há 4 horas
Amanda Martins

Como garantir que mulheres empreendedoras ampliem seus negócios, pequenos agricultores adotem tecnologias menos poluentes e comunidades inteiras enfrentem os impactos do clima? Essas foram algumas das questões debatidas na COP30, em Belém, nos painéis que reuniram representantes do Sicredi nas áreas AgriZone, BlueZone e GreenZone. A instituição financeira cooperativa destacou, ao longo de toda a conferência, sua estratégia para descentralizar e democratizar o acesso ao crédito verde, sobretudo em municípios de baixo IDH.
O diretor-executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças, Alexandre Barbosa, apresentou o framework de finanças sustentáveis da instituição, que orienta investimentos em agricultura de baixo carbono, energia renovável, produção rural familiar e negócios liderados por mulheres. Com R$ 440 bilhões em ativos, R$ 270 bilhões em carteira de crédito e mais de 3 mil pontos de atendimento, o Sicredi busca ampliar o alcance do financiamento sustentável no país.
Barbosa destacou ainda o Programa Carbono Neutro, projeto-piloto com uma cooperativa em Minas Gerais que combina financiamento, assistência técnica e certificação independente. Em uma área de 215 hectares dedicada ao café, o programa reduziu 935 toneladas de CO₂ equivalente, por meio de práticas como controle biológico de pragas, uso de plantas de cobertura, preservação de mata nativa e energia solar. “Mostramos que é possível gerar renda e reduzir emissões ao mesmo tempo”, afirmou.
O superintendente de Relações Institucionais, Danilo Macedo, reforçou o avanço da instituição no apoio à transição energética, com mais de R$ 12 bilhões financiados para projetos de geração distribuída de energia solar. Ele também destacou o protagonismo feminino no agronegócio: só na última safra, foram mais de R$ 8 bilhões liberados a produtoras rurais. Além do crédito, o Sicredi oferece capacitações, networking e captações ESG voltadas a negócios liderados por mulheres.
A instituição também apresentou na COP30 suas soluções tecnológicas para quantificação de riscos climáticos, que utilizam inteligência de dados para criar scores de risco e monitorar mais de 16 milhões de ativos físicos. A metodologia permite antecipar ameaças climáticas, orientar o manejo agrícola e oferecer soluções mais adequadas, desde seguros até transições de cultura.
Durante o evento, o Sicredi foi reconhecido pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, com a inclusão do case “Produção Sustentável do Cacau” no Guia de Agricultura Regenerativa. Desde 2019, cooperativas do Sicredi na Amazônia paraense já concederam R$ 25 milhões em crédito para modelos produtivos de baixo impacto ambiental, beneficiando mais de 3.500 pessoas. No total, 1.453 hectares foram financiados, impulsionando a produção anual de 1.450 toneladas de cacau e movimentando mais de R$ 36 milhões por ano na economia local.
“Esse reconhecimento, ainda mais durante uma COP realizada no Brasil, comprova que o crédito cooperativo é uma importante ferramenta de transformação socioambiental na Amazônia”, celebrou Barbosa.