No último sábado (02/12), a banda KISS, após 50 anos de estrada, realizou o seu último show no Madison Square Garden, em Nova York. O megaevento tomou conta da cidade com diversas ativações e ações de marketing que transformaram a cidade de Nova York, onde tudo começou, na capital do KISS.
Apesar de muitos duvidarem que seria, de fato, o fim da banda, a idade dos membros fundadores Gene Simmons e Paul Stanley evidenciava que a vida na estrada não era mais algo tão simples, tendo inclusive um dos shows recentes sido cancelado por conta da saúde do vocalista.
Inicialmente, muitos, inclusive eu, acreditavam que a banda provavelmente iria ser fragmentada, com novos artistas sendo chamados para usar as icônicas maquiagens e seguirem com o legado. Porém, o KISS sempre foi um grupo que buscou romper barreiras e inovar, e sua aposentadoria não foi diferente.
Para um Madison Square Garden lotado, após os últimos acordes de “Rock n Roll All Nite”, o KISS apresentou para o mundo a sua nova era. Avatares digitais gigantes tomaram o palco e apresentaram a passagem da banda para a imortalidade. Paul, Gene, Thommy e Eric deram adeus aos palcos e às apresentações, porém sua imagem permanecerá em apresentações completamente digitais, ao estilo do projeto de sucesso realizado pelo ABBA em 2022, o ABBA Voyage.
O uso da tecnologia para recriar artistas tem ganhado cada vez mais destaque no cenário do entretenimento, inclusive no Brasil, quando da discussão sobre a campanha da Volkswagen que recriou digitalmente a cantora Elis Regina. A polêmica sobre esses projetos costuma ser sobre a validade desse tipo de recriação. No caso da Elis, discutiu-se se a cantora concordaria com a recriação; já no caso do KISS, não há dúvida da concordância dos artistas com o projeto.
A polêmica gira, portanto, em torno da aceitação do público em ver um show de avatares digitais, os quais atualmente ainda são vistos com maus olhos, apesar do sucesso de turnês holográficas como as de Frank Zappa, Roy Orbison, Dio e o já mencionado ABBA, sendo que este tem feito um enorme sucesso, fazendo com que a apresentação de 1 ano fosse estendida para 5 anos.
A meu ver, o que muitos fãs deixam de fora na hora de criticar esse evento é que esses shows não estão presos às leis da física. Assim como o ABBA, acredito que o que o KISS, em conjunto com a gigante dos efeitos visuais ILM, planeja certamente será algo como nunca visto no sentido de imersão e entretenimento.
Se a nova era do KISS será um sucesso, só o tempo vai dizer; porém, é inquestionável que a banda encontrou uma solução para lidar com o envelhecimento de seus membros, ao mesmo tempo em que garantiu uma fonte de receita que pode garantir não só a velhice dos músicos como o sustento de seus herdeiros por muitos anos. Com isso, o KISS entendeu que a banda é maior que seus membros e que o show deve continuar, mesmo que virtualmente.