há 4 horas
Edilson Kernicki

Com exclusividade ao Ponto de Vista deste sábado (25) e ao portal D'Ponta News, o deputado federal e secretário estadual de Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros (PP-PR), confirma que inexiste um consenso na sigla quanto ao apoio à candidatura do senador Sergio Moro (União-PR) ao Governo do Estado do Paraná em 2026. O Progressistas e o União Brasil formaram a Federação União Progressista Brasileira (UPB), aliança formalizada neste ano, que tornou-se a maior bancada parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília.
O tesoureiro-geral da Executiva Nacional do Progressistas para o quadriênio 2026-2030 acredita que Moro venha, de fato, a ser candidato ao Palácio Iguaçu. "É um senador no meio do mandato e não tem nada que o impeça de concorrer. Mas, talvez, não seja pelo União Brasil. Nossa Federação não tem disposição, o Progressistas não tem disposição de aprová-lo na convenção e ele já foi informado disso", confirma.
Conforme Barros, já tem pelo menos seis meses, desde que foi formalizada a Federação, que o assunto vem sendo amadurecido. "Ele tem procurado as lideranças do Progressistas, tem conversado, mas não tem convencido. Não se construiu um ambiente de apoio à candidatura do Sergio Moro ao Governo do Paraná. Ele insiste em buscar esse apoio. Estamos abertos ao diálogo, mas não tem sido produtivo", afirma.
"Diria que considero que ele é candidato ao Governo, mas não tenho certeza se será pela Federação [UPB]. No momento, não será pela Federação, mas vamos ver como evolui o processo", frisa. Barros opina que o ideal seria que Moro buscasse um partido que garantisse a ele a candidatura, enquanto o Progressistas seguiria seu próprio rumo.
Com bom desempenho em pesquisas eleitorais recentes, a ex-governadora Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros, pode ser a "carta na manga" do Progressistas para concorrer no ano que vem ao Governo do Estado. Além dela, o partido deseja manter a representatividade no Legislativo, com as candidaturas da deputada estadual Mabel Canto, de Ponta Grossa; do ex-prefeito Paulo MacDonald, de Foz do Iguaçu; o deputado estadual Márcio Pacheco, em Cascavel; o prefeito Silvio Barros, em Maringá; Maria Tereza, em Londrina e a 2ª secretária da ALEP, Maria Victoria, em Curitiba. "Temos que disputar eleição. Eleição só perde quem não disputa", salienta.
"Cida Borghetti fez um governo de nove meses, mas muito eficiente. Até hoje, campeã de convênios assinados. Em nove meses, assinou mais convênios com os municípios do que os oito anos de Beto Richa [de quem era vice] e do Ratinho. Um governo eficiente, em que ela fez um trabalho muito tranquilo, sem nenhuma contestação. É um nome que o Progressistas tem para oferecer numa disputa", enfatiza.
Outra possibilidade, segundo Barros, é o Progressistas apoiar o candidato indicado pelo atual governador, Ratinho Junior. Barros destacou a força das bancada do PP no Congresso, onde o Paraná tem cinco representantes - além dele próprio, os deputados federais Dilceu Sperafico, Tião Medeiros, Vermelho e Toninho Wandscheer. Pedro Lupion deve deixar o PP e migrar para o Republicanos. Na ALEP, são sete deputados estaduais: a 2ª secretária Maria Victoria, filha de Barros, e os deputados Cristina Silvestri; Mabel Canto; Marcio Pacheco; Matheus Vermelho; Paulo Gomes e Soldado Adriano José. E, ainda, a sigla tem 60 prefeitos no Paraná.
"Não sou eu quem vai decidir, é o partido quem vai decidir. Tem gente a favor de apoiar o candidato do Ratinho; tem gente a favor de lançar Rafael Greca; tem gente a favor de apoiar Moro, em outro partido. Esse é o quadro que temos no cenário estadual", diz. "Se o [presidente da ALEP] Alexandre Curi resolver ser candidato, tem simpatizantes, especialmente entre os deputados estaduais, à candidatura dele", antecipa Barros. Vale lembrar que a presidente da Executiva Estadual do PP é Maria Victoria, que faz parte da Mesa Diretora da ALEP, junto de Curi.
De acordo com Barros, o PP sonda a possibilidade de convidar Greca para o partido, caso Moro saia candidato. "Considero o cenário do Paraná ainda muito aberto, com muitas coisas a definir, até porque todos sabem da preferência do governador Ratinho Junior pelo Guto Silva como candidato, mas não vi ainda declarações nem do Greca nem do Alexandre Curi de que essa solução os atenderia", acrescenta.
Senado
Barros não confirma nem nega intenção de se candidatar ao Senado. Em 2026, cada estado elege duas cadeiras. O foco atual é que o Progressistas ocupe uma vaga nas candidaturas majoritárias - o que inclui o Senado, que, apesar de fazer parte do Poder Legislativo, elege os mais votados e não adota eleições proporcionais. Barros apresenta como opções Marcelo Belinati, Cida Borghetti, Maria Victoria e Rafael Greca, que pode vir a se filiar ao partido. "Temos nomes que podem se colocar à disposição, comporem uma chapa. Existe, ainda, Dilceu Sperafico e Tião Medeiros, que gostariam de sair como vice-governadores. Para tudo, tem candidato. Mas eu acho que esse não é o momento de marcar posição nenhuma, que não seja nossa candidatura ao Governo. Se você tem candidato ao Governo, pode compor outra posição; se não tem candidato ao Governo, não vai compor nada", avalia.
Deputados
Dos cerca de 130 candidatos a prefeito do PP em 2024, em torno de 60 foram eleitos e, por isso, Barros considera os demais, que fizeram boa campanha, nomes quase certos para concorrerem como deputados estaduais e federais em 2026. Somados a eles, os 52 vice-prefeitos e, ainda, toda a chapa que já concorreu para ALEP e Câmara. "Nossa chapa dá oportunidade para novas lideranças ocuparem seu espaço. É uma chapa que elege com pouco voto, justamente por esse grande trabalho feito de pré-campanha, na eleição municipal, para a eleição de deputados, que é nosso objetivo principal: ter a maior bancada. O Paraná tem a maior bancada de deputados federais [do Progressistas] do Brasil. Por isso, sou tesoureiro nacional do partido, reeleito por mais quatro anos. Temos muita força em Brasília e não vamos ser atropelados", reitera.
Lula e reeleição
Barros destacou os resultados da pesquisa Apex/Futura, divulgados nesta semana, que apontam uma reversão quanto às anteriores em relação à corrida presidencial 2026, em que Lula despontava na liderança em todos os cenários. Agora, ele aparece empatado com Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro (PL) e, até mesmo, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. Pela margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais e para menos, está tecnicamente empatado com os três, em 1º turno, em simulação de três cenários diferentes. No cenário que considera Michelle candidata, ela teria 31,5% das intenções de votos, contra 31,3% de Lula; contra Tarcísio (31,1%), Lula teria 34,9% e, contra Bolsonaro (37,9%), ficaria atrás, com 35,8%.
"Significa que [o efeito de] aquele episódio desastroso do Eduardo Bolsonaro, relativo ao 'tarifaço' e à questão da anistia, da blindagem, se dissipou. As pessoas voltam para o dia a dia e para a reprovação alta do governo. Aquele momento que a direita 'entregou' para o Lula a bandeira da soberania está se dissipando", analisa. Para Barros, é um indicativo muito importante, uma vez que altera o cenário que já antecipava a reeleição de Lula. "Até o considero franco favorito, com a máquina na mão. Mas ele vai disputar uma eleição com um candidato com baixa rejeição, em torno de 30%, e ele com 55%", avalia, ao se referir ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. No caso de não ser Tarcísio o candidato da oposição, ele aposta no governador Ratinho Junior (PSD); no governador mineiro, Romeu Zema (Novo) e, ainda, no governador goiano, Ronaldo Caiado (União).