Em bate-papo exclusivo ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (30), o palestrante Luciano Salamacha comenta que, ao buscar por perspectivas para 2024, é preciso analisar onde se pretende chegar: “Se uma pessoa quer ficar triste e depressiva, vou dar a ela um conjunto de estatísticas para ela ter razão. Se ela quer ficar feliz, também”. “O primeiro ponto importante não é o ambiente onde estamos, mas como estamos naquele ambiente. Num exemplo simples: às vezes, a pessoa chega numa roda de amigos e, de repente, algumas pessoas começam a falar mal de alguém e todo mundo se embala e passa a falar mal daquela pessoa que não está presente. Outras vezes, somos mais fortes e afirmamos que não viemos ali para falar mal dessa pessoa e, realmente, aí ninguém fala”, cita.
Para sua própria perspectiva em relação a 2024, Salamacha frisa que, independente de como tem sido o cenário brasileiro nos últimos anos, não se pode deslocá-lo de um contexto mundial, com guerras e problemas estruturais. “Vivemos num país que tem metade da população da América Latina e metade do PIB da América Latina e, às vezes, as pessoas gostam de falar mal do país e do Estado. Dei uma palestra numa multinacional em São Paulo e, quando terminou um evento, chegou um empresário e falou que achava que o país estava se encaminhando para uma situação ruim e que pretendia se mudar para os Estados Unidos e perguntou o que eu achava. Respondi: ‘Você está certo. É uma pessoa a menos para competir aqui, porque o lugar que vai crescer é aqui. Você vai sair daqui e vai sobrar mais para mim'”, conta.
“Independente de qualquer questão política”, ele avalia que no cenário macroeconômico, o Brasil observa queda de inflação, queda de taxa de juros, queda de desemprego e, automaticamente, os problemas começam a mudar de lugar. Se antes tínhamos 12,5% de taxa de desemprego no Brasil e hoje estamos abaixo de 8% – e vamos chegar muito próximo do índice do Paraná, que está em 5% – significa que estamos perto do pleno emprego; vamos ter gente que não vai ter problema para conseguir emprego, as empresas vão ter problema para encontrar gente qualificada. Essas pessoas, assim como vivemos anos atrás, vão poder escolher onde querem trabalhar, quem trata elas melhor. Estou muito animado quanto a 2024″, diz.
Salamacha acredita que a polarização política é uma questão ainda a ser superada, mas que seu “pico” já passou, uma vez que as eleições, inevitavelmente, dividem o país em dois lados. “Essa polarização provocou comportamentos inconscientes e irracionais muito perigosos, com gente perdendo amigos de uma vida por conta de política. Política é uma coisa que incide em nossa vida, mas que não pode determinar o que nós somos. Do ponto de vista social, se confundiu admiração com idolatria”, analisa.
Na visão do palestrante, quando há uma crise, as pessoas se unem para buscar culpados e, quando as coisas estão bem, falta tempo para as pessoas “caçarem culpados” enquanto estão ocupadas com seus respectivos trabalhos. “Há um fenômeno interessante que, quando um país está em crise, aumentam as ações trabalhistas e diminui o número de divórcios, porque o casal não se separa, está unido na desgraça. Quando não tem crise, aumenta o número de divórcios”, diz. Segundo ele, essa queda em divórcios nos momentos de crise ainda é reflexo da insegurança econômica que afeta muitas mulheres, diante da falta de equiparação salarial e de outros aspectos. Salamacha opina que, aos poucos, a polarização vai ceder espaço à retomada do diálogo.
O palestrante analisa que o pontapé para construir um 2024 melhor é parar de hiperdimensionar os problemas – ou, de modo mais simples, “deixar de fazer tempestade num copo d’água”. Segundo ele, é importante ter capacidade de refletir e se projetar em problemas maiores, desenvolver empatia e compreender que nem sempre nossos problemas são os mais graves e que, por isso, deveríamos parar de reclamar tanto. “A grande dica é tentar evitar aprender pela dor e aprender com a dor e os erros dos outros para não repeti-los“, diz. O final de ano, para ele, é o momento ideal para que as pessoas busquem vivenciar o amor e a gratidão, em casa, entre os familiares e entre amigos. Por outro lado, quem leva a discórdia para essas reuniões familiares das festividades de fim de ano não apenas está de mal consigo mesmo como acaba contaminando todos ao redor, opina.
“Para estarmos com a mente boa para o ano que vem, devemos olhar para o espelho e enxergar o que somos capazes de fazer e o que temos e não usamos, em vez de ficar reclamando que estou no país errado ou que o que o outro tem eu não tenho, que o que o outro faz eu não faço”, diz. Salamacha diz que essa mentalidade pode ser buscada tanto através da religião e da espiritualidade, quanto no relacionamento com amigos e pela leitura.
Luciano Salamacha é palestrante, empreendedor, investidor e diretor presidente do Instituto Salamacha. Reconhecido como o estrategista mais premiado do Brasil por uma década, o professor é autor de vários livros e sua experiência abrange uma rica trajetória na área de estratégia, proporcionando insights valiosos para empreendedores e investidores.
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Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.
A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz; T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa 99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.
