo menos duas semanas. Da mesma forma, todos os novos profissionais que venham a ingressar na obra passam por um rigoroso processo de triagem médica, que inclui quarentena e testagem para detecção de COVID-19.
Não obstante, todos os colaboradores têm disponível o acompanhamento médico diário da equipe de saúde nos ambulatórios da obra. A prioridade do Sistema de Transmissão Gralha Azul, neste momento, é garantir que todos os trabalhos sejam executados segundo as medidas de controle e prevenção ao COVID-19, de forma a garantir a saúde, a segurança e o bem-estar de seus colaboradores e da população em geral. Para tanto, a empresa e suas contratadas têm estabelecido um canal direto de comunicação com a Vigilância Epidemiológica dos municípios, informando diariamente o resultado de todos os testes de contágio realizados em seus colaboradores.
Ressalta-se que, além do trabalho interno de proteção e conscientização, a Engie vem auxiliando os municípios interceptados pela obra, destinando equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas. Na semana passada, por exemplo, o Hospital Regional Universitário dos Campos Gerais, em Ponta Grossa (PR), recebeu do Sistema de Transmissão Gralha Azul máscaras N95, especialmente destinada a hospitais, pares de luvas, e aventais que auxiliarão os profissionais de saúde no atendimento aos pacientes. O Hospital é referência no atendimento à COVID-19 para 22 cidades da região.
Prefeitura confirma caso
Procurada pela reportagem do D’Ponta News, a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa afirma que existe este trabalhador e que o mesmo está positivado com Covid-19.
Confira abaixo a resposta enviada pela Prefeitura de Ponta Grossa ao D’Ponta News:
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) confirma que existe este trabalhador, sim, de uma grande obra, positivado no município. Outros detalhes não podem ser repassado devido ao sigilo do paciente.
Assista ao vídeo que apresenta o sistema ‘Gralha Azul’
Por: Matheus Fanchin/Com informações/Vídeo: Engie/Foto: Reprodução/FT Treinamentos e Serviços