Domingo, 13 de Outubro de 2024

Ponto de Vista: Equilíbrio entre razão e emoção é essencial para criação de músicas que conectem com o público e não apenas viralizem, defende produtor Julio Salinas

2024-01-20 às 18:04
Foto: Divulgação

Em entrevista exclusiva ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (20), Julio Salinas, profissional que atua no ramo da música, deu dicas para aqueles que querem iniciar na área.

Profissional à frente da Seta Reta, Gestão da Carreira Musical, do selo e editora Seta Reta Music, e do estúdio 48k Produção musical, Salinas atuou como Roadie para inúmeras bandas do cenário independente paulistano, e foi aí que começou a exercer múltiplas funções dentro de alguns grupos, desde venda de shows, assessoria de imprensa até sentar e planejar ações, o que deu forma à sua função de Produtor Executivo e Produtor Artístico.

Salinas defende que a carreira musical precisa ser estruturada como qualquer outra e que é essencial pensar na música como um ‘negócio’, que promova retorno financeiro. “Primeira coisa que eu recomendo é não entrar na indústria da música romantizando o caminho. Acho que quando a gente começa na música com esse envolvimento emocional, essa paixão, quando vai trabalhar precisa acionar o lado da razão e traçar a estruturação do seu negócio musical, da carreira como negócio e não romantizar. Estabelecer uma meta, objetivos e se dirigir com consciência”, argumenta.

Para ele, o equilíbrio entre razão e emoção é muito importante “para que a gente não esqueça de fazer as músicas que realmente conectem com a maioria das pessoas e não seja só uma música com a intenção de bombar ou viralizar e que tenha um período de vida mais curto. As músicas que viralizam tem o momento de ‘boom’ e já passam”, diz, traçando um paralelo com a música ‘Evidências’, de Chitãozinho e Xororó, lançada em 1990 e que faz sucesso até os dias de hoje. “A gente precisa administrar essa obra sensível, valiosa, que conecta, com os negócios, e precisa das inteligências adminsitrativas, de marketing, anda de mãos dadas”, completa.

O produtor afirma que os artistas começam as carreiras com investimentos próprios, muitas vezes bancados pelos familiares, mas aí está a necessidade de estruturar e entender as fases do trabalho. “Quando o artista acha a sua linguagem e o seu nicho, começa a perceber que há uma validação no público, mesmo que pequena, que saia da sua bolha, aí continua trabalhando com essa inteligência administrativa e começa a se tornar sustentável”, diz.

“Mas de onde vem essa sustentabilidade? Eu coloco o show como uma das últimas etapas de rentabilização, porque para ganhar dinheiro com show é muito difícil e tem uma diferença que é fazer show e vender ingresso. No sertanejo em si, existe um investimento muito grande para colocar números exorbitantes no Youtube do artista, nas plataformas musicais, para encher os olhos, mas quando se olha a conversão de público que sai de casa pagando ingresso é quase nula. E aí vai tocar em feira, em show de prefeitura, que aí não depende de venda de ingresso. Isso faz parte do desenvolvimento da carreira, mas precisa ter essa consciência”, reflete.

Confira a entrevista completa: