A Prefeitura de Ponta Grossa prepara a realização da Marcha para Jesus no dia 1º de novembro, intensificando a discussão sobre a contratação de artistas gospel sem licitação diretamente para eventos religiosos promovidos pelo poder público local. A prática repete o que ocorreu recentemente em outro grande evento do segmento, o festival Fé Ponta Grossa, também viabilizado por meio de parcerias públicas.​​

Contratação sem licitação para Marcha para Jesus

A principal atração da Marcha para Jesus será o cantor gospel Marcus Salles, contratado por meio de inexigibilidade de licitação pelo valor de R$ 80 mil. A modalidade usada é amparada pela Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), que permite a contratação direta de artistas considerados consagrados pela opinião pública, desde que devidamente justificada no processo administrativo. Apesar dessa previsão legal, a decisão reacendeu debates sobre critérios de seleção, transparência na destinação de recursos públicos e respeito à laicidade do Estado, visto que os eventos têm caráter religioso e privilegiam segmentos específicos das igrejas cristãs, principalmente evangélicas.​

Contexto local e reações

Nas últimas semanas, Ponta Grossa foi palco do festival Fé Ponta Grossa — outro evento religioso que recebeu apoio da Prefeitura, com shows gratuitos para a população em comemoração ao aniversário da cidade. Agora, o investimento em atrações para a Marcha para Jesus, realizado sem licitação, amplia a repercussão pública do tema.

Não há, até o momento, registro de participação de artistas de outras tradições religiosas, como católicos, nas edições anteriores ou nesta da Marcha para Jesus. O evento se autodeclara “ecumênico”, porém é notadamente voltado às igrejas evangélicas da cidade.​​ A Marcha para Jesus é um evento nacional com edições em várias cidades do Brasil. Em Ponta Grossa, está marcada para iniciar na Praça Barão de Guaraúna, percorrendo as principais ruas do centro.