Sábado, 04 de Maio de 2024

D’P Entrevista: Mário Machado – Tudo o que você precisa saber sobre investimentos

2023-09-30 às 13:29
Foto: Divulgação

Assessor de investimentos credenciado à XP Investimentos há mais de sete anos e investidor há quase duas décadas, o especialista Mário Machado, diretor da unidade ponta-grossense da Invest Smart, ensina o passo a passo para começar a investir, dá dicas para potencializar os ganhos e mostra como minimizar riscos

por Michelle de Geus

Em 2022, o número de investidores brasileiros cresceu 36% e atingiu a marca de oito milhões de pessoas. Apesar do aumento expressivo, termos como taxa de juros, inflação, lucratividade, fluxo de caixa, renda fixa, tesouro direto e outros relacionados ao mundo dos negócios ainda são um bloqueio para quem quer começar a investir. Para descomplicar esses temas e auxiliar os que estão começando a maximizarem os seus ganhos é que surgiu a filial ponta-grossense da Invest Smart, escritório credenciado à rede XP Investimentos, uma das maiores do Brasil, com cerca de R$ 17 bilhões em custódia. De acordo com o sócio e diretor da unidade local, Mário Machado, a educação financeira muda a vida das pessoas. E ele garante: qualquer um pode investir. Na entrevista a seguir, Machado desmistifica os principais termos relacionados ao mercado e dá dicas para quem quer começar a investir hoje mesmo.

Como você definiria o objetivo principal de um investimento?

Quando você investe, está alocando recursos com o objetivo de obter retornos futuros. Esses retornos podem ser o crescimento do seu capital, a geração de uma renda passiva ou a segurança financeira para uma aposentadoria tranquila. Um investimento se torna verdadeiramente eficaz quando alinhado a um objetivo claro – por exemplo, adquirir um imóvel de R$ 1 milhão em cinco anos.

Ainda persiste a ideia de que investimentos são apenas para pessoas milionárias. Isso é verdade?

A ideia de que somente os ricos podem investir é um mito. Atualmente, a tecnologia e o acesso à informação nos permitem iniciar no mundo dos investimentos com quantias mínimas. Começar devagar, ampliar os nossos conhecimentos e ir aumentando o valor investido de acordo com as nossas possibilidades financeiras é uma estratégia viável e eficaz. Com apenas R$ 30,30 já é possível adquirir títulos do Tesouro Direto. Se você economizar R$ 300,00 por mês durante 20 anos, e esses recursos renderem 10% ao ano, você acumulará mais de R$ 206.190,00.

Quais são os principais tipos de investimentos disponíveis no mercado atualmente?

O mercado financeiro oferece uma gama ampla de tipos de investimentos, e podemos categorizá-los em três grandes grupos: Renda Fixa, Renda Variável e Fundos de Investimento. Na Renda Fixa, temos investimentos como a poupança, que é amplamente conhecida, além de CDBs [Certificados de Depósito Bancário], LCIs [Letra de Crédito Imobiliário] e LCAs [Letra de Crédito do Agronegócio]. A Renda Variável inclui ações, Fundos de Investimentos Imobiliários [FIIs] e Criptomoedas. Os Fundos de Investimento são uma categoria especial, podendo ser de renda fixa, renda variável ou um mix de ambos. Cada um tem as suas próprias características, vantagens, riscos e potenciais retornos.

“A ideia de que somente os ricos podem investir é um mito. Atualmente, a tecnologia e o acesso à informação nos permitem iniciar no mundo dos investimentos com quantias mínimas”

 

Dentro dessas opções, qual considera mais adequada para quem está começando a investir?

Para aqueles que estão dando os primeiros passos, sugiro começar com investimentos de Renda Fixa, como Tesouro Direto, CDBs, LCIs e LCAs. Eles são mais fáceis de entender e menos arriscados, já que os emissores são geralmente entidades confiáveis, como o Governo Federal e bancos. No entanto, é fundamental que o iniciante busque conhecimento e comece a diversificar os seus investimentos à medida que ganhe confiança e experiência. Lembre-se de verificar a data de vencimento do título e a sua carência para resgate, optar por bancos sólidos, e utilizar a garantia do Fundo Garantidor de Crédito [FGC], respeitando o limite de R$ 250 mil por instituição e o teto total de R$ 1 milhão.

Qual é a diferença do investimento em ações e em títulos? Quais as vantagens e desvantagens de cada um?

Investir em ações equivale a adquirir uma parte de uma empresa, tornando-se acionista. As ações podem oferecer alto retorno, sobretudo através da valorização da ação e dividendos, porém carregam alto risco. Já os investimentos em títulos correspondem a emprestar dinheiro para uma entidade – governo, banco, empresa –, que se compromete a pagar juros regulares e devolver o valor principal na data de vencimento. Embora os títulos sejam geralmente mais seguros que as ações, apresentam um retorno potencialmente inferior.

Quais critérios são importantes para avaliar a saúde financeira de uma empresa antes de investir nela?

Dívida total versus patrimônio, lucratividade, fluxo de caixa e crescimento das receitas são alguns indicadores. A avaliação da gestão da empresa, o setor em que ela atua e a conjuntura econômica também são importantes. Todas essas informações estão geralmente disponíveis em relatórios anuais das empresas e em plataformas financeiras especializadas. Lembre-se que a ajuda de um assessor de investimentos pode facilitar bastante esse processo.

Quais fatores devem ser levados em conta ao escolher um investimento?

A escolha começa pelo entendimento do seu perfil de investidor: você é mais conservador, moderado ou arrojado? Além disso, os seus objetivos financeiros e o tempo para alcançá-los são fundamentais. A rentabilidade esperada e o nível de risco do investimento também são pontos-chave. Outro aspecto é a liquidez do investimento, ou seja, a rapidez com que você pode converter o investimento em dinheiro, caso necessário. E, é claro, não podemos nos esquecer da importância da diversificação para reduzir riscos.

Quais são os benefícios em diversificar uma carteira de investimentos?

A diversificação de investimentos é uma estratégia que envolve a alocação dos recursos em diferentes tipos de ativos, setores e regiões geográficas. Isso reduz o risco total da carteira e abre a possibilidade de aproveitar oportunidades variadas no mercado, potencializando os ganhos.

Quais outras estratégias podem ser usadas para maximizar o retorno sobre investimentos?

Há uma série de estratégias para ampliar o retorno sobre investimentos. Entre elas estão a reavaliação periódica da carteira para ajustá-la conforme as condições de mercado; o reinvestimento de dividendos e juros recebidos; a diversificação dos investimentos; a compra de ações subvalorizadas visando a valorização de capital; e o constante aprendizado sobre finanças para tomar decisões mais informadas. A educação financeira é um investimento em si mesmo.

Na sua visão, quais são os principais riscos ligados aos investimentos e como evitá-los?

Os principais são o risco de mercado, que envolve as possíveis perdas devido às variações nos preços; o risco de crédito, relacionado à capacidade do emissor do investimento em cumprir as suas obrigações; e o risco de liquidez, que é a dificuldade em resgatar o investimento quando necessário. Esses riscos podem ser atenuados com a diversificação de investimentos, educação financeira e adoção de estratégias de gestão de riscos – sempre que possível, com o suporte de um profissional da área.

Como a inflação impacta os investimentos e quais medidas os investidores podem tomar para se resguardar?

A inflação corresponde ao aumento generalizado de preços na economia, reduzindo o poder de compra do dinheiro. Se a rentabilidade de seu investimento for inferior à inflação, isso significa perda de poder aquisitivo. Para exemplificar, R$ 100,00 compravam mais produtos há dez anos do que hoje. Para se proteger, os investidores podem optar por investimentos que proporcionem retornos acima da inflação, como títulos indexados à inflação, ações de empresas capazes de repassar a inflação aos preços de seus produtos ou serviços, entre outros.

Quais fatores influenciam as taxas de juros e qual é a consequência para os investimentos?

Os principais elementos são a política monetária do Banco Central, a inflação, o crescimento econômico e a situação fiscal do país. Quando as taxas de juros aumentam, os investimentos em Renda Fixa tornam-se mais atrativos, enquanto o custo de financiamento para as empresas cresce, podendo afetar negativamente as ações. Por outro lado, quando as taxas de juros caem, a Renda Fixa torna-se menos atrativa e o crédito para as empresas fica mais barato, o que pode beneficiar as ações.

Quais são os principais indicadores que os investidores devem monitorar para tomarem decisões bem fundamentadas?

Os investidores devem prestar atenção em três categorias de indicadores: pessoais, financeiros e macroeconômicos. Os pessoais envolvem a sua receita, despesas, poupança, nível de endividamento e planos futuros. Para ações de empresas e fundos imobiliários, é relevante monitorar indicadores como lucro por ação, preço/lucro, retorno sobre o capital próprio, entre outros. Já em uma perspectiva macroeconômica, acompanhar a inflação, taxas de juros, crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e desemprego é importante.

Que orientações você daria para evitar a tentação de comprar na “alta” e vender na “baixa”?

A melhor abordagem é ter uma estratégia de investimento bem definida e segui-la, independente das oscilações de curto prazo do mercado. Evite tentar prever o mercado ou seguir a multidão. Invista de forma regular, diversifique os seus investimentos e tenha paciência. Lembre-se que o investimento é para longo prazo e, assim como se busca um médico antes de tomar um remédio, para tomar uma decisão sobre investimentos, consulte um assessor financeiro.

“Os investidores devem prestar atenção em três categorias de indicadores: pessoais, financeiros e macroeconômicos”

 

Por que é importante ter um plano de investimento e como ajustá-lo ao longo do tempo?

Um plano de investimento é fundamental para atingir os seus objetivos financeiros. Ele auxilia na definição de metas, na escolha de investimentos adequados e na gestão de riscos. Contudo, o plano não deve ser imutável. É necessário revisá-lo e ajustá-lo conforme as mudanças de seus objetivos pessoais, circunstâncias financeiras e condições de mercado.

Como os investimentos contribuem para uma saúde financeira mais robusta?

Investir pode auxiliar na acumulação de patrimônio ao longo do tempo, gerar uma fonte adicional de renda, proteger contra a inflação e alcançar objetivos financeiros, como comprar uma casa ou se aposentar. Ademais, o processo de investimento pode fomentar maior consciência e controle financeiro. O nosso princípio é promover a independência financeira, o que significa não depender de INSS, planos de pensões ou previdências.

Além dos investimentos, que outras estratégias você sugere para maximizar os ganhos dos seus clientes?

Para além dos investimentos, outras estratégias para maximizar os ganhos envolvem poupar de forma regular, minimizar dívidas com juros elevados, constituir uma reserva de emergência, implementar um planejamento tributário eficaz e investir em educação e desenvolvimento profissional.