há 3 horas
Heryvelton Martins

A campanha de fim de ano da Havaianas com a atriz Fernanda Torres virou alvo de críticas de políticos e influenciadores de direita, que passaram a acusar a marca de viés ideológico e a defender um boicote aos produtos. A polêmica começou devido a um trecho do vídeo no qual a atriz diz não querer que as pessoas comecem 2026 “com o pé direito”, expressão que parte do público interpretou como uma provocação política.
No filme de Ano Novo, Fernanda Torres inicia o texto afirmando: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito”. Em seguida, ela completa que deseja que as pessoas comecem o ano “com os dois pés” – na porta, na estrada, na jaca ou onde quiserem –, numa mensagem de ir “com tudo”, de corpo inteiro, sem menção explícita a partidos ou candidatos.
A criação usa o ditado popular “entrar com o pé direito” como jogo de palavras para sugerir movimento, atitude e disposição total, alinhado ao discurso publicitário de leveza e descontração da marca.
Políticos e militantes ligados ao bolsonarismo afirmam que a frase seria uma alusão à direita política, lida como recado para “não começar o ano com a direita”, especialmente em um contexto em que 2026 será ano de eleição presidencial. Nomes como Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira ironizaram o slogan nas redes e acusaram a Havaianas de “campanha política velada”, reforçando a leitura de que a marca teria se alinhado à esquerda.
Críticos também resgataram o histórico de posicionamentos públicos de Fernanda Torres e o fato de ela protagonizar o filme “Ainda Estou Aqui”, sobre a ditadura militar, para sustentar a narrativa de que a escolha da atriz reforça um suposto recorte ideológico na peça.
A partir do fim de semana, perfis de direita passaram a publicar vídeos jogando chinelos no lixo e sugerindo a substituição da Havaianas por marcas concorrentes, em uma campanha de boicote que rapidamente viralizou. Surgiram hashtags como solicitados de “Havaianas no lixo” e chamadas para que “conservadores” deixem de consumir produtos da empresa, transformando o comercial em mais um capítulo da onda de guerras culturais envolvendo marcas e publicidade no país.
Nos comentários das redes da Havaianas, multiplicaram-se mensagens de crítica e acusações de “chinelos de esquerda”, ao lado de manifestações de apoio que defendem a campanha como um jogo de palavras sem conotação partidária.