A construção civil é um dos segmentos mais importantes para a economia — e, consequentemente, tem influência no PIB brasileiro. Afinal, o setor interfere no crescimento do País e traz resultados positivos quando se desenvolve.
Como profissional do mercado imobiliário, é importante conhecer essas características para entender as projeções de mercado e avaliar o desenvolvimento da área. Além disso, é uma maneira de se preparar melhor para o cenário futuro que envolve construções, lançamentos e vendas.
Neste artigo, você descobrirá qual é a relação entre o PIB da construção civil e o PIB brasileiro e quais são os impactos desse setor da economia. Confira!
O que é o PIB brasileiro?
Sigla para Produto Interno Bruto, o PIB é um indicador essencial para acompanhar o estado da economia do país. Isso porque ele é usado para medir o crescimento da economia ao longo de um ano.
A evolução do PIB brasileiro, portanto, serve como um termômetro do crescimento do País. Quanto maior for o seu valor e maior for a diferença em relação ao ano anterior, maior é o crescimento observado na economia nacional.
Como funciona o PIB do Brasil?
Além de conhecer o conceito de PIB brasileiro, é preciso entender seu cálculo. Ele é dado pela soma de todas as riquezas geradas pelo país em um ano — ou em um trimestre, com correção do montante. Para tanto, consideram-se os valores gerados por diversos segmentos.
Na etapa em questão, ocorre a soma do preço obtido com a venda do produto final. Em vez de considerar a venda de todos os componentes e os processos intermediários, o cálculo usa apenas o que chega até o cliente de interesse.
Também é possível fazer cálculos indiretos, considerando a demanda do mercado. Nesse caso, utilizam-se informações como o consumo das famílias e do Governo, além de importações e exportações.
Vale notar que o PIB não indica quanta riqueza o país detém, e sim quanto ele gera. Se o setor de automóveis produzir milhões de veículos, mas vender apenas metade deles, por exemplo, o PIB do segmento é dado pela soma das vendas dessa metade.
Os dados, normalmente, são apresentados pela soma financeira das vendas, na casa de bilhões ou trilhões de reais. Além disso, é comum buscar a análise sobre o crescimento (ou a queda) do PIB brasileiro, o que é apresentado na forma de porcentagem.
O que é o PIB da construção civil?
Como você viu, a composição do PIB brasileiro pode ser estratificada nas vendas geradas por cada setor. Logo, é possível avaliar os impactos de cada segmento de produtos para os resultados da economia brasileira. Entre eles, está a construção civil.
Nesse sentido, existe o PIB da construção civil, que é a soma de todas as vendas realizadas pelo setor e, portanto, as riquezas geradas.
Devido a seu funcionamento, esse PIB tem impacto direto no resultado do desempenho de toda a economia brasileira. Como classificação, faz parte do PIB da indústria — sendo as outras opções a agropecuária e os serviços.
No geral, o PIB da construção civil é um indicador útil para medir o desenvolvimento do segmento ao longo de um ano. Também é possível comparar esse desempenho em relação aos resultados da economia.
Se o PIB da construção civil for positivo, é sinal que o segmento está aquecido, gerando mais riquezas que o período avaliado. Já o resultado negativo indica a retração desse setor.
Em comparação com o PIB do Brasil, pode-se avaliar se a construção civil acompanha ou destoa dos resultados nacionais. Pode acontecer de o PIB da construção civil ser maior que o brasileiro, indicando que o segmento está entre os maiores geradores de riqueza, por exemplo.
Qual o impacto da construção civil no PIB?
Entender a relação entre o PIB da construção civil e o do Brasil é importante por esse setor ser considerado um segmento de base da economia. Como consequência, é capaz de desencadear resultados em diversas frentes, com destaque para os serviços imobiliários.
Para compreender o impacto que as ações relacionadas à construção civil causam no PIB brasileiro, é possível usar os dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Em relação à série histórica de 2000 a 2020, confira a participação da construção civil no PIB a cada ano:
Ano | Participação no PIB (%) |
2000 | 7,0 |
2001 | 6,3 |
2002 | 6,5 |
2003 | 4,6 |
2004 | 4,9 |
2005 | 4,6 |
2006 | 4,3 |
2007 | 4,6 |
2008 | 4,4 |
2009 | 6,4 |
2010 | 6,3 |
2011 | 6,3 |
2012 | 6,5 |
2013 | 6,4 |
2014 | 6,2 |
2015 | 5,7 |
2016 | 5,1 |
2017 | 4,3 |
2018 | 4,0 |
2019 | 3,8 |
2020 | 3,3 |
A diminuição da participação da construção civil no PIB do mercado brasileiro se deve à taxa de crescimento geral do segmento. No acumulado de 2010 a 2019, a performance da construção civil foi negativa, em 6,0%.
Isso faz com que seu impacto na geração de riquezas seja progressivamente diminuído. Como você verá nos próximos parágrafos, a situação se relaciona aos impactos das condições econômicas no setor.
Além disso, é interessante considerar os efeitos dos serviços de atividades imobiliárias. Afinal, eles dependem diretamente da atividade do setor de construção civil e também ajudam a medir o resultado geral do segmento de imóveis na economia do País. Confira os dados:
Ano | Participação no PIB (%) |
2000 | 12,2 |
2001 | 11,4 |
2002 | 10,7 |
2003 | 9,9 |
2004 | 9,5 |
2005 | 9,3 |
2006 | 8,9 |
2007 | 8,8 |
2008 | 8,4 |
2009 | 8,7 |
2010 | 8,3 |
2011 | 8,4 |
2012 | 8,8 |
2013 | 9,2 |
2014 | 9,3 |
2015 | 9,7 |
2016 | 9,7 |
2017 | 9,8 |
2018 | 9,8 |
2019 | 9,8 |
2020 | 10,3 |
Qual é o histórico do PIB da construção civil?
Como vimos, conhecer os dados referentes ao PIB da construção civil é importante para entender a evolução do segmento ao longo do tempo. Em setembro de 2021, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados referentes ao segundo trimestre do ano.
Segundo o levantamento, o PIB da construção civil cresceu 2,7% em relação ao primeiro trimestre e de 13,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, a economia brasileira teve uma queda de 0,1% e se manteve praticamente estagnada.
O resultado do PIB da construção civil acima do desempenho nacional também foi observado no primeiro trimestre de 2021. No quarto trimestre de 2020, o crescimento do setor foi de 2,1%. Em comparação, a economia brasileira avançou 1,2% no mesmo período.
Já em 2020, o setor teve uma queda de 8,1% no segundo trimestre, a pior observada desde 1996. Porém, logo no trimestre seguinte, o avanço foi de 5,6%, o maior desde o primeiro trimestre de 2014.
Os dados demonstram a recuperação do setor, após sofrer quedas nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, a queda anual foi de 5,1% no setor, contra 3,6% negativos na economia nacional.
Em 2015, a redução foi ainda mais significativa. A queda de 7,6% no ano foi a maior desde 2003, quando a diminuição alcançou 8,9%. Somando o desempenho de 2014 e 2015, a queda acumulada foi de 8,43%.
Para entender como o segmento tem se desenvolvido, veja o histórico de performance do PIB da construção civil ao longo dos anos:
Ano | PIB da construção civil (%) |
2008 | 4,9 |
2009 | 7,0 |
2010 | 13,1 |
2011 | 8,2 |
2012 | 3,2 |
2013 | 4,5 |
2014 | -0,9 |
2015 | -7,6 |
2016 | -5,1 |
2017 | -5,0 |
2018 | -2,5 |
2019 | 1,6 |
2020 | -7,0 |
Como é o crescimento do PIB da construção civil em momentos de crise?
Considerando a relação próxima entre a construção civil e o desempenho da economia brasileira, vale a pena compreender os resultados em crises econômicas. Para entender melhor, confira os dados referentes ao ano, ao PIB da construção civil e ao PIB brasileiro:
Ano | PIB da construção civil (%) | PIB brasileiro
(%) |
2008 | 4,9 | 5,1 |
2009 | 7,0 | -0,1 |
2010 | 13,1 | 7,5 |
2011 | 8,2 | 4,0 |
2012 | 3,2 | 1,9 |
2013 | 4,5 | 3,0 |
2014 | -0,9 | 0,5 |
2015 | -7,6 | -3,5 |
2016 | -5,1 | -3,3 |
2017 | -5,0 | 1,3 |
2018 | -2,5 | 1,8 |
2019 | 1,6 | 1,4 |
2020 | -7,0 | -4,1 |
Por meio desses dados, é possível identificar a correlação entre os desempenhos. Considerando a série de 2008 a 2020, nota-se que o maior PIB da construção civil ocorreu em 2010 — o que coincide com o maior PIB brasileiro dessa época.
Da mesma forma, o desempenho negativo de 4,1% em 2020 se refletiu em uma queda de 7,0% na construção civil. Além disso, a recuperação econômica entre 2015 e 2019 ocasionou um avanço consecutivo do PIB — embora o primeiro resultado positivo só tenha acontecido em 2019.
Ao mesmo tempo, a velocidade de recuperação, de crescimento ou de queda nem sempre é a mesma. Em 2020, por exemplo, a queda da economia foi menor que a da construção civil por conta da interrupção das atividades econômicas.
Apesar de a construção ter sido considerada serviço essencial, ocorreram problemas com o fornecimento de matéria-prima e uma redução na capacidade produtiva. Além disso, outros segmentos, como o agronegócio, contiveram uma queda maior do PIB brasileiro.
Qual é a importância da construção civil para a economia nacional?
Com os dados vistos, é inegável que a construção civil tem impacto no desempenho do PIB brasileiro. Embora a participação tenha diminuído nos últimos anos, o segmento permanece tendo relevância para a economia nacional.
A seguir, descubra o que ajuda a justificar a importância do segmento no PIB!
Empregos
Um dos pontos mais relevantes sobre a construção civil é a sua capacidade de gerar empregos. O segmento está entre os mais relevantes nesse sentido, o que é determinante para diminuir a taxa de desocupação no Brasil.
De janeiro a outubro de 2020, o volume de empregos gerados pela construção civil foi de 138.406 vagas. Esse foi o maior desempenho desde 2016, quando o número de posições geradas alcançou 207.787 vagas.
Segundo dados do IBGE, o setor de construção civil era responsável, em média, por 7,31% das pessoas ocupadas em 2019. De janeiro a outubro de 2020, o número de trabalhadores na construção aumentou 6,4%. No mesmo período, o setor foi o que mais gerou novas vagas formais.
Aquecimento do mercado
A construção civil também é um segmento importante para aquecer diversos outros setores da economia. Afinal, quando essa indústria cresce, há maior consumo de matérias-primas, como aço, cimento e outros materiais construtivos. Então indústrias de base são favorecidas pelo movimento.
Outro ponto relevante é a movimentação de recursos na economia e o aumento do poder de compra da população. Com mais obras, aumenta-se a geração de empregos, o que favorece o incremento do poder de compra.
Isso pode levar a um aquecimento da economia em níveis locais, mas que contribui para o resultado geral. Como visto, há impactos sobre os serviços imobiliários, que têm um desempenho relevante no PIB brasileiro.
Investimento
Ainda existe uma ligação direta entre a construção civil e o investimento nacional. Normalmente, o primeiro setor é essencial para investir mais e, assim, levar a economia a um crescimento consolidado.
Entre 2010 e 2019, a construção civil respondeu por cerca de 50% dos investimentos da economia brasileira. Em 2019, especificamente, a taxa chegou a 44%. Como referência, é possível comparar com outros países, como a China, que apresentou taxa de investimento de 42,84%, em 2018.
Portanto, desenvolver a indústria da construção abre as portas para gerar mais investimento no País e na economia. Com isso, existe a oportunidade de fortalecer o cenário interno, rumo ao crescimento.
Desenvolvimento social
O fato de utilizar muita mão de obra e de favorecer o aumento do poder de compra faz com que o setor de construção civil tenha um impacto social. Por meio dele pode haver maior distribuição de renda, estimulando o consumo e o desenvolvimento de diversas classes sociais.
Essa indústria também aumenta os níveis de investimento e gera impactos induzidos e indiretos em outros segmentos econômicos — tanto no mercado imobiliário como na indústria moveleira, no varejo e até no mercado financeiro.
Como você viu, a construção civil tem um impacto relevante no PIB brasileiro. Apesar de a participação ter diminuído nos últimos anos, o segmento interfere diretamente na economia. Então conhecer os resultados pode ajudá-lo a atuar no setor de maneira mais estratégica.