Sábado, 21 de Setembro de 2024

Medidas de isolamento social podem ter evitado 4 mil mortes em PG, diz Rangel

2020-05-20 às 09:32

As medidas de distanciamento social adotadas em Ponta Grossa podem ter evitado a morte de 4 mil pessoas na cidade. A informação foi dada pelo prefeito Marcelo Rangel, na manhã desta quarta-feira (20), durante o ‘Programa Nilson de Oliveira’, que vai ao ar diariamente pela Rádio Mundi FM.

Segundo Rangel, no início da pandemia do novo coronavírus ele conversou com o Secretário de Estado da Saúde, autoridades médicas e pesquisadores das universidades para entender o que poderia acontecer com Ponta Grossa. “Eles me entregaram um estudo que mostrava que a cidade poderia ter até 4 mil mortes”, relata. “Isso provavelmente vai ficar na história da minha vida e na história de cada ponta Grossa”, acredita. 

As projeções

A projeção de que Ponta Grossa poderia ter até 4 mil mortes em decorrência da Covid-19 veio do Governo do Estado. “Eu conversei com o secretário [de Estado de Saúde] Beto Preto e ele me disse que os especialistas estavam prevendo milhares de mortes em todo o Paraná e Ponta Grossa poderia ter entre 1,5 mil e 3 mil mortes”, conta Rangel.

Ele acrescenta que os mesmos dados apareceram em um estudo desenvolvido por professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). “Também recebi uma pesquisa de uma professora da UEPG que dizia que se a gente não tivesse parado lá atrás, não tivesse feito o fechamento do comércio e a comunicação com a população, a cidade de Ponta Grossa frente à pandemia poderia ter 4 mil mortes”, destaca.

Entenda os dados

O prefeito fez questão de explicar em detalhes como os pesquisadores chegaram a esses dados alarmantes para Ponta Grossa. “Todo mundo está acompanhando os especialistas dizerem que a doença irá atingir 70% da população. Em uma cidade com uma população de 400 mil habitantes seria o equivalente a 280 mil pessoas”, explica. 

Os pesquisadores estimam que a taxa de mortalidade da doença é baixa, porém a superlotação nos hospitais e a falta de leitos de UTI pode fazer o número de vidas perdidas aumentar. “Cerca 5% das pessoas que pegam a doença precisam ser internadas na UTI e a taxa de mortalidade varia entre 0,7% e 1,2%. Isso daria 4 mil mortes em Ponta Grossa apenas pela Covid-19”, reforça.

O isolamento social e a ciência

Rangel acredita que essas mortes foram evitadas porque Ponta Grossa realizou o fechamento seletivo do comércio e adotou medidas de distanciamento social. “O isolamento funciona e isso também é científico. Ninguém está falando mentira na televisão. Nós somos prova disso. Ponta Grossa não teve nenhum óbito porque a gente fez o isolamento cedo e adotamos o distanciamento social”, enfatiza.

O prefeito também justificou porque o comércio da cidade continua funcionando de forma escalonada e com horário reduzido agora que Ponta Grossa vem registrando um aumento no número de casos de coronavírus. “Muita gente me pergunta porque o comércio continua aberto e se não era melhor fechar tudo agora como está acontecendo em outros estados. O isolamento funciona principalmente antes de começarem a aparecer os casos porque você precisa explicar para a população a gravidade da doença”, afirma.

Para Rangel, a grande maioria da população já entende a seriedade da situação e, por isso, está adotando as medidas de prevenção indicada pelas autoridades de saúde. “Hoje ninguém mais nega a gravidade da doença. Não é possível você ver que morreram 1,2 mil pessoas num dia [no Brasil] e dizer que isso não é grave. É a maior tragédia da história da humanidade, nem na Segunda Guerra Mundial nós não tivemos tantas vidas perdidas no país”, compara.

Problema não acabou

Rangel reconhece que o problema ainda não acabou e a urgência de desenvolver uma vacina ou um medicamento contra a Covid-19. “Nós esperamos que venha a vacina ou um medicamento e que a gente não precise ter 70% da população contraindo a doença e sofrendo o que nós estamos sofrendo hoje que não tem medicamento, não tem nada”, frisa. Enquanto isso, o prefeito pede para que a população continue adotando o distanciamento social, higienizando as mãos e utilizando a máscara quando for inevitável sair de casa.