Sexta-feira, 15 de Novembro de 2024

Coluna Bits: “Um olhar real sobre a Indústria 4.0”

2021-03-24 às 11:36

De tempos em tempos somos bombardeados com um termo da moda. Nos anos 90 com o “3D”, recentemente com a febre dos “quânticos” e do “gourmet” e, quem é ligado em tecnologia percebeu o crescimento do uso da buzzword “Industria 4.0”.

Surgido na Alemanha e usado a primeira vez em 2011, foi originalmente trazido ao público como “Industrie 4.0”, com o objetivo de elevar a competitividade alemã na indústria da manufatura.

Dez anos se passaram e a “Industria 4.0” se tornou mais que uma palavra pop do cotidiano da tecnologia e engenharia, sendo usada para resumir toda a grande transformação que a indústria vem passando: a quarta revolução industrial.

Diferentemente das duas primeiras revoluções, onde tivemos a introdução de novas tecnologias e logísticas, a indústria moderna foi altamente beneficiada pela “revolução digital”, que é apontada como a terceira revolução industrial.

Com a evolução da eletrônica o custo de processamento tornou-se baixo o suficiente para que máquinas cada vez mais poderosas fossem viáveis, então era só uma questão de tempo até que os sistemas, que antes eram apenas sonhados pelas mentes mais brilhantes, emergissem à realidade. Sistemas estes que, inicialmente realizavam “apenas” a automatização de processos mecânicos, com capacidade de limitada comunicação entre equipamentos, evoluíram para máquinas quem pensam, conversam entre si e conosco, nos alimentam com dados que se transformam em inteligência que são usados para aumentar a competitividade das indústrias em um mundo onde 1% pode significar 1.000.000.

Para quem olha com uma visão de fora tudo isso pode parecer um tanto mágico e é compreensível toda a mística que envolvem tecnologias que movimentam bilhões de dólares, mas a “Indústria 4.0” pode ser vista com olhos mais reais, a partir do momento em que entende como as tecnologias são usadas em uma tal sintonia que objetivos anteriormente inalcançáveis podem ser atingidos com maestria. Em um artigo da OpenCadd, Silvia Lavagnoli, agrupa as tecnologias usadas em nove pilares:

Big Data e Data Analytics: Responsável pelo processamento do massivo volume de dados gerado pelos processos. Toda a informação coletada do processo é devidamente analisada de modo que este se torne mais eficiente no uso de recursos, aumente seu desempenho e qualidade.

Robôs autônomos: Responsável pela autonomia do processo, pois diferentemente dos robôs de processo tradicionais, não dependem da supervisão humana

Simulação: Responsável pela simulação computacional de situações reais, usando dados reais. Sobre este pilar pode-se adicionar como este pode ser responsável pela redução de custo ao não necessitar montar um protótipo físico do sistema ou produto que deseja ser criado, já que em ambiente de simulação pode-se criar as situações que este seria exposto e verificar seu comportamento, inclusive em condições totalmente adversas, que em um protótipo poderia resultar em situações de risco. A simulação é muito usada dentro da engenharia e pode-se criar desde simples circuitos até veículos em ambiente de simulação.

Integração de sistemas: Ao primeiro contato com a “Industria 4.0” percebe-se que a palavra de ordem é a integração. Tudo conversa. Silvia ainda vai mais longe e diz que “com redes universais de integração de dados as corporações da quarta revolução industrial nunca estarão isoladas”.

Internet das coisas: A famosa IOT, uma sigla que está no cotidiano da engenharia e, tal qual “Indústria 4.0”, não é só um termo da moda, mas sim uma tecnologia que já veio para ficar. Apontado por Silvia como responsável por dar a conectividade aos equipamentos, assim gerando os tão valiosos dados.

Cibersegurança: Já dizia Ben Parker “com grandes poderes vem grandes responsabilidades” e num mundo conectado a responsabilidade é garantir a segurança dos dados e dos processos. É responsável por garantir a segurança de tudo que tange o processo.

Computação em nuvem: Velho conhecido de muitos, e nenhuma novidade para uso pessoal, porém dentro das corporações modernas, este pilar tem sua capacidade e velocidade aumentadas para atender as demandas.

Manufatura aditiva: Responsável pela prototipagem física, diretamente ligado com a impressão 3D.

Realidade aumentada: tecnologia já bastante usada na indústria do entretenimento e pode ser considerada de grande potencial para as indústrias modernas. O uso da realidade aumentada é bastante impactante e traz para o real a capacidade de visualizar como muitos layouts podem ser aplicados sem a necessidade de um teste empírico, que na grande maioria das vezes é muito custoso. Gigantes da automação como a ABB já utilizam a realidade aumentada com grande sucesso.

Após observar todos os pontos acima é normal os mais céticos e críticos se perguntarem sobre qual a vantagem real que toda essa evolução tecnológica pode trazer, senão a redução da mão de obra da linha de frente nos processos. Discussões como esta podem levar horas e ainda sem um ponto de convergência, especialmente em uma sociedade altamente polarizada como a que vivemos.

O ponto chave é que toda essa evolução tecnológica leva a sociedade como um todo para situações em que eficiência gera processos que aproveitam melhor os recursos naturais, a segurança garante aos trabalhadores menores situações de risco, além de garantir segurança a toda comunidade adjacente à planta industrial, a qualidade garante um produto mais durável e que atende a necessidade do consumidor e em muitos casos a segurança do usuário.

Pode-se concluir que como toda mudança, ela precisa ser avaliada e processada pelas pessoas, que diferente das máquinas, não são exatas. Resistências são naturais e inerente à quase todo sistema. Mas é sempre importante lembrar que a evolução é como uma força da natureza e se opor a ela é não se adaptar e se adaptar garante a sobrevivência.

Referências:

https://opencadd.com.br/9-pilares-da-industria-4-0/

https://www.cleverism.com/industry-4-0/#:~:text=The%20term%20Industry%204.0%20was,competitiveness%20in%20the%20manufacturing%20industry.

https://www.simio.com/blog/2018/09/05/evolution-industrial-ages-industry-1-0-4-0/

https://stefanini.com/en/trends/news/the-5-advantages-ai-can-offer-industry-4-0