Sábado, 04 de Maio de 2024

Cena Local D’P: Canadenses mexendo o ombrinho

2023-08-19 às 13:10

Erradicada no Canadá desde 2019, cantora ponta-grossense Bianca Rocha fala sobre atuais projetos e receptividade internacional

por Edilson Kernicki

Na primeira década dos anos 2000, a cantora Bianca Rocha marcou época na noite ponta-grossense, levando a sua afinada voz para diversos bares da cidade. Naquela altura, a vida noturna local vivia uma efervescência, com a cidade se reafirmando como polo universitário. Nesse cenário, ela conquistou uma legião de fãs com apresentações em locais como praças de alimentação de shoppings, Diesel, Leeds e Phono, que foi o palco de seu último show na cidade, ocorrido em 2019, ao lado de nomes como Boró, Paulão, Tarcísio e Athon Gallera.

No ano de sua derradeira apresentação, a cantora se mudou para Montreal, no Canadá, com o marido e a filha, “sem tempo determinado para voltar”. Desde então, ela tem investido de forma consistente em sua carreira artística, apresentando-se nos palcos canadenses e lançando diversos trabalhos. “Montreal é uma cidade com a alma muito aberta para receber culturas diferentes”, afirma, comentando que, enquanto o brasileiro entende um show como uma festa em que público e artista participam, o canadense é mais contido, atento e respeitoso, acompanhando o show “mexendo o ombrinho”.

Desde que chegou ao país, Bianca já se apresentou em eventos como Festival Internacional Nuit’s d’Afrique, Festijazz, Mondo Karnaval, Northern Lights Festival, e também no Jazz WKND, em San Cristóbal de las Casas, no México. Além de canções autorais, as suas apresentações incluem interpretações de Gal Costa, Elis Regina e da colombiana Lido Pimienta, com a canção “Eso Que Tu Haces”, que, assim como algumas faixas da própria Bianca, aborda um relacionamento abusivo.

Novo videoclipe

No último mês de junho, a cantora lançou o videoclipe de “Ce Chant” (Essa Canção, em português), faixa bônus de “Fim de Mundo”, seu álbum de estreia, lançado em 2021. Com letra em francês, a canção composta por Marcela Baiocchi e Isaac Neto ganhou arranjos de Isaac Neto e Rodrigo Simões.

Dirigido por Felipe Pio e Tiago Gerbasi, o clipe fala de alguém que conseguiu romper um ciclo de um relacionamento abusivo. “Tudo sempre focando não na violência das ações de uma relação tóxica, mas na esperança e na força que você tem dentro de você mesmo; que você pode pedir ajuda se precisar e que você tem forças para sair dessa relação, para romper com esse ciclo que está te fazendo mal”, explica.

Álbum

Em relação ao seu disco de estreia, Bianca avalia que “Fim de Mundo” teve uma repercussão muito positiva. “Consegui fazer com que a minha música chegasse mais longe. Consegui organizar as minhas ideias e um pouco mais dessa minha identidade artística”, afirma.

O álbum restabeleceu conexões com o diretor de cinema Cássio Kelm, também natural de Ponta Grossa, que produziu o clipe de “Despenteados”, sobre o amor entre duas pessoas não-binárias. “Um clipe produzido na pandemia, a distância, mas com uma leveza e uma graça incríveis, falando de amor, de afeto de um jeito que representa muito o que eu acredito”, conclui.

Assista

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #296