Estruturada na França do século 19 como uma metodologia de treinamento que buscava unir força e beleza, a Calistenia vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo. Essa atividade física pode ser caracterizada como um exercício funcional que utiliza apenas o peso do próprio corpo nos movimentos, e que tem como função desenvolver a força, equilíbrio, coordenação e flexibilidade do praticante.
Altamente democrática, a Calistenia pode ser praticada por qualquer pessoa, nas mais variadas idades e condições físicas. “Desde crianças até idosos podem se beneficiar da Calistenia, claro que sempre respeitando os limites de cada pessoa”, confirma o ponta-grossense Silvio Ferreira Neto (foto), professor e praticante da modalidade desde 2015.
Da internet para o mundo real
A exemplo do que ocorre com muitos outros praticantes, Neto teve o seu primeiro contato com a Calistenia por meio da internet. “Eu comecei a ver alguns vídeos sobre a prática e gostei. Então me informei mais sobre os treinamentos, como funcionava, e comecei a praticar em casa e nas praças”, recorda. O seu empenho com a nova modalidade logo contagiou os amigos e conhecidos que o viam treinando. “Os meus amigos gostaram e começaram a me acompanhar nos treinos”, comenta.
O interesse pela Calistenia foi tão grande que Neto que já se filiou à Federação Paranaense de Street Workout & Calistenia e se tornou organizador de vários eventos estaduais voltados à metodologia. Por ser o praticante mais antigo, a sua transição para professor da modalidade foi quase espontânea. “Comecei a ministrar treinos para os meus amigos, e depois para os amigos desses amigos que passavam pela praça onde treinávamos e se interessavam pela prática”, relata Neto, que também é acadêmico de Educação Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Atualmente, os praticantes formam um grupo, o Psychedelic Barz, que treina todos os finais de semana e participa de competições.
Todo lugar é lugar
Um dos principais benefícios da Calistenia, na visão de Neto, consiste no fato de poder ser praticada em qualquer lugar, já que não precisa de aparelhos. “Você pode fazer flexões no chão, agachamentos ou puxamentos usando barras”, exemplifica. Como a ferramenta principal é o próprio corpo, os exercícios podem ser praticados em casa, praças e até quartos de hotel.
Para o empresário e praticante Rafael Wagner, a liberdade de treinar quando e como quiser é uma grande vantagem. “Gosto da liberdade de fazer o treino da forma como eu quero, testando a diversidade de variedades e resultados, inclusive em horários e locais que às vezes não são ‘convencionais’”, aponta. Já na visão de outro praticante, Thiago Valentim, o melhor da Calistenia reside no dinamismo dos movimentos. “Gosto dos movimentos dinâmicos da Calistenia, pois são parecidos com os da ginástica olímpica, que se resume a giros, cambalhotas, etc”, descreve.
Benefícios
Muito mais do que um corpo “trincado”, a Calistenia pode proporcionar diversos outros benefícios aos praticantes. “A Calistenia produz aumento da massa muscular e da força física, melhora da resistência, mobilidade, coordenação motora, flexibilidade e equilíbrio corporal. Também diminui o percentual de gordura, aumenta o gasto calórico e apresenta uma melhora do sistema cardiorrespiratório”, enumera Neto.
Rafael comenta que, após iniciar os treinos, passou a sentir-se mais ágil, não só fisicamente, mas também mentalmente. “Antes eu sentia muito mais preguiça de fazer algumas coisas, ou começar alguma coisa, até novos projetos pessoais, e hoje eu tenho muito mais facilidade”, avalia. Para Thiago, a Calistenia também trouxe ganhos sociais. “Mudou muita coisa na minha vida. Mudou o meu corpo físico e mental, e também trouxe novas amizades, que a gente vai fazendo durante o tempo que pratica”, afirma.
Campeonatos
Mesmo com pouco tempo de treino, Neto conquistou o seu primeiro prêmio na Calistenia já em 2015. Naquele ano ele venceu o Campeonato Paranaense na categoria “intermediário”, em Pato Branco, na região sudoeste do estado. No ano seguinte, além de competir, ele levou mais 15 atletas para participar da competição. “Eu trouxe para Ponta Grossa o título de Bicampeão Paranaense de Street Workout & Calistenia, e um aluno meu ganhou o título de Campeão Paranaense no intermediário”, acrescenta.
Apesar de contar com competições, a Calistenia, segundo Neto, não é um esporte. “É uma metodologia de treinamento. Existem alguns esportes que a utilizam em seus treinamentos, como a Ginástica Olímpica e Artística, Street Workout, Parkour e até mesmo o Crossfit, mas a Calistenia, em si, não é um esporte”, conclui.
Conheça um pouco mais da metodologia neste vídeo do canal ‘umComo’:
Por Camila Delgado | Fotos: Arquivo pessoal