Segunda-feira, 26 de Agosto de 2024

Ponto de Vista: “Tarifa ainda é cara. Não baixou o quanto gostaríamos”, analisa o diretor da Itaipu Binacional, Enio Verri

2024-03-16 às 14:34

Com os 50 anos de Itaipu, foi concluído o pagamento de US$ 63,5 bilhões da dívida para que o projeto saísse do papel. A expectativa da população era de que a tarifa de energia elétrica se reduzisse a partir daí. “A energia elétrica no Brasil ainda é cara. A população que paga sente isso. A expectativa que tínhamos e que o presidente Lula ainda tem: no último dia de fevereiro do ano passado, encerrou-se a dívida de Itaipu. Portanto, se não tem a dívida, a tarifa pode baixar”, disse o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, durante entrevista exclusiva ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (16).

O preço da energia foi reduzido em 26%, segundo Verri, mas na tarifa que chega ao consumidor, a redução foi bem menor porque a Itaipu produz somente 10% da energia consumida no Brasil e, portanto, essa redução foi proporcional: 10% dos 26% = 2,6%. “Baixou esses 2,6%, mas é tão pouco o valor que você não sente na tua conta. Para quem paga R$ 200, fica R$ 4 [de desconto]. Não baixou tudo o que gostaríamos”, diz.

Outra explicação de Verri para que a redução da conta de energia não tenha vindo a contento da expectativa do consumidor é que a Itaipu não pertence somente ao Brasil. “Eu sou o diretor-geral brasileiro porque tem um diretor paraguaio e a Itaipu é 50% do Brasil e 50% do Paraguai. O Brasil e o presidente Lula entendem que energia elétrica é inclusão social e ela tem que ser o mais barato possível. Entretanto, o Tratado de Itaipu diz que a energia que não é consumida por um país é obrigada a ser comprada pelo outro. Nós usamos toda a nossa energia. O Paraguai, não. O Paraguai usa só um pouco da energia a que ele tem direito e é obrigado a vender para o Brasil o restante e aí ele quer a energia o mais caro possível”, detalha.

O desafio para o Brasil é equilibrar as negociações sobre o valor da compra da energia paraguaia: enquanto o Brasil quer pagar o equivalente a US$ 14,77 pela energia, o Paraguai quer vender a US$ 22,60 por kilowatt (kW). “Estão paradas as negociações, porque o Paraguai quer vender muito caro e nós queremos comprar muito barato”, diz.

A Itaipu Binacional está assessorando o Ministério de Minas e Energia e o Ministério de Relações Exteriores e buscando um acordo sobre um valor que não onere mais o brasileiro e, ao mesmo tempo, dê condições para que o lado paraguaio também invista em seu desenvolvimento. “O presidente do Paraguai [Santiago Peña] não está errado: ele dirige um país, tem a metade de uma gigante e quer o dinheiro dessa empresa para desenvolver o país, que precisa desse recurso. A importância de Itaipu para o Paraguai é 40 vezes maior do que a importância de Itaipu para o Brasil. Por isso, um dólar a mais muda a vida do Paraguai”, analisa.

Além disso, houve a privatização da Eletrobras e a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar) assumiu esse papel. “O preço da tarifa de Itaipu passa para uma empresa que controla isso, antigamente chamada Eletrobras, agora é uma empresa chamada ENBpar, que é quem negocia com a Copel, Cemig, Enel e são essas empresas que distribuem e vendem. Nosso papel é produzir e negociar a tarifa. A comercialização ocorre na ponta, com as distribuidoras. A decisão do presidente Lula é baixar cada vez mais a tarifa. Além de brigarmos pela tarifa com o Paraguai, por uma tarifa cada vez mais baixa, estamos colocando também placas solares para aumentarmos a produção de energia solar. Como a energia solar também é barata, vai forçar a baixar ainda mais a energia elétrica aqui no Brasil”, diz.

Ponto de Vista 

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.