Desde o final de 2019, quando foi descoberto o novo coronavírus, pesquisadores e cientistas do mundo todo buscam um remédio ou vacina contra a Covid-19. E a eficácia do uso da cloroquina dentro deste cenário esteve no centro de vários debates.

Para falar mais sobre o medicamento e seus possíveis efeitos, o Alerta Covid-19 conversou com o doutor em ciências farmacêuticas, Bruno Minozzo.

O farmacêutico lembra que a cloroquina e a hidoxicloroquina são medicamentos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de doenças como malária, lúpus e artrite reumatóide. No entanto, o benefício desses medicamentos no tratamento da Covid-19 ainda é algo incerto. “Em meados de março tivemos uma primeira publicação na literatura científica a respeito da utilização deste medicamento associado a um antibiótico, que é a azitromicina, como possível solucionador do problema da Covid-19. Entretanto, tivemos diversas divergências a respeito deste e outros estudos que foram publicados mostrando o real benefício da cloroquina”, afirma.

Para Minozzo, a cloroquina só deveria ser utilizada dentro dos ensaios clínicos de pesquisa. “Nós temos um grande risco associado ao seu uso. E, apesar deste medicamento ser conhecido já há bastante tempo, ele é conhecido para o tratamento de outras doenças. Nunca se utilizou o medicamento para o tratamento da Covid-19, que é uma doença nova, e nem associado a outro medicamento, como a azitromicina”, explica. Ele lembra que no Brasil o primeiro protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde era que a cloroquina fosse utilizada em pacientes em estado grave, mas que recentemente esse protocolo foi ampliado para os casos considerados leves a moderados. 

O farmacêutico ainda alerta que a cloroquina não tem ação profilática, isto é, de prevenção, contra a Covid-19. “O medicamento não tem atuação profilática, por isso não adianta as pessoas comprarem e utilizarem. Outro ponto importante é que agora é um medicamento de uso restrito e controlado, as pessoas só conseguem comprar o indivíduo só consegue mediante apresentação de receita médica”, conta.

De acordo com Minozzo, diversas sociedades médicas do Brasil não recomendam o uso da cloroquina no tratamento de pacientes considerados leves ou moderados. Ele ainda lembra que a cloroquina pode causar efeitos colaterais. “Como qualquer substância, pode causar efeitos colaterais e efeitos colaterais graves, especialmente em pacientes que possuem comorbidade, aquelas doenças cardiovasculares”, complementa.

Para o futuro, Minozzo acredita que um tratamento realmente eficaz contra a Covid-19 só será desenvolvido a partir do ano que vem. “Acho que essa resposta acaba vindo para o ano que vem, quando, aí sim, vamos ter resultados de ensaios clínicos mais robustos que vão nos trazer maior certeza a respeito deste assunto”, finaliza.

‘Alerta Covid-19’ é um projeto independente que conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.