Uma pesquisa liderada por pesquisadores canadenses mostrou que pessoas com Covid-19 podem perder o olfato e o paladar por até cinco meses após a infecção. O trabalho será apresentado na 73ª Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, que será realizada virtualmente entre 17 e 22 de abril.
Segundo Johannes Frasnelli, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Quebec em Trois-Rivieres, as pesquisas anteriores haviam mostrado que a maioria das pessoas perde o olfato e o paladar nos estágios iniciais da doença. “Queríamos ir mais longe e ver por quanto tempo essa perda de olfato e paladar perdura e quão severa é em pessoas com a doença”, afirmou o cientista ao site EurekaAlert.
O estudo envolveu 813 profissionais de saúde com teste positivo para Sars-CoV-2. Cada participante preencheu um questionário online e realizou um teste caseiro para avaliar o paladar e o olfato cerca de cinco meses após o diagnóstico. Os voluntários classificaram seus sentidos em uma escala de zero a 10, onde zero significa nenhum sentido e 10 uma forte percepção.
Ao fim do experimento, um total de 580 pessoas declararam ter perdido o olfato durante a fase inicial da doença. Desse grupo, 297 participantes (51%) disseram não ter recuperado o olfato cinco meses depois, enquanto 134 pessoas (17%) tiveram perda persistente do olfato quando avaliadas com o teste caseiro. Em média, os voluntários classificaram seu olfato como sete em 10 após a doença. Antes dela, a percepção era de nove em 10 na escala proposta.
Com relação ao paladar, 527 participantes perderam o sentido durante o início da doença. Destes, 200 (38%) afirmaram não ter recuperado o paladar cinco meses após a Covid-19 e 73 indivíduos (9%) tiveram perda persistente quando avaliados com o teste caseiro. Os voluntários classificaram seu paladar no patamar oito após a doença. Antes, a percepção era de nove em 10.
“Nossos resultados mostram que os sentidos de olfato e/ou paladar prejudicados podem persistir em várias pessoas com Covid-19”, reforçou Johannes Frasnelli. “Isso enfatiza a importância de acompanhar os que foram infectados e a necessidade de pesquisas adicionais para descobrir a extensão dos problemas neurológicos associados ao coronavírus”. Os dados foram divulgados preliminarmente e passarão pela revisão da comunidade científica.