A silagem planta inteira de milho é a forrageira mais utilizada para bovinos e o maior componente das dietas de vacas em lactação. As decisões tomadas durante os poucos dias de colheita e ensilagem podem afetar o valor alimentar durante todo o ano.

É aí que entra a dúvida de muitos produtores e técnicos: Colher a silagem de milho com máquina própria ou terceirizar?

A nossa região foi uma das pioneiras no Brasil na prática de terceirização da colheita de silagem. Há poucos anos, esse tipo de serviço ainda era limitado em algumas regiões do Brasil, mas, nos últimos anos, o cenário mudou muito, as empresas de terceirização do Paraná estão prestando serviços em outras regiões, como também novas empresas têm surgido. Junto a isso, em 2017 foi criada a Associação Brasileira dos Prestadores de Serviços de Silagem (ABPSS).

A grande utilização da silagem de milho está relacionada com a sua produção de massa, fibra fisicamente efetiva para ruminação e, principalmente, com a alta energia oriunda do amido presente nos grãos. Para as vacas digerirem eficientemente esse amido, os grãos devem ser processados e quebrados em pequenas frações. E hoje vamos discutir um pouco da eficiência da prestação de serviços e das máquinas na fragmentação desses grãos.

Desta forma, o instrumento laboratorial de avaliação para determinar o processamento dos grãos é o KPS, uma ferramenta analítica que mede a proporção de amido que passa por meio de uma peneira de 4,75 mm em relação ao amido total da silagem. Essa peneira representa a fragmentação do grão em, aproximadamente, quatro partes. Assim é possível avaliar a extensão da fragmentação dos grãos.

Quando dados médios de KPS são analisados, as colheitas terceirizadas proporcionam melhor processamento médio de grãos em relação a colheitas próprias.

Por outro lado, também é possível obter silagem de qualidade com colheita própria e processamentos ruins com colheitas terceirizadas. Sendo assim, é importante ter cuidado na contratação desse tipo de serviço para que não ocorram frustrações nessa parceria.

Existem diferenças de qualidade de processamento de grãos entre os prestadores de serviços, e muitas vezes é possível observar que dentro de uma mesma empresa existe variação na qualidade do serviço. O sucesso na utilização das máquinas está vinculado também à qualificação e conscientização da mão de obra operacional, pois a regulagem e a manutenção desses equipamentos dependem do treinamento e do grau de comprometimento dos operadores.

De forma geral, a colheita própria é caracterizada pela utilização de máquinas menores, em sua grande maioria tratorizadas, diferente da terceirização, que, em sua grande maioria, utiliza máquinas automotrizes de grande porte e alta capacidade de colheita. As máquinas automotrizes possuem sistemas de processamento mecânico de grãos (conhecidos como “cracker”), além da capacidade de colher áreas maiores em menor tempo e com mais precisão do que as máquinas tratorizadas, que reduzem o tamanho de partículas para um melhor processamento dos grãos.

E aí vem outra pergunta: Máquinas automotrizes processam melhor o grão do que máquinas tratorizadas?

Atualmente existem vários tipos de máquinas, marcas, sistemas operacionais para colheita. Em média, as máquinas automotrizes processaram melhor o grão, porém, todas as marcas em boas condições de trabalho e regulagens podem alcançar bons resultados. Uma boa inspeção antes do início da colheita é fundamental para garantir que a ensiladeira esteja prontamente ajustada de acordo com as orientações específicas do fabricante.

Considerações

O processamento dos grãos da silagem é influenciado por diversos fatores. Hoje comentamos sobre o aspecto de terceirização da colheita.

Todas as marcas de máquinas são capazes de produzir ótimas silagens, desde que estejam bem reguladas e em boas condições de trabalho. Porém, em média, máquinas automotrizes têm maior capacidade de processamento de grãos em relação a máquinas tratorizadas sem sistema de processamento.

A escolha do prestador de serviços é de fundamental importância, como também o acompanhamento da colheita, momento que ainda é possível fazer ajustes no tamanho de partículas e processamento dos grãos.

Na próxima coluna serão discutidas quais são as formas para avaliar o processamento dos grãos no momento da colheita.

Maryon Strack Dalle Carbonare é zootecnista pela UEPG, pesquisadora na área de Forragicultura, doutoranda pela UFPR e proprietária da MS.DC Consultoria.

Foto: Reprodução.