há um dia
Amanda Martins
Depois de dois anos de intensos confrontos, Israel e Hamas assinaram um acordo de cessar-fogo que põe fim à guerra na Faixa de Gaza. O conflito, iniciado em 7 de outubro de 2023, deixou 67.211 mortos e cerca de 57 mil feridos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina.
De acordo informações do Portal Metrópoles, o balanço de vítimas está quase 5 mil crianças, cerca de 10 mil mulheres e mais de 20 mil homens. Além das mortes causadas por bombardeios e combates, o bloqueio à entrada de ajuda humanitária agravou a crise. O ministério palestino informou que 461 pessoas morreram por desnutrição, incluindo 188 crianças, e que 19% das crianças menores de cinco anos na Cidade de Gaza apresentam sinais de desnutrição.
O cessar-fogo foi mediado por Catar, Egito, Estados Unidos e Turquia e anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que confirmou o fim oficial da guerra. Milhares de palestinos começaram a retornar para Gaza na manhã da última sexta-feira (10), após o acordo entrar em vigor.
Apesar do anúncio, o ministério palestino registrou 17 mortes e 71 feridos entre quinta e sexta-feira, em novos ataques israelenses antes da consolidação do cessar-fogo.
Acordo e perspectivas
O pacto prevê três etapas principais: a suspensão imediata das hostilidades, a retirada gradual das Forças de Defesa de Israel (IDF) da Faixa de Gaza e o fim do bloqueio israelense à entrada de ajuda humanitária no território.
Especialistas apontam que, embora o clima seja de alívio, há cautela quanto à manutenção da trégua. O historiador João Miragaya, mestre pela Universidade de Tel-Aviv e assessor do Instituto Brasil-Israel, acredita que as chances de o conflito recomeçar são muito pequenas.
Segundo ele, três fatores sustentam essa avaliação: a decisão do Hamas de libertar todos os sequestrados vivos antes mesmo de receber garantias formais de retirada israelense; as confirmações de múltiplas fontes diplomáticas sobre o compromisso com a paz; e o posicionamento dos aliados do Oriente Médio, como Catar, Turquia e Egito, que pressionam para manter o cessar-fogo.
“Por mais que Donald Trump seja imprevisível, trair esses aliados e apoiar uma retomada da guerra é algo impensável neste momento”, afirmou Miragaya.
O acordo marca o fim de um dos períodos mais sangrentos da história recente do Oriente Médio, mas a crise humanitária em Gaza e a reconstrução do território permanecem como grandes desafios.