há 2 horas
Redação

A castração de cães e gatos em Ponta Grossa, realizada por uma empresa terceirizada vencedora da licitação pública, está sob grave suspeita de maus-tratos aos animais, especialmente quanto à aplicação inadequada da anestesia, segundo o veterinário e mestre em anestesiologia, Lorenzo Cavagnari. As denúncias alertam que os protocolos anestésicos atuais não garantem o conforto e a segurança dos animais, expondo-os à dor e a riscos clínicos evitáveis.
Em entrevista concedida ao D’Ponta News, o veterinário Cavagnari descreveu que o procedimento anestésico não está sendo feito adequadamente, deixando os animais “sentindo dor durante as castrações”. Ele afirmou que “não há nenhum fármaco adequado para manutenção anestésica no protocolo utilizado pela empresa, causando sofrimento e vários efeitos colaterais adversos”. Segundo ele, “se fosse fácil assim, por que não faz em humanos do mesmo jeito? A anestesia precisa ser constante, monitorada, para evitar dor e complicações. Aqui, estão aplicando uma anestesia incompleta, os animais ficam paralisados, mas sentem dor e isso é um absurdo do ponto de vista ético e técnico”.
Além do desconforto, o veterinário destacou o impacto da má anestesia na saúde dos pacientes, que podem ter quedas de pressão arterial e outros problemas, o que pode encurtar a vida dos animais. Ele lamentou que muitos protocolos não acompanhem a qualidade necessária para o procedimento, resultando em “hiperalgesia”, uma sensibilidade exacerbada à dor após a cirurgia, além de dores musculares por incisões mal feitas.
A denúncia também toca na questão da licitação que teria sido conduzida com irregularidades, favorecendo uma empresa sem experiência local, que contratou pessoal de fora e não possui o aparato adequado para um trabalho de qualidade. Segundo fontes, a empresa vencedora do pregão estaria operando com equipe insuficiente para cuidar da anestesia e do pós-operatório dos animais, condição agravada pela pena de valores baixos pagos no contrato municipal, insuficientes para assegurar o padrão adequado.
A equipe de jornalismo do D'Ponta News entrou em contato com a Prefeitura de Ponta Grossa para ter um retorno sobre as denúncias e segue tentando contato com a empresa responsável pelos serviços.
Segundo instituições como o SOS Bichos, a Prefeitura de Ponta Grossa chegou a suspender temporariamente o serviço de castração por alguns meses, o que contribuiu para o aumento da população de animais de rua no período. Em resposta a esse cenário, diversas entidades da causa animal organizaram manifestações e encaminharam pedidos formais ao Executivo municipal para o retorno dos mutirões. Após essas mobilizações, o serviço foi restabelecido, porém, agora, ele está sob questionamento por conta das denúncias referentes ao manejo inadequado e maus-tratos nos procedimentos.
Entidades protetoras de animais e especialistas alertam para a importância das castrações serem feitas com profissionalismo e respeito ao bem-estar animal, especialmente em programas públicos, para que não se tornem fonte de sofrimento e morte evitáveis. Enquanto isso, o caso em Ponta Grossa repercute como exemplo do desafio em equilibrar eficiência, orçamento e ética na causa animal.