De acordo com o calendário de semeadura da soja proposto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a safra 2021/2022 tem plantio liberado no mês de setembro para a maioria dos estados. Mas além de olhar para o calendário, os produtores também precisam estar atentos ao clima, já que é preciso de umidade no solo para lançar o plantio. Também é fundamental pensar em recursos para o estresse hídrico, entre eles, a escolha de cultivares resistentes.
Em algumas regiões do país o plantio da soja deve começar mais tarde, justamente por conta da irregularidade das chuvas, como explica o professor climatologista na Universidade de Rio Verde (UniRV), em Goiás, e Doutor em Agronomia, Gilmar Oliveira Santos. “Como temos a influencia de La Niña de fraca intensidade atuando esse ano – nós sabemos que ele influência mais fortemente no Sul, mas tem um resquício aqui na nossa região (Centro-Oeste), ele faz com que demore a regularidade de chuvas. Então, a chuva que era esperada para o agricultor soltar o plantio, agora 25 de setembro, na verdade ele vai conseguir lançar esse plantio só na segunda quinzena do mês de outubro, que é quando ele vai ter umidade no solo suficiente para realizar essa atividade”, esclarece Santos.
Essa é a realidade do produtor Carlos Kenji Suda, de Capão Bonito, no estado de São Paulo. “Ainda não foi iniciado o plantio da soja, meu plantio será final de outubro, depois da colheita de trigo, e também quando regularizar as chuvas”, explica Suda.
O plantio tardio da cultura da soja, por conta da irregularidade de chuvas pode atrapalhar o plantio sucessor, do milho. “Mesmo plantando a cultivar precoce o produtor faz de tudo pra tentar fazer a colheita dessa soja até no mês de fevereiro. Ano passado, que foi uma situação climática semelhante, isso não foi possível, alguns colheram ate o mês de março e aí atrasou o plantio da cultura do milho. Quando ele faz o plantio do milho fora do calendário, como aconteceu ano passado – em alguns casos isolados, essa cultura só pega chuva ate o final de março e temos uma queda de produtividade”, considera o professor Santos.
Como solucionar?
Além de recursos para reter a água e investimentos em irrigação, outro ponto fundamental para o sucesso da safra é a escolha de cultivares, como aponta o climatologista Santos: “A escolha do cultivar também vai influenciar, porque se esse produtor optar por cultivar de ciclo longo, principalmente na cultura da soja, inviabiliza o cultivo do milho em sucessão, por causa da demora nesse inicio das chuvas. Então, ele tem que optar por cultivares mais precoces, resistentes a déficit hídrico, para passar os veranicos. Isso tem no mercado hoje”, considera.
O engenheiro agrônomo, Djhonatan Lima, indica algumas das consequências mais relevantes da escolha da cultivar certa. “Hoje no cultivo em larga escala da cultura da soja, buscamos fatores de resistência, onde permitam a melhor e maior produtividade vertical nestes ambientes, sendo um dos fatores de grande relevância, a resistência ao estresse hídrico. Esta permite que a planta resista as condições adversas, resulte em uma maior estabilidade linear na produção e rendimento da cultura, melhorando a fotossíntese, reduzindo os distúrbios nutricionais, mantendo ativa a fixação biológica, preservando a área foliar e proporcionando um maior número de vagens produtivas por planta”, explica Lima.
O engenheiro ainda cita alguns exemplos de cultivares com resistência hídrica. “As cultivares FTR 3165 ipro, FTR 4262 ipro, FTR 2660 ipro e FTR 3557 ipro, são bons exemplos, onde permitem melhores adaptação e tolerâncias as condições adversas, possuem excelente sistema radicular, agressivo e muito bem desenvolvido, com maior ligação entre planta e solo, resistência as principais doenças e espécies de nematoides”, finaliza Lima.
Foto: Djhonatan Lima