MORREU WOSGRAU E NASCEU UM PEDAÇO DA HISTÓRIA DE PG
Não só pelo fato de ter sido prefeito 3 mandatos também por ter sido um desbravador na construção civil, arrojado e destemido desde sempre.
O Pedro da Maria Izabel.
O Pedro que não queria perder tempo em “conversa mole”, mas que achava tempo pra assar uma costelinha de leitão, pra ir no Tozzetinho, pra ir comprar pão todos os dias.
Convivi muito com o Wosgrau, aprendi muitas coisas com ele. Certa feita, quando fui seu secretário de Governo, levei uma entidade social para uma reunião em seu gabinete e eles pediram algo que não poderíamos atender. O Pedro contornou a situação, disse o não e eles saíram contentes com a resposta. Então ele me chamou de volta no gabinete e disse: “João, nunca vá pra uma reunião sem saber do que se trata e como resolver, até mesmo se não tem solução, pois aí pode-se preparar outras alternativas, fomos pegos de surpresa e isso é ruim pois as pessoas buscam socorro em nós”.
Em outra ocasião, num domingo de manhã fomos a Curitiba pra sermos recebidos pelo então ministro do Planejamento Paulo Bernardo, que era responsável pelo projeto do Governo Federal ‘Minha Casa Minha Vida’. No caminho, como sempre ele dirigindo seu próprio carro, me disse: “Acho que vamos pedir umas 2.000 casas para PG!”. Achei bastante, pois era o início do projeto a nível nacional. Chegando lá, tomamos um café e fomos muito bem recebidos. Então o prefeito Wosgrau falou ao ministro: “Viemos aqui nesse domingo porque PG precisa, de começo, umas 12.000 casas do MCMV, mas se o senhor liberar 10.000 por enquanto tá bom…”. O ministro então liberou, na hora! No retorno da viagem eu pedi a ele: “Prefeito, de 2.000 que tínhamos combinado de pedir o senhor pediu 12.000 casas?” E ele me respondeu: “ O clima estava bom, João!”
A SENSIBILIDADE DO WOSGRAU NÃO PODIA SER MEDIDA PELA SUA OBJETIVIDADE MAS PELA SUA PERSPICÁCIA.
Outra coisa que me chamava atenção era seu dinamismo. Como prefeito, Pedro não gostava de ir a Brasília, por isso, em seu governo na época, assumi essa função. Mas tinha situações que precisava da sua presença lá e aí era impressionante: íamos de manhã pra voltar no mesmo dia à noite e, lá em Brasília, até 4º ou 5º andar, pra não perder tempo esperando elevador, ele ía pela escada pra ser mais rápido.
Pedro Wosgrau Filho, um homem diferente, um líder silencioso, de pouca conversa, um homem de família, um administrador visionário, um homem que testemunhava o valor da sua Izabel como chamava.
Nas épocas de férias, nossas famílias ficavam durante a semana na praia. Nos finais de semana eu pegava uma carona com o Wosgrau até Camboriú e ele seguia para sua família em Itapema. Tinha uma banca de estrada que o Pedro adorava parar pra tomar um suco de melancia. Numa dessas paradas ele falou que iria chegar na praia e fazer um camarão que a Isabel gostava, então falei a ele: Pedro como é bonito sua relação com a Dona Maria Izabel e ele me respondeu: “ A Izabel é muito boa e nós quase nunca brigamos porque eu sei que ela está sempre certa.”
Wosgrau, vai com Deus… e se tiver eleição no céu use aquela música: “Ilari… ilari… ilari… ê… é Wosgrau!”
João Barbiero