Diante da pandemia da Covid-19, muitos trabalhadores precisaram se reinventar para conseguirem o sustento do dia a dia e manterem as vendas dos produtos que comercializam no cotidiano. Agricultores e produtores rurais, que obtém a renda mensal através dos alimentos cultivados por eles mesmos, tiveram que se readequar no plantio e venda dos produtos. Os Microempresários (ME) e os Microempreendedores Individuais (MEI) também precisaram readaptar suas rotinas e, dentre dificuldades e acertos, estão buscando formas de se manterem firmes no sistema capitalista.
No caso dos agricultores, uma das novidades que apareceram durante este período de crise surgiu através da plataforma digital Feira Fácil, iniciativa apoiada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA). Através dela, os produtores podem comercializar as vendas digitalmente e os produtos são entregues nas casas dos próprios consumidores.
A produtora Izabel Fagundes Stroka, que trabalha há 10 anos na agricultura de hortifrutigranjeiros, percebeu uma queda de 50% nas vendas dos produtos cultivados com a chegada da pandemia. Casada, ela e o marido, que são totalmente dependente do plantio de frutas e verduras, tiveram que encontrar outra alternativa para manter a produção. “Eu e meu esposo estamos pegando encomenda dos clientes que a gente tem contato e entregando na casa deles. Mas, sempre tomando os devidos cuidados para proteger tanto a gente, quanto o cliente”, conta Izabel.
Izabel complementa que, por conta da pandemia, teve que dobrar a quantidade de horas de trabalho para não sair mais prejudicada, além de aumentar os cuidados e restrições no plantio e nas vendas dos hortifrutigranjeiros. Foi então que ela e o marido se inseriram no mundo digital e começaram a vender os produtos pelo Feira Fácil, uma das ações que foi importante para incrementar a renda da família.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Bruno Costa, afirma que cerca de 15 toneladas de alimentos já foram comercializados com o Feira Fácil digital desde que a plataforma foi inaugurada em março. O meio foi uma forma de apoiar os agricultores e de fomentar a economia da agricultura familiar.
“A comercialização via Feira Fácil dá a possibilidade de os produtores venderem os produtos totalmente pela internet sem contato físico. Essa era uma ideia que seria colocada em prática a partir do próximo ano, mas por conta da pandemia, foi preciso iniciá-la o mais rápido possível. Hoje, os produtores também podem vender os alimentos na feira tradicional, já que foram reabertas depois de ficarem quase três semanas suspensas. Os trabalhos tanto da secretaria quanto dos agricultores não pararam e a SMAPA está constantemente pensando em garantir formas de apoiá-los”, destaca Bruno.
Outro grupo de trabalhadores que também possui outra forma de sustento são os Microempresários (ME) e os Microempreendedores Individuais (MEI), através da Sala do Empreendedor da Prefeitura de Ponta Grossa. A microempresária, Rubiane Introvini Gueibel, trabalha no ramo de confecção há cinco anos e teve com a pandemia uma queda de mais de 70% nas vendas da loja. “Fui para a máquina de costura para fazer máscara infantil e adulta para vender e proteger nossos clientes. Com entrega gratuita nas casas, a venda de máscaras, também está ajudando a divulgar a loja”, comenta Rubiane.
Outras formas de manter o comércio ativo encontrados pela empresária, foi através de negociações com fornecedores, entregas delivery e, também, intensa divulgação nas redes sociais dos produtos confeccionados na loja.
A microempreendedora individual, Giseli Aparecida Guerra, que atua há oito anos com confecção de roupas e tem um ateliê de costura, encontrou uma oportunidade de empreendimento através da costura. “Decidi costurar por não encontrar roupas que me servissem, aí vi uma possibilidade de ter uma renda sem precisar sair de perto dos meus filhos e ainda fazer o que amo”, conta.
A empreendedora relata que enfrenta dificuldades nos negócios por não serem considerados uma necessidade de primeira linha. Com a pandemia, Giseli afirma que a situação piorou, durante o período que a loja permaneceu fechada, fazendo com que as vendas caíssem. “Mesmo antes do comércio ser fechado já estávamos há uma semana sem receber clientes na loja, pois as pessoas estavam em suas casas. Nossa produção, consequentemente, diminuiu devido a obrigatoriedade da quarentena”, explica.
Para Giseli, isso não foi motivo de parar a produção. A MEI substituiu as peças feitas sob medida no ateliê pela fabricação de máscaras, mantendo, assim, os negócios funcionando. A microempreendedora, planeja futuramente fazer as vendas do ateliê on-line e com entrega delivery.“É uma experiência muito diferente, estressante e não é muito fácil ter criatividade. Mas sabemos que não adianta ficar parado, é necessário aproveitar as oportunidades que, nesse momento, são as máscaras”, complementa a microempreendedora.
Informações/Foto: PMPG